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Mitologia em Português

25 de Março, 2019

Mitos gregos para crianças e adolescentes

No contexto dos mitos gregos para crianças (e adolescentes), originalmente clicando na imagem abaixo os leitores podiam aceder a alguns exemplos de trabalhos que foram feitos por alunos do Colégio Santa Doroteia de Porto Alegre, no Brasil. Era uma ideia interessante, que certamente fomentava o gosto pela Mitologia nos mais novos, mas em inícios de 2021 a página deixou de estar disponível no respectivo site. E então, fomos levados a uma questão muito comum nos dias de hoje - afinal, que bons recursos existem hoje em dia, quando se trata de apresentar os Mitos Gregos e Romanos às crianças?

Mitos gregos para crianças

Primeiro, devemos dizer que quando este mesmo site foi criado (sim, este em que estão neste preciso momento!), há mais de 15 anos, foi-o com uma intenção de apresentar essas histórias numa forma bastante simples, indicada para todos os públicos, incluindo crianças. Salvo raras excepções, em mitos que pela sua própria natureza têm algo mais chocante - veja-se os exemplos dos mitos de Príapo ou de Cronos - tentamos sempre que eles sejam apresentados de uma forma simples, que até possa ser lida ou adaptada para as crianças. Por isso, se quiserem ler esses mitos, de uma forma completamente gratuita, basta irem à nossa secção de Mitos Gregos e Latinos.

 

Em segundo lugar, se vamos recomendar obras literárias sobre mitos gregos para crianças e adolescentes, achámos que devíamos separar essas recomendações em dois momentos, um primeiro para crianças - diga-se, até aos 13-14 anos - e outro para adolescentes, que aqui consideramos como aqueles que têm mais de 14 anos. Isto não quererá dizer que não haja excepções - até pode haver, por exemplo, alguma criança muito incomum que desde tenra idade queira ler a Summa Theologica... - mas, de um modo geral, uma obra como a das Odes de Píndaro dificilmente dará prazer de leitura aos mais novos.

 

Sobre obras da Antiguidade e de Mitos Gregos para crianças, a mais basilar são as Fábulas de Esopo, que são apropriadas para todas as idades, mas que aos mais novos até dão um conjunto intemporal de lições de vida que é muito desejável que aprendem desde cedo. Se a maior parte destas fábulas se referem a animais e objectos inanimados (e.g. é daqui que vem a famosa fábula da "Lebre e da Tartaruga"), algumas até referem mitos da Antiguidade, mas não aparecem em todas as colecções existentes...

Depois, o jornal Correio da Manhã tem lançado em Portugal uma colecção de nome "Mitologia para Crianças". A colecção completa tem 45 volumes, que abordam os principais mitos da Grécia Antiga e de Roma - "Teseu e o Minotauro", "O Cavalo de Tróia", "Os Trabalhos de Hércules", "O Herói Aquiles", "O Voo de Ícaro", e daí por diante. Não conhecemos estas obras em primeira mão, pelo que o podemos recomendar é que potenciais interessados adquiram um dos volumes (eles parecem custar entre 1€ e 7€, mais portes de envio) e vejam em que medida se adapta ao que pretendem. E, já agora, deixem-nos também um comentário, para nos dizerem se a colecção vale a pena ou não*...

As histórias da Guerra de Tróia também existem em banda desenhada da Marvel, em dois momentos, que poderão agradar a quem procura uma introdução mais básica a esses eventos mitológicos da Grécia Antiga.

 

Agora, em relação a obras da Antiguidade e de Mitos Gregos para adolescentes, recomendamos de forma veemente A Mitologia, de Edith Hamilton. Um dos nossos colegas leu-o aos 13 anos de idade, e o que este texto tem de muito interessante é que conta os principais mitos da Antiguidade de uma forma bastante simples, fornecendo um pano de fundo inicial que, depois, os leitores podem explorar melhor por si mesmos. Outra obra semelhante, de valor introdutório, mas que ordena os seus temas pelas principais figuras divinas e humanas, contando os seus principais mitos, é The Myths of Greece & Rome: Their Stories, Signification and Origin, de H. A. Guerber.

