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Mitologia em Português

29 de Junho, 2018

O mito de Ratatosk

O mito de Ratatosk fala-nos de um esquilo que nos mitos nórdicos tem a tarefa de transportar mensagens entre uma águia, que vivia no topo da árvore Yggdrasil, e o dragão/cobra Nidhogg, que vivia entre as raízes do mesmo local. Pouco mais nos é contado sobre esta criatura mitológica, mas merece ser referida aqui por ser um dos poucos esquilos existentes em mitos europeus (para quem estiver curioso, o mesmo animal também aparece em diversos mitos da América do Norte). Presume-se, ainda assim, que na sua forma original Ratatosk tenha sido muito menos fofinho do que o representado na imagem acima, que provém de um jogo de computador dos nossos dias, mas que serve bem para ilustrar a sua importância continuada mesmo nos nossos dias.

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25 de Junho, 2018

"Um dia na vida de um ateniense"

Semelhante ao que publicámos a semana passada, aqui fica um pequeno vídeo animado sobre a via diária de um ateniense.

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19 de Junho, 2018

A "Edda em prosa"

A Edda em prosa, também conhecida como Edda jovem, ou Edda de Snorri, para que possa ser distinguida da "outra" Edda, que é em verso, mais antiga (já voltaremos a isso) e baseada em fontes orais, este conjunto de três textos apresenta-nos as histórias essenciais dos deuses e mitos nórdicos.

 

A compilação presente na Edda em prosa é precedida por um prefácio que estabelece uma ligação entre Tróia (sim, a de Homero) e os deuses nórdicos. Depois, o primeiro texto, denominado Gylfaginning, apresenta um rei mítico da Suécia, enquanto este faz as mais diversas perguntas aos deuses. Curiosamente, muitas delas são questões que também os próprios leitores podem ter, e as explicações dadas são, quase sempre, fáceis de compreender mesmo para quem não entenda muito destes assuntos. De facto, a sua leitura é tão fácil que o texto pode até ser considerado como uma introdução perfeita aos mitos nórdicos!

 

O segundo e terceiro textos, Skáldskaparmál e Háttatal,  falam da poesia, nomeadamente de um conjunto de fórmulas e esquemas que poderiam ser usados pelos poetas. Apesar de serem textos mais teóricos, também contêm diversas menções aos mitos nórdicos. Porém, poderão não agradar a todos os leitores.

 

Podemos saber que estes textos são mais recentes que os da outra Edda não só pelo evemerismo aqui presente (e totalmente ausente da obra anterior), que tenta tornar os deuses nórdicos em meros reis do passado, mas pela referência directa a diversos conteúdos cristãos - não só Jesus Cristo é mencionado por diversas vezes, como também é mencionado o facto de existirem fórmulas poéticas específicas que podiam ser usadas em relação a essa figura cristã.

 

De um modo geral, esta Edda em prosa é uma obra incontornável para os interessados em mitos nórdicos. Em particular, a sua primeira parte é, como já dissemos, muito fácil de ler e agradável - fica, como sempre, um convite para a sua leitura!

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18 de Junho, 2018

"Um dia na vida de um soldado romano"

Aqui fica um pequeno vídeo animado (em Inglês) que mