Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Mitologia em Português

02 de Maio, 2018

"A espantosa variedade do Mundo", exposição em Lisboa

Em Lisboa, o Padrão dos Descobrimento tem patente até ao próximo dia 3 de Junho de 2018 uma exposição consagrada ao tema "A espantosa variedade do Mundo". Mais informação sobre a mesma pode ser lida clicando na imagem abaixo.

O panfleto a ela relativo dá-nos a seguinte introdução:

 

O mundo, natural e social, é uma fonte permanente de espanto, seja pela regularidade da sua ordem, seja pela irrupção do insólito. Estes dois lados vão a par: o insólito rompe a paisagem habitual do mundo e, simultaneamente, confirma-a. Na história cultural da Europa, os “monstros” são a mais notável figura de espanto. Tal como a etimologia revela (do latim monitum que significa advertência), o “monstro” tem a função de chamar a atenção, mostrar. A sua significação não se esgota no insólito da sua forma, valendo igualmente como sinal de algo desconhecido, porventura um acontecimento futuro. A sua fisionomia peculiar resulta de uma profunda alteração operada numa espécie animal ou na combinação de elementos pertencentes a espécies distintas. Enquanto figura de alteridade (o outro enquanto diferente), o “monstro” surge particularmente na literatura de viagens, como em a Odisseia ou nos relatos de viajantes, como Marco Polo, que se aventuraram por terras longínquas, principalmente no Oriente asiático. Os casos emblemáticos, que preencheram o imaginário desde os tempos mais remotos até à Idade Média, são constituídos por indivíduos ou povos fantásticos, que se julgava habitarem as margens do mundo, muito em especial na orla marítima da terra firme. Com a emergência da ciência moderna, no século XVI, e graças ao conhecimento trazido pelos navegadores e exploradores, a ideia de “monstro” vai-se desmistificando, o olhar vira-se para a geração destes seres prodigiosos, indagando se se tratam de meras anomalias ou formas curiosas de uma natureza multifacetada. 

 

Fica a convite para que os leitores visitem esta exposição repleta de Blémias, Ciclopes e outras tantas criaturas, que popularam o mundo desde tempos da Antiguidade quase até aos nossos dias, e que ainda hoje continuam a habitar o nosso imaginário.

Gostas de mitos, lendas, livros antigos e muitas curiosidades?
Recebe as nossas publicações futuras por e-mail - é grátis e irás aprender muitas coisas novas!
02 de Maio, 2018

A queda de Satanás

Quem procurar na Bíblia mais informações sobre a origem e a queda de Satanás certamente acabará frustrado - quase nenhuma informação aí existe em relação a esse tema. De facto, a história completa da queda de Satanás - também conhecido por Lucifer ou Samael (nome que supostamente significa "veneno de Deus") - surge de uma forma mais directa somente no Talmude judaico, em que nos é dito que Satanás e os outros anjos foram criados antes dos seres humanos. Mas depois, quando Deus quis criar os seres humanos, alguns dos anjos recusaram-se a aceitar a supremacia dessa nova criação, considerando-se como iguais - ou até superiores! - a Deus e, como tal, foram precipitados do céu pela figura divina e consumidos pelo fogo.

A queda de Satanás

Tenha-se em conta que, como já referido, esta história da queda de Satanás não é bíblica, mas está hoje já tão enraizada na cultura popular que parece ser a principal, quase a única, que se conta sobre toda esta ocorrência. E, de facto, até Leite de Vasconcelos nos preservou uma versão oral nacional de toda a história, com as seguintes linhas, que aqui reproduzimos na sua totalidade:

Quando Deus foi fazer o Inferno ficou Luz-de-Vela na cadeira divina; ao voltar, não lhe queria Luz-de-Vela restituir a cadeira, alegando que o Senhor lha tinha dado. Dizia o Senhor:
— A cadeira é minha, emprestei-ta, não ta dei.
Luz-de-Vela ateimava muito e pôs uma demanda com o Senhor. O Senhor apresentou a Lua, a Água e o Sol como testemunhas de que tinha emprestado, e não dado, a cadeira. A Lua e a Água juraram falso; o Sol jurou a verdade, respondendo ao Senhor:
— O que é dado, é dado; o que é vendido, é vendido; o que é emprestado, é emprestado. Portanto a cadeira é vossa.
Deus então castigou a Lua (que era tão linda como o Sol), tirando-lhe os raios para os dar ao Sol; castigou também a Água, obrigando-a a correr sempre, sem nunca estar queda. Luz-de-Vela era antes disto o maior Anjo do Céu, depois ficou o maior Diabo do Inferno e chama-se Lúcifer.

 

Esta breve adaptação da história original da queda de Satanás parece ser bastante antiga - pense-se no aqui-estranho nome de "Luz-de-Vela", talvez uma versão corrompida do nome em outra história, ou mesmo em Latim - mas preserva o cerne de toda a trama, fazendo dessa personagem principal uma figura que se recusou a aceitar o poder divino e se insurgiu contra o Criador. Isto demonstra a contínua popularidade de um relato que já tem centenas, quase milhares, de anos...

Gostas de mitos, lendas, livros antigos e muitas curiosidades?
Recebe as nossas publicações futuras por e-mail - é grátis e irás aprender muitas coisas novas!