Para estes leitores, podemos também recomendar a Ilíada e a Odisseia de Homero, por serem aqueles dois grandes poemas épicos sobre os quais toda a literatura da Antiguidade foi erigida, juntamente com a Eneida, de Virgílio, e a Biblioteca atribuída a Apolodoro. Estas são as principais obras que nos falam dos mitos gregos e latinos tal como eles eram conhecidos na Antiguidade, pelo que qualquer exploração de obras posteriores - como a bela, mas muito longa, Dionisíaca de Nono - deverá partir delas.

 

Se além destes existem muitos outros livros sobre a Mitologia Grega que dizem ter por público-alvo as crianças e os adolescentes, há que frisar que a maior parte deles não é assim tão bom como poderá parecer, até porque falsificam recorrentemente o conteúdo das histórias originais, iludindo os leitores, que até podem ficar a pensar que, por exemplo, no mito de Orfeu e Eurídice a amada voltou à vida e viveu feliz para sempre com o seu grande herói (e sim, isto acontece mesmo numa das obras que nos chegou às mãos).

 

Finalmente, há algum tempo atrás foi-nos enviado um pequeno poster ilustrando os Mitos Gregos para crianças. Quem o enviou para nós não sabia a sua origem, mas conforme nos foi informado por uma leitora, ele é da colecção do CM mencionada acima, e certamente que fica bem no quarto de qualquer criança ou jovem que tenha interesse nestes temas - aproveitem!

 

 

*- Segundo uma leitora, e em relação a esta colecção, "Comprei o [volume] de Teseu e achei bem para crianças (as ilustrações e a linguagem podiam ser melhores, mas em relação à forma de contar a história, achei adequado para crianças). Gostei."

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22 de Março, 2019

"O Lamento de Édipo"

Sobre o Lamento de Édipo

O Lamento de Édipo é um pequeno poema medieval, de cerca de 84 versos, que recorda os principais eventos da vida do herói numa primeira pessoa, e numa altura em que essa figura já se encontrava naquilo que o poema identifica directamente como "o Inferno [cristão]". Como é comum em outros lamentos, Édipo chora tudo aquilo por que passou; são breves as suas linhas, mas repletas de significado, e um perfeito exemplo de como alguns autores da Idade Média, muitas vezes anónimos, recordaram os mitos dos tempos da Antiguidade.

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15 de Março, 2019

O mito de Areito

Imagem de alguém que claramente não era Areito

O mito de Areito é daqueles aos quais apenas temos uma brevíssima alusão na Ilíada, mas que também não nos chegaram em qualquer outra fonte.

É-nos então relatado que ele usava uma clava de ferro para derrotar os seus opositores; o que um tal Licurgo da Arcádia fez para o derrotar foi pura e simplesmente conduzi-lo a um defiladeiro apertado, onde este não podia usar a clava em seu favor, e depois facilmente o derrotou.

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11 de Março, 2019

A "Crónica do Imperador Clarimundo" (de João de Barros) e a "Jerusalém Libertada" (de Torquato Tasso)

Cavaleiros e dama

Hoje, trazemos cá dois livros que, nos nossos dias, são muito pouco lidos, apesar de estarem disponíveis online gratuitamente.

 

A Crónica do Imperador Clarimundo, de João de Barros, é, como vários livros já cá discutidos anteriormente, um romance de cavalaria. E, nesse contexto, é uma produção pouco digna de nota neste espaço, não fosse o facto do titular Clarimundo ser apresentado como um ascendente, quase certamente ficcional, do Conde Dom Henrique, pai do nosso primeiro rei, Afonso Henriques. Continua, por isso, uma tradição que já vem dos tempos de Virgílio e que fazia descender de figuras ficcionais notáveis algumas personagens famosas da história europeia.

 

Quanto a Jerusalém Libertada, de Torquato Tasso, já foi considerada um dos quatro grandes poemas épicos europeus, como ainda hoje atesta a "Cascata dos Poetas" em Oeiras. Aí, podem ser vistos Homero, Virgílio, Camões e Tasso.

