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Mitologia em Português

27 de Dezembro, 2014

"Problemas Homéricos", de Heraclito

Muitos são os autores da Antiguidade que apontavam uma enorme falha nos poemas homéricos, o facto do seu autor apresentar os deuses de uma forma imoral, em competição uns com os outros (lembre-se, por exemplo, o episódio em que Hefesto apanha a esposa a traí-lo com Ares) ou com os próprios mortais, este segundo aspecto famoso do episódio em que Diomedes fere dois dos deuses que encontra no campo de batalha.

 

É para colmatar esta dificuldade que este Heraclito, um autor do século I da nossa era, escreveu esta sua obra. Nela, pretende mostrar que, se Homero incluiu os deuses na sua obra, e eles são representados de uma forma quase humana, isso ocorre de uma forma meramente alegórica, com o autor a pretender não tanto difamar o divino, mas sim usá-lo para transmitir um conjunto de verdades que, ainda assim, não seriam fáceis de repassar a grande parte do público.

 

Então, Heraclito pega na Ilíada e na Odisseia e vai percorrendo ambas as obras, pegando nos vários episódios em que os deuses têm algum papel e descortinando a alegoria que, segundo ele, o famoso autor teria então em mente. Agora, se essa tarefa se encontra incompleta na versão a que temos acesso (parte do texto foi, entretanto, perdido), são vários os episódios de que o autor ainda nos fala. Além de tratar os episódios já referidos acima, trata muitos outros, com uma especial ênfase num dos primeiros episódios da Iliada, em que Apolo envia uma praga que diziam o campo dos gregos.

 

Agora, se a ideia por detrás desta obra até faz algum sentido, Heraclito usa-a de forma a ver na presença divina nos textos de Homero somente verdades cósmicas, dando a esta obra um conteúdo mais filosófico do que de interpretação literária. É uma interpretação possível e válida, como muitas outras, mas esta torna-se, assim, também numa obra cujo(s) título(s) promete(m) mais do que cumpre(m), ao focar-se exclusivamente nas figuras e eventos dos deuses e, mesmo aí, a ver nos textos de Homero só o que queria ver.

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27 de Dezembro, 2014

O mito de Quelone

O mito de Quelone é tão sucinto quanto digno de memória nos nossos dias:

Aquando do casamento de Júpiter com Juno, todos os seres vivos e todos os deuses foram convidados. Todos eles compareceram ao evento, com excepção de Quelone, que, por alguma razão, preferiu ficar em casa. Então, Mercúrio fez descer uma enorme torrente contra a casa dessa mulher, empurrando-a para o mar. Depois, o mesmo deus transformou-a numa tartaruga, para sempre ligada ao local onde vivia.

 

Muito se poderia escrever sobre este mito de Quelone em particular, mas optando por um caminho mais simples, podemos aqui constatar uma ideia patente em diversos mitos da Antiguidade, em que a punição por um dado acto surge intimamente ligada a algum aspecto da própria figura que a sofre. Outros exemplos dessas ligações podem ser vistos, por exemplo, em parte do mito do Rei Midas (em que um mau julgamento acabaria por dar orelhas de burro ao famoso monarca), ou no mito de Aracne, em que uma jovem se vangloria da sua perfeição na arte de bordar, desafia a deusa Atena para uma competição, e acaba eventualmente transformada numa aranha.

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