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Mitologia em Português

18 de Setembro, 2014

O mito de Laodâmia e Protesilau

As figuras do mito de Laodâmia e Protesilau estão tão intimamente ligadas que me pareceria aqui injusto separá-las aqui:

 

Protesilau é famoso por ter sido o primeiro grego a sair dos navios, em Tróia, e como dizia uma profecia, foi também o primeiro a ser morto. A história poderia ter acabado por aqui, mas face ao grande amor que Laodâmia tinha por esse seu marido, pediu aos deuses que o deixassem ver uma última vez, por três horas, para se despedir dele. Os deuses permitiram-no, por razões desconhecidas, e com ajuda de Hermes Laodâmia pode ver Protesilau durante esse limitado tempo. Depois, passadas essas horas, suicidou-se, incapaz de viver sem o homem que tanto amava.

Higino, nas suas Fábulas, adiciona alguma informação ao mito, dizendo que Laodâmia viveu algum tempo com uma estátua do marido, após a morte deste, e que quando os familiares tentaram queimar a estátua, também a mulher se lançou às chamas, morrendo nesse seu derradeiro acto.

 

Este é, muito certamente, um dos mitos mais invulgares de que me consigo lembrar, por mostrar a figura de uma mulher e esposa tão fiel, tão ligada ao marido, que, como qualquer ser humano, anseia por ver um falecido uma última vez, desejar despedir-se dele. E, quando, por razões que nunca ficam muito claras, lhe é concedida essa oportunidade, compreende que esse último adeus não é suficiente, e acaba por morrer só para se poder juntar ao marido que tão profundamente amava.

 

Laodâmia é, nesse ponto, cada um de nós, quando confrontados com a morte de alguém que amamos. O que não daríamos nós, se tal fosse possível, para ter só um último momento com essa pessoa? O que faríamos, só para fitar os olhos do falecido, para lhe ouvir a ténue voz, uma última vez? Mas, tal como nos ensina este mito, mesmo que essa fosse uma real possibilidade, seria tão cruel e insuficiente para nós como o foi para a mulher do falecido Protesilau.

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18 de Setembro, 2014

"Fábulas", de Higino

Estas Fábulas de Higino são uma obra um pouco difícil de definir, pelo facto de serem bastante inconstante. A obra apresenta 300 tópicos, divididos entre mitos e informações mitológicas (genealogias, listas de personagens que fizeram "algo", etc), mas nem sempre parece seguir uma ordem óbvia. Muitas vezes, o autor vai seguindo as histórias associadas a uma dada figura, apenas para mais tarde voltar à mesma, e dar elementos adicionais. Muitas vezes contradiz-se, fala de um mito com total certeza, apenas para, umas linhas abaixo e sem qualquer aviso, dar uma versão demasiado diferente. Dificilmente o autor desta obra éo mesmo daquela que ontem aqui falei, mas trata-se, nesse ponto, de uma opinião meramente pessoal.

 

Apesar da desorganização de ideias, há que dar o devido crédito a autor que, como este, preservou tantos mitos, muitos deles tão obscuros que só aqui estão preservados. E é, então, nesse ponto que reside o interesse desta obra, esse calhamaço de mitos e versões, preservados num só local, para todos aqueles que os quiserem ler... desde que tenham em conta que, em muitos casos, a versão mencionada pelo autor pode não estar totalmente correcta, ou pode contrastar com a que este mesmo autor dá noutro lugar lugar da obra.

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