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Mitologia em Português

24 de Agosto, 2007

O mito do Julgamento de Páris

A Guerra de Tróia, famosa da Mitologia Grega, viria a ser causada por um evento aparentemente simples, normalmente conhecido como o mito do Julgamento de Páris, cujos contornos gerais descrevo em seguida:

Apesar de terem sido muitos os convidados para um banquete em que se celebrava o casamento de Peleu e Tétis , Éris , deusa da discórdia, não foi uma das divindades convidadas. Irritada, a deusa enviou ao evento um maçã de ouro, na qual se podia ler a inscrição "Para a mais bela". Três deusas - Hera, Atena e Afrodite - responderam a esse desafio.
Zeus, incapaz de escolher uma vencedora, atribuiu tal honra a Páris , um mortal cujos dotes já estavam comprovados. Aparecendo a este herói, cada uma das deusas tentou atribuir um suborno a Páris : Hera dar-lhe-ia o trono da Ásia e Europa, Atena torná-lo-ia mais sábio e Afrodite dar-lhe-ia o amor da mais bela mulher, caso ele escolhesse cada uma delas para vencedora.
Talvez movido pela luxúria, Páris deu a maçã a Afrodite, com os efeitos desta decisão (e o posterior raptado de Helena, a mais bela mulher) a originarem a Guerra de Tróia.

O Julgamento de Páris (censurado)

Apesar de trivial, a decisão de Páris foi bastante importante para o desenvolvimento da Guerra de Tróia. São poucos os mitos que referem os dotes físicos de Atena , uma divindade associada ao dom da sabedoria, mas em termos de beleza física Hera é, normalmente, considerada como superior a Afrodite, uma deusa cujos atributos são mais ligados ao dom da paixão e do complexo amor. Poderão ter sido muitas as razões para a decisão que Páris tomou, mas o interesse no amor de uma bela mulher parece ser o mais óbvio.

É importante constatar que ambas as deusas preteridas apresentaram um papel fundamental na Guerra de Tróia, com Atena a participar directamente no conflito . A escolha do herói apresenta, também, um papel claramente metafórico, em que a este é proposta uma escolha entre dons físicos e atributos mentais, altura em que Páris parece favorecer o amor em detrimento da riqueza ou sabedoria. Também o famoso rei Midas , um mito referido anteriormente, teria opções similares, vindo a sofrer terríveis consequências.

Vítima da promessa de Afrodite, Helena tornar-se-ia amante de Páris , razão pela qual seria levada para Tróia e originaria o mais famoso conflito da Grécia Clássica. O tema de uma mulher causadora de infelicidade, seja directamente ou de forma indirecta, é frequente nesta mitologia, como também pode ser visto no mito de Pandora.


Apenas para dar uma nota final, é importante frisar que esta maçã de ouro pouco tem a ver com outros famosos frutos, as Maçãs das Hespérides, apesar de partilharem algumas características físicas.

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24 de Agosto, 2007

O "Ciclo Épico" dos Gregos

Em tempos antigos, a Odisseia e a Ilíada faziam parte de um conjunto de oito obras relativas à Guerra de Tróia, colectivamente conhecidas como o Ciclo Épico. Infelizmente, hoje em dia as outras seis obras encontram-se quase totalmente perdidas, mas ainda existe alguma informação relativamente às mesmas.

"Cypria " narrava os eventos anteriores à Guerra de Tróia, com especial atenção ao Julgamento de Páris (um tema que será abordado no próximo artigo deste blog).

"Aethiopis " referia alguns dos eventos da própria guerra.

"Ilias parva" falava do que sucedeu após a morte de Aquiles, incluindo a famosa construção do Cavalo de Tróia.

"Iliou persis " relatava a queda da cidade de Tróia.

"Nostoi " abordava o regresso a casa de grande parte dos heróis gregos, entre eles o famoso Agamémnon.

"Telegoneia" falava de alguns elementos da vida de Odisseu , situando-se após a chegada a Ítaca e abordando a morte do famoso herói.

A existência de diversos escritos que narram a Guerra de Tróia permite-nos pensar que esta poderá ter sido efectivamente real. Contrariamente a fontes fictícias, em que a um determinado evento é dado tratamento menor, a existência de diversas fontes para uma dada informação pode ser considerada como uma forma de afirmar a veracidade da mesma. Assim, é-nos permitido pensar um pouco mais na existência, ou não, da Guerra de Tróia, enquanto conflicto real que também pode ter tido lugar fora das páginas de um qualquer livro.
Contudo, é óbvio que estas oito obras também podem ser meros objectos de ficção, com os diversos autores a abordarem assuntos que eram anteriormente transmitidos por tradição oral. Nesse caso, é possível que um grande número de versões nada signfique, sendo apenas prova de diversos tratamentos dados a uma determinada história, que poderá, ou não, ter sido real.
Assim, sendo, a questão mantém-se, não só sobre a autoria da Ilíada e Odisseia (terão estas sido realmente escritas por Homero?) mas sobre toda a realidade histórica por detrás da Guerra de Tróia - terá sido este um conflito totalmente real, como Heinrich Schliemann pensava, ou uma guerra cujos contornos foram largamente exagerados? Talvez nunca venhamos a ter uma resposta totalmente segura.

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