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Mitologia em Português

31 de Outubro, 2019

A estranha história de Henriqueta Emília da Conceição e Sousa

Henriqueta Emília da Conceição e Sousa, nascida na cidade do Porto no ano de 1840, é uma figura complexa, na medida que as circunstâncias da sua vida estão hoje muito envoltas num misto de realidade e mito. Isto é particularmente visível em obras ficcionais, escritas alguns anos após a sua morte, de que a mais famosa é provavelmente Henriqueta ou uma heroína do século XIX, da autoria de A. J. Duarte Junior, publicada em 1877.

 

Então, o que sabemos sobre ela? Supostamente foi órfã, violada quando ainda era criança, e posteriormente dedicou-se aos roubos, à prostituição, e a outros ilegalidades, dando origem a um conjunto de circunstâncias a que os romances da época muito vieram a adicionar. Quando ainda não tinha sequer 30 anos, apaixonou-se por uma mulher de nome Teresa Maria de Jesus, que viria a falecer em 1868. E aqui começa o cerne da história de hoje.

 

Com o falecimento de Teresa, Henriqueta viu-se envolta no maior sofrimento. Não sabia como viver sem a "amiga". Chorava, lamentava-se, sentia-se incapaz de continuar a viver. Então, decidiu mandar construir-lhe um túmulo digno, ainda hoje adornado com uma belíssima estátua de São Francisco.

(C) Nils Pickert 2016

Restava a transladação do corpo. Henriqueta seguiu todos os trâmites legais, até ao dia da deposição da falecida na nova campa. Porém, quando foi altura do novo enterro, pediu para ficar alguns momentos a sós com a amiga, de forma a se poder despedir com maior emoção. Depois, só e face ao cadáver, arrancou-lhe a cabeça e levou-a. E, durante algum tempo, viveu com a cabeça da sua amada na sala de sua casa, colocando-a à mesa, beijando-a, falando até com ela, como se de uma pessoa viva ainda se tratasse.

 

Mais tarde foi apanhada neste seu crime, mas não sofreu qualquer pena de maior - tratava-se, segundo o juíz, de um crime de amor, da simples loucura e desespero de uma mulher muito apaixonada. Diz-se que a cabeça do cadáver foi posteriormente devolvida à sua proveniência, mas contrariamente aos desejos de Henriqueta não vieram a partilhar um mesmo túmulo na eternidade. E, por isso, duas noites por ano é ainda possível ouvir nesse cemitério o triste lamento de Henriqueta por Teresa, num assombramento que, apesar de já muito esquecido, pouco fica a dever aos mais famosos do nosso país...

 

 

P.S.- Para um caso semelhante a este, mas relativamente mais recente, procure-se a história de Carl Tanzler, que continuou a amar uma mulher mesmo depois de morta, chegando ao ponto de desenterrar o seu cadáver, o levar para sua casa, o reconstruir, e viver com ela quase como marido e mulher.

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30 de Outubro, 2019

A triste história de Okiku

O tema de hoje vem do Japão e tem diversas versões, pelo que contamos aqui apenas o essencial desta triste história de Okiku, também conhecida como Sara-kazoe, i.e. "a contadora de pratos", em virtude da principal acção que lhe trouxe a sua fama.

Okiku e o poço

Okiku era uma criada virgem de um senhor muito importante. Este, movido pela luxúria, pedia-lhe repetidamente que cedesse aos seus desejos e aceitasse ter sexo com ele. Mas, uma e outra vez, ela rejeitou aceder ao que lhe era pedido.

Um dia, sempre comandado pelo seu desejo sexual, o senhor decidiu pôr em prática um plano, que passou por esconder um valioso prato de um conjunto de 10. Depois, esperou. Quando Okiku notou o desaparecimento, lembrou-se que a sentença dada por um tal roubo seria a da sua morte. Chorou. Num enorme desespero, esperando que talvez estivesse a ver mal, contou os pratos - 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8... 9! Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito... nove! 一, 二, 三, 四, 五, 六, 七, 八 ... 九! Mas, por muitas vezes que os contasse, a conclusão era sempre a mesma - faltava um prato!

Cada vez mais desesperada, sem saber o que fazer da sua vida, Okiku foi falar com o seu senhor e pediu-lhe a maior clemência. Mas este, prosseguindo com o seu plano e novamente movido pela sua intenção sexual, fez-lhe uma proposta simples - o desaparecimento seria esquecido somente se ela aceitasse fazer amor com ele.

