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Mitologia em Português

13 de Junho, 2007

O que é um mito?

O que é um mito, afinal de contas?

Outro dia dei por mim a pensar na impossibilidade de efectuar uma divisão temática da Mitologia Greco-Romana. É claro que existem, em termos gerais, infinitas divisões possíveis de seguir, mas não me ocorre nenhuma que permita uma cisão mais geral, possibilitando a colocação de um qualquer mito numa categoria de um pequeno universo. Tais pensamentos levaram-me a uma discussão interna sobre o que é, efectivamente, um mito, e como se poderá defini-lo ... mas, na verdade, o que é um mito?

Segundo o Dicionário Online de Língua Portuguesa, o mito é narrativa fabulosa transmitida pela tradição, referente a deuses que encarnam simbolicamente as forças da natureza, os aspectos da condição humana. Tal definição é claramente consistente com os mitos de Narciso, de Baúcis e Filémon ou mesmo de Pigmalião, entre muitos outros. Contudo, levanta um enorme problema, ao impedir que a vida de Hércules, enquanto história conexa e simples ligação de diversos episódios, seja considerada como um mito. A Guerra de Tróia, por exemplo, partilharia desse mesmo problema.

De acordo com uma outra definição, mito é
tradição que, sob a forma de alegoria, simboliza um facto natural, histórico ou filosófico, algo que considero um pouco fiável.

Contudo, ambas as definições aqui presentes nos levam a uma palavra chave - tradição. Sem a correcta interpretação desta, um qualquer leitor contemporâneo poderia culpar Zeus por um
raio que atinja a árvore em frente de sua casa, historieta que poderia ser considerada, ironicamente, um mito. Assim, entende-se a impossibilidade de considerar um qualquer texto escrito nos dias de hoje como um mito, mesmo que inclua conteúdos similares aos dos textos antigos. Recorrendo ao dicionário anteriormente citado, tradição é conhecimento ou prática que provém da transmissão oral ou de hábitos inveterados.


Voltando à questão inicial, o que é efectivamente um mito? Citando Fernando Pessoa no seu poema Ulisses, "O Mito é o nada que é tudo"
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O que é um mito?!

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05 de Junho, 2007

A morte da Mitologia Greco-Romana e a Ascensão do Cristianismo

De uma forma estranha, devo admitir que este é um tema que me fascina. Contrariamente ao que sucedia na Mitologia Nórdica, com o Ragnarök, e ao carácter cíclico da Mitologia Egípcia, a ausência de um final na Mitologia Greco-Romana é um pouco enigmática.

Em diversos mitos, alguns dos quais já foram por cá referidos, era mencionada a morte ou queda de Zeus. Apesar de um tal evento jamais ter ocorrido, é um pouco triste o final que esta mitologia viria a ter. Nenhum mito narra o seu improvável final, mas é hoje fácil de entender o que realmente se passou.

Séculos após o aparecimento de Zeus e das outras entidade gregas, o Cristianismo teria o seu advento. Seguindo a trama já explicitada em artigos anteriores, existiu uma adopção gradual de alguns símbolos greco-romanos por parte da nova religião, com figuras como Apolo a serem associadas a Cristo.

Contudo, esta modificação vai muito mais longe. Muitos outros aspectos Greco-romanos seriam adoptados pela nova religião que, ao ter elementos em comum com as anteriores, teria a sua disseminação facilitada para a propagação ao longo da Europa. Assim, e de uma forma inesperada, é possível entender algumas semelhanças entre Moisés e Poseidon. O próprio Cristo pode ser visto como uma fusão entre Dioniso e Perséfone, com a associação ao vinho e ao pão a ter relação directa com os mitos de ambos. É ainda possível que os Mistérios de Elêusis, bem como os cultos a Dioniso e muitas outras divindades, estejam directamente ligados à origem do próprio Cristianismo. Infelizmente, os registos a esses cultos encontram-se hoje perdidos, permitindo-nos pensar que poderá lá existir mais do que a história hoje narra.

No entanto, tais hipóteses levariam a uma curiosa hipótese, a da inexistência de Cristo, ou mesmo um exagero dos dons do mesmo, assunções que são impensáveis para as sociedades modernas. Uma interessante hipótese, que talvez valesse a pena debater...

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