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Mitologia em Português

12 de Agosto, 2019

A lenda da Estátua do Duque de Coimbra

Encontrar uma possível lenda associada a uma Estátua do Duque de Coimbra não foi tarefa fácil. Isto porque se existem, hoje, várias estátuas de Dom Pedro, i.e. o primeiro duque da cidade e conhecido pelas suas sete partidas, nenhuma parecia ser suficientemente antiga para poder ter inspirado alguma espécie de lenda. Curiosamente, essa ausência de um memorial físico antigo acabou por provar-se a chave para todo o mistério!

 

Segundo a breve lenda, diz-se então que numa dada altura o povo quis erigir uma estátua ao Infante Dom Pedro (alegadamente no Palácio dos Estaus, em Lisboa), em virtude de ele ser muito popular e bem amado na sua época. Contudo, ele rejeitou essa estátua, pela modéstia que lhe foi inspirada pelos modelos da Antiguidade, e porque sentiu que essa homenagem não lhe deveria ser feita em vida. Assim, a Estátua do Duque de Coimbra, a que se refere esta espécie de lenda, é notável pela sua não-existência e pelos eventos que levaram a tal, mais do que por uma potencial homenagem que lhe tenha sido feita...

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12 de Agosto, 2019

"As Viagens de Gulliver" e os começos da literatura de viagem

Gulliver preso pelos Liliputianos

As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, é um daqueles livros que todos parecem conhecer - de filmes, de menções em outras obras, de sátiras na cultura popular, etc. - mas que poucos ainda parecem ler. É, essencialmente, um exemplo satírico daquilo que se costuma chamar "literatura de viagem", e que pode ser definida, de forma muito sucinta, como aquela em que alguém vai viajar e, posteriormente, conta aos seus leitores as coisas - muitas delas completamente estranhas - que foi vendo. Esse elemento é aqui levado ao extremo, com a personagem titular a passar por desventuras completamente inacreditáveis (mas com elementos moralizadores), que ele afirma, jocosamente, que foram completamente reais.

 

Mas, se até existem algumas referências a figuras e eventos da Antiguidade neste livro, em particular no momento em que Gulliver fala com alguns falecidos de esses tempos antigos, devemos é relembrar que este é talvez o mais famoso exemplo de uma tendência que começou nos primeiros séculos da nossa era, com uma obra chamada As Coisas Incríveis Além de Tule (de António Diogenes), sendo que "Tule" era uma ilha que pensava existir-se no ponto mais a norte da Europa (seria a Islândia? Não temos a certeza). Já não nos chegou de forma completa, mas foi um dos livros lidos por Fócio de Constantinopla, que ainda o resumiu na sequência 166 da sua Biblioteca.

Alguns anos mais tarde, outro exemplo particularmente famoso da literatura de viagem é a História Verdadeira, de Luciano, que já continha episódios naturalmente jocosos, e que até poderá ter vindo a inspirar a obra de Jonathan Swift. E, depois, seguiram-se muitas outras ao longo dos séculos...

 

(Se até se poderia levantar uma ressalva de que a Odisseia também é uma obra que contém viagens, há que deixar presente que esses momentos são acessórios face às aventuras de Ulisses, nunca se pretendendo documentar directamente os locais pelos quais o herói foi passando.)

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