Mas... ela rejeitou. Talvez o tivesse feito mil outras vezes, se o seu senhor lhe pedisse outras mil. Mas, desta vez, enraivecido como nunca, este bateu-lhe, matou-a, e atirou o seu corpo para o fundo de um poço.

 

Conta-nos a mesma história que o espírito de Okiku ainda habita esse local, localizado nas redondezas do Castelo de Himeji, e durante as noites ainda pode ser ouvido a gemer a sua infinita melodia - "1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8... 9!" - antes de soltar um horrendo grito!

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29 de Outubro, 2019

Duas histórias assustadoras, e um pequeno evento

Para celebrar a vinda do Halloween (ou a véspera do Pão por Deus, se preferirem tradições portuguesas), as próximas três noites serão ocupadas por três histórias assustadoras, com a noite seguinte - de 31 de Outubro para 1 de Novembro - a ser ocupada por uma experiência, o primeiro encontro físico deste espaço, onde se procurarão contar - e escutar - outras histórias da mesma natureza.

Uma porta de madeira, só isso

Para esta primeira noite iremos a uma história supostamente real, que nos foi contada durante a nossa busca por relatos orais em território português. Provém de um casal que vive numa pequena aldeia no distrito de Bragança, que nos permitiu partilhá-la de forma anónima.

 

Segundo o patriarca do casal, em casa de alguns amigos, hoje já falecidos, durante as noites de lua cheia costumava-se ouvir alguém a bater à porta. Mas, por muitas vezes que se inquirisse sobre a identidade do visitante, nunca era obtida qualquer resposta. Então, uma dada noite, aquele que se viria a tornar o relator da história decidiu tentar algo de diferente, perguntando simplesmente "Ao que vem? O que deseja?", levando à resposta de uma voz masculina misteriosa - "Quero um alqueire de trigo." Esse desejo foi cumprido, sendo colocado no local antes da noite seguinte, e... tanto o trigo desapareceu, como a presença do "visitante" nunca mais foi sentida.

 

A esta história, a esposa do relator acrescentou que também ela já tinha passado por algo semelhante. Há mais de 70 anos, quando ainda vivia com os pais, durante a noite por vezes eram ouvidos barulhos de uma máquina de costura no piso superior da casa - o que nada teria de errado, não fosse o facto de esta apenas ter um piso térreo. Em busca do que se poderia andar a passar, os habitantes da casa falaram com uma vizinha mais idosa, que lhes disse que naquela casa tinha vivido uma menina que tinha prometido a Nossa Senhora um novo véu, mas que ela tinha falecido antes de acabar de o coser. Assim, foi comprado um véu e este foi oferecido à igreja local, o que fez cessar por completo os estranhos barulhos [ver mais aqui].

 

Mas... serão estas histórias reais? Será que realmente tomaram lugar? Fomos repetidamente assegurados que sim, que as almas penadas que tinham promessas por cumprir agiam de formas como estas, mas... será que algo de semelhante já se passou com os leitores? Como sempre, se tiverem histórias semelhantes para contar, por favor deixem-nas nos comentários.

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28 de Outubro, 2019

Como é que os heróis homéricos sabiam as ascendências uns dos outros?

Há vários anos atrás foi-nos posta uma pergunta que poderá fazer sorrir - como é que os heróis homéricos sabiam as ascendências uns dos outros? Claro que na Ilíada existem os mais diversos momentos em que as paternidades e eventos de um e outro herói são mencionadas, mas como podiam eles saber isso uns dos outros? Será que, como uma amiga costumava dizer, "paravam para conversar"?

 

Não temos, naturalmente, uma resposta totalmente fidedigna para dar, até por ser uma questão derivada de uma obra de ficção e uma convenção de poemas épicos, mas numa obra chinesa, 西遊補, aparece uma sequência que neste contexto merece ser trazida à luz. Dois combatentes estão em pleno combate, a trocar os mais diversos golpes, quando um deles diz ao outro:

Espera! Se eu não te falar sobre a minha família, quando eu te matar e te tornares um fantasma irás continuar a pensar que eu sou apenas um pequeno general sem nome. Mas permite-me contar-te: eu, o Rei Pramit, sou nem mais nem menos que um descendente directo do Macaco Sun, o Grande Sábio Igual ao Céu, que causou grande confusão no Céu.

Será que monólogos como estes, de pura vangloriação, também tinham lugar, muitas vezes de forma implícita, no imaginário do poeta da Ilíada? É bastante possível que sim, mesmo que se pense que nunca tenham acontecido em confrontos bélicos mais reais.

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24 de Outubro, 2019

Porque é que os ciganos não gostam de sapos?

Afinal de contas, porque é que se pensa que os ciganos não gostam de sapos? Há alguns dias fomos contactados por uma publicação nacional que nos queria colocar essa questão curiosa. Assim, fomos levados a questionar essa ideia - será que eles temem esses animais, apenas não gostam deles, ou a realidade até é completamente diferente? Do que os ciganos têm medo... será mesmo de sapos, como a cultura popular portuguesa frequentemente nos diz?

Sobre os Ciganos e os sapos

Infelizmente, por muito que tentássemos nunca conseguimos encontrar qualquer mito ou lenda concretos que justifiquem esse suposto temor. Porém, como evidenciado pela prática corrente em muitas lojas portuguesas, que usam um sapo de louça para tentar afastar os ciganos dos seus recintos, na verdade esta crença não passa por terem medo do pequeno animal, em si mesmo, mas de uma ideia que este lhes parece sugerir. E, pergunte-se então, que ideia grotesca é essa?

 

Essencialmente, e segundo foi possível apurar, em alguns dialectos da língua romani, ou dita "cigana", a palavra beng significa tanto sapo como diabo. Por isso, para este povo olhar para a figura de um sapo poderá ser equacionado a evocar o diabo, o que, por sua vez, empresta a sua protecção a um determinado local; e se essa figura tão bem conhecida na nossa cultura até não tem na cultura deles precisamente o mesmo simbolismo que na cristã, não deixa de ser temida.

Trata-se, portanto, de uma inferência sapo -> beng -> diabo, propiciando o afastamento dos ciganos tal como aconteceria no nosso caso se, por exemplo, alguém colocasse à porta da sua loja uma imagem que consideramos particularmente ofensiva ou chocante. Não é totalmente correcto dizer que eles têm verdadeiramente medo desse animal, mas sim que o evitam como também nós procuraríamos evitar alguma ideia que consideramos menos positiva, e.g. um local em que se realizam rituais "maléficos" de alguma seita brasileira.

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17 de Outubro, 2019

A (falsa) história de São Inácio Castellaneta, e as torturas dos Romanos aos Cristãos

Num episódio recente dos Simpsons, a trama introduziu um (ficcional) Santo Inácio Castellaneta. Supostamente vivendo em 250 d.C., recusou-se a abandonar a fé cristã e, como tal, os romanos cortaram-lhe a cabeça, os braços, as pernas e os dedos. Depois, atiraram-lhe flechas feitas de cobras congeladas e retiraram-lhe os olhos, cobrindo-lhe as respectivas cavidades com pistachios cobertos de chocolate - mas o santo continuou a recusar-se a abandonar a fé cristã. Então, finalmente, pareceram cozer os seus ossos em vinho de cereja. Depois, esse martírio levou a uma dada tradição na cidade de Springfield.

Um falso santo

A breve sequência pode ser vista carregando na imagem acima, mas o que ela tem de particularmente especial é o facto de representar um falso martírio com contornos que até poderiam ser verdadeiros. Tem lugar no século III d.C., apresenta uma figura cristã disposta a defender a sua fé pessoal contra todas as torturas, e mesmo após a sua morte a memória dos eventos pelos quais passou ainda perdura. Na verdade, se tivessemos lido este relato num livro, dificilmente duvidaríamos da sua veracidade. O que levanta uma questão - será que coisas como estas realmente aconteceram aos mártires cristãos?

 

Entre os muitos mártires dos primeiros séculos da nossa era contam-se algumas histórias absolutamente incríveis. Desde santas cujos seios foram cortados e cozinhados, até figuras religiosas cuja cabeça decepada quase nos faz sorrir face à constelação de tantas outras torturas por que passaram, não podemos deixar de pensar se não existiria um carácter muito sádico nos Romanos. Só isso permitira justificar as tamanhas torturas a que, supostamente, sujeitaram os Cristãos. Mas, repita-se, será que esses relatos são mesmo verdade? A história é frequentemente escrita pelos vencedores, e... por isso, não sabemos, nem temos forma de saber, até que ponto os Romanos infligiam mesmo nos Cristãos aquelas torturas de que muito ouvimos falar, até porque nada nos códigos legais de então previa tais abusos para com os criminosos. É, então, uma questão que tem mesmo de permanecer em aberto...

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15 de Outubro, 2019

“Mitologias na Coleção” da Casa-Museu Ema Klabin

Casa-Museu Ema Klabin

Esta é para os leitores que estiverem no Brasil, mais particularmente na zona de São Paulo. A Casa-Museu Ema Klabin está a promover um conjunto de visitas subordinadas ao tema "Mitologias na Coleção". Segundo informação do espaço:

A Casa-Museu Ema Klabin apresenta uma série de visitas com o tema “Mitologias na Coleção” , com a educadora Tatiane Golinelli. Os encontros gratuitos acontecem aos sábados nos meses de outubro e novembro.

As visitas apresentam histórias das mitologias grega, asiática, africana e que, ainda hoje, podem nos contar aspectos simbólicos sobre quem somos nós.

De acordo com a coordenadora do setor educativo da Casa-Museu Ema Klabin, Cristiane Alves, as visitas são um convite para descobrir as peças da Coleção e as narrativas que elas carregam em seus ornamentos e detalhes.

“Em cada peça podemos desvendar narrativas que contam histórias de diversas culturas, países e sociedades”, explica.

A iniciativa faz parte do programa de visitas “De Olho na Coleção”, que propõe recortes temáticos sobre o acervo da Casa-Museu Ema Klabin.

Relógio de Parede Estilo Régence; França; séc. VXIII

Na colecção deste museu podem ser encontradas algumas peças dignas de nota, como o relógio mostrado acima. Fica, como tal, o convite a que se visite este museu, seja para estas visitas ou para a colecção de mais de 1500 obras. Mais informação sobre estas visitas pode ser obtida carregando na primeira imagem acima, e um vídeo sobre esta Casa-Museu também pode ser visto aqui.

 

(Um agradecimento a Cristina Aguilera pela informação e imagens disponibilizadas acima. As fotografias são da autoria de Henrique Luz)

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14 de Outubro, 2019

"Sobre as Sete Maravilhas do Mundo", de Fílon de Bizâncio [o Paradoxógrafo]

Quais foram as sete maravilhas do mundo antigo? É famoso o epigrama de Antípatro de Sídon, que provavelmente foi escrito no século II a.C. e que refere sete maravilhas do mundo (como aqui falámos antes), tendo em grande conta a última delas, o Templo de Artemisa em Éfeso (ver a triste imagem abaixo), mas essa não era a única listagem de famosos monumentos da Antiguidade. Por isso, hoje trazemos uma outra, a de um Fílon de Bizâncio, mais conhecido como "o Paradoxógrafo", que provavelmente terá vivido nos primeiros séculos da nossa era.

Ruínas do Templo de Artémis em Éfeso

O que esta obra de Fílon de Bizâncio (ou Filão, se estiverem "meio malucos") tem de especial é o facto de nos descrever alguns detalhes das sete maravilhas do seu mundo, em vez de apenas dizer os seus nomes. Infelizmente, seria difícil deixarmos por cá todas as descrições, mas podemos fazer uma brevíssima alusão ao seu conteúdo. Assim, o autor fala-nos das seguintes:

  1. Os Jardins Suspensos da Babilónia, "que suspendem as suas plantas no ar".
  2. As Pirâmides [de Mêmfis], de que diz "por construções como estas os homens sobem até ao patamar dos deuses, ou os deuses descem até ao homem".
  3. A Estátua de Zeus [em Élide], cujo autor elogia dizendo que "honramos as outras maravilhas com a nossa admiração, mas esta é a única que veneramos".
  4. O Colosso de Rodes, que pela construção "no mundo um segundo sol ficou face-a-face com o primeiro".
  5. As Muralhas da Babilónia, "criadas com a majestade e esplendor da imensa riqueza da Rainha Semiramis".
  6. O Templo de Artemisa em Éfeso, "a morada dos deuses", curiosamente descrito em linhas semelhantes às de Antípatro, mas que estão aqui incompletas.

E onde está a sétima? O prefácio do autor permite saber-nos que seria o Mausoléu de Halicarnasso, mas a totalidade da sua descrição está perdida.

 

Para quem estiver curioso, como contrasta esta lista com a de Antípatro de Sídon, bem mais conhecida? Essencialmente, apenas troca o Farol de Alexandria pelas Muralhas da Babilónia, mantendo todas as restantes. Por isso, em conclusão, o que dizer deste texto? Apesar de curiosa, não sabemos qual terão sido as fontes do seu autor - o que sabemos, isso sim, é que não terá visto todas estas maravilhas com os seus próprios olhos, o que empobrece significativamente a sua intenção de as descrever para todos nós. E, por isso, não sabemos até que ponto podemos confiar na informação que nos dá, por muito interessante que possa parecer.

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13 de Outubro, 2019

"Mistérios da Mitologia Clássica no Palácio do Marquês de Pombal" (Oeiras)

Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras

Aqui está uma oportunidade que nos pareceu interessante. A 20 de Outubro terá lugar, em Oeiras, uma visita subordinada ao tema "Mistérios da Mitologia Clássica no Palácio do Marquês de Pombal". A respectiva página, visível aqui, define o evento da seguinte forma:

 

"O Palácio Marques de Pombal e Jardins, constituem um dos conjuntos patrimoniais mais notáveis do concelho de Oeiras, classificado como monumento nacional. Este conjunto encontra-se impregnado de imponentes esculturas, de notáveis estuques, de belos painéis de azulejo com muitas estórias da deuses e seres fantásticos do universo da da Mitologia Clássica. Sabia por exemplo que temos uma divindade campestre a guardar o Palácio? Que divindade é que está representada na bela cascata do jardim? Que episódios mitológicos estão representados nos estuques de João Grossi? Que heróis nos revelam os painéis de azulejo da segunda metade do século XVIII? Está curioso? Então inscreva-se na visita comentada Os Mistérios da Mitologia Clássica nos Jardins e no Palácio do Marques de Pombal e descubra a odisseia de mistérios que povoam num dos conjuntos da antiga Quinta de Recreio da família de Sebastião José de Carvalho, Marquês de Pombal."

 

Para quem tiver interesse em participar bastará clicar no link já disponibilizado acima.

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12 de Outubro, 2019

"As Leis do Sol" e a necessidade de se compreender (verdadeiramente) aquilo em que se acredita

A publicação de hoje, sobre estas Leis do Sol, merece algum contexto. Há algumas semanas atrás, quando escrevemos sobre o confronto de Buda com Mara, demos por nós a interrogar-nos se existiram séries orientais que mostrassem esse momento. Com alguma pesquisa, encontrámos um filme japonês (ver um pouco mais abaixo), mas à medida que o fomos vendo acabámos por notar que... tinha algo de estranho.

O que é? Caso não se tenham apercebido (ou simplesmente não queiram perder tempo a vê-lo), este filme pertence a uma religião/seita japonesa. Proclama um deus, El Cantare, de que nunca ninguém ouviu falar, e depois faz um esforço interessante para incluir numa mesma narrativa locais como o continente (perdido) de Mu e a Atlântida; figuras como Thoth, Zeus, Hermes e Buda; uma mensagem que supostamente foi sendo transmitida ao longo dos séculos; e até seres reptilianos - como ficção até tem uma certa piada, mas devemos é lembrar-nos que é suposto tratar-se de um filme sério, e nesse sentido lembra-nos um conjunto de estratégias manhosas que se costumam utilizar para promover um certo tipo de ideologias. Não acreditam? Vejamos outro exemplo, este claramente satírico:

Claro que as pessoas podem acreditar no que bem entenderem, mas é perigoso que o façam de forma incompleta ou descontextualizada, porque isso as abre a uma manipulação muito perigosa. Se viram o primeiro vídeo acima, poderão notar um momento curioso, em que Buda diz que voltará "passado 2500 anos", pretendendo-se que esse retorno seja, convenientemente, identificado com o fundador da mesma religião/seita. Que, também convenientemente, já publicou 2500 livros, zero deles disponíveis gratuitamente.

A grande verdade, essa, é que não existe uma mensagem filosófica ou religiosa que tenha sido partilhada por todas as culturas ao longo dos séculos (existem, isso sim, é um conjunto de ideias - como a chamada "regra de ouro" - que parecem ser tão importantes que todas as culturas as pregam). E também não é por se atirarem, aqui e ali, algumas referências a figuras que as pessoas poderão ter ouvido falar (mas poucas vezes conhecem bem, como é o caso de Platão...) que essa pseudo-mensagem é legitimizada. Por isso, tenham cuidado com estas coisas, e não se deixem levar por historietas fantasiosas!

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