Cascata dos Poetas, em Oeiras

É um épico de finais do século XVI, baseado na história da conquista de Jerusalém durante a Primeira Cruzada. Claro que nos apresenta mais ficção do que realidade, mas muitas das suas sequências não podem deixar de nos relembrar eventos como os dos poemas de Homero e de Virgílio. Além disso, em alguns momentos funde Cristianismo e Paganismo (aqui, quase sempre sob a forma da religião de Maomé), "bom" e "mau", aquela eterna ideia de "nós vs eles", de um modo inesperadamente belo. Fica, por isso, um convite particularmente especial à sua leitura.

 

Sucintamente, ambas estas obras nos apresentam um momento muito particular da reutilização da tradição clássica no século XVI europeu. A forma como o fazem é muito distinta, mas nem por isso menos digna de nota.

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08 de Março, 2019

"Aradia, or the Gospel of the Witches", de Charles Godfrey Leland

Este é um livro definitivamente intrigante. É-nos contado que ao seu autor foi entregue uma espécie de manuscrito em que estavam contidos alguns dos rituais de uma seita italiana de bruxas; ele traduziu-o e depois publicou-o sob a forma de livro. Não sabemos até que ponto essa suposta história será verdade, havendo quem acredite que sim, mas também quem o negue. De qualquer forma, a resposta é, como quase sempre nestas coisas, uma questão de fé; por isso, devemos é passar ao conteúdo da obra, que pode, essencialmente, ser dividida em duas partes.

 

Na primeira delas, surgem diversos mitos e rituais associados a Aradia (provavelmente uma forma corrompida, ou adaptada, do nome Herodias), que parecem ter tido alguma influência em religiões modernas como a Wicca, e que o autor supostamente retirou do manuscrito a que teve acesso. Na segunda, aparecem depois alguns mitos mais directamente associados à Lua, ou a Diana, em que essas figuras têm um papel preponderante; entre eles encontra-se, por exemplo, um mito de Laverna que até (ainda) poderá ter alguma influência da Antiguidade.

 

De um modo geral, ambas as sequências da obra são igualmente interessantes, já que nos permitem aceder a um conjunto de crenças mágicas e mitológicas pouco conhecidas. Mesmo que, em pior dos casos, até tenham sido inventadas por Charles Leland, fazem sentido e são consistentes com o que se esperaria encontrar em mitos de origem e em rituais mágicos. Por isso, este é um livro muito interessante para quem tiver interesse nos temas em questão; pode ser encontrado gratuitamente online, mas desconhecemos se existe traduzido para Português.

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04 de Março, 2019

Porque é que os vampiros não gostam de alho?

Será que nunca pensaram porque é que os vampiros não gostam de alho? Nesse mesmo seguimento, muitas são as características associadas aos vampiros nos nossos dias, mas uma das mais invulgares é certamente o facto de eles temerem o alho. Porquê alhos, e não cebolas, ou pepinos, ou até laranjas? Curiosos?

O vampiro e o alho

Para quem tiver essa curiosidade, a ideia provém de uma crença relativas às propriedades do alho, que desde há muitos séculos é visto como uma protecção contra elementos maléficos; diz a sabedoria popular que o alho, se colocado ao ar livre, absorve as impurezas que se encontram em seu redor e torna-se negro. Por isso, presumindo que os vampiros estão ao corrente da (suposta) protecção concedida por este bolbo, faz todo o sentido que o temam e que este os afaste, apesar de não os magoar de alguma forma mais directa; são uma espécie de talismã protector, não uma arma, como pode ser visto em filmes como Drácula: Morto Mas Contente!

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01 de Março, 2019

Uma breve descrição do mito de Admeto e Alceste

Este mito de Admeto e Alceste é-nos famoso de uma tragédia de Eurípides. Porém, foi assim relembrado, nas suas linhas gerais, por Musónio Rufo, já no primeiro século da nossa era:

 

Admeto recebeu como presente dos deuses que vivesse o dobro do tempo que lhe foi dado se alguém consentisse morrer em seu lugar. Descobriu que os seus próprios pais não estavam dispostos a tal, apesar de serem idosos. Mas a sua esposa, apesar de bastante jovem, aceitou prontamente a morte em lugar do seu marido.

 

E este o cerne da história; o resto pode ser visto na respectiva tragédia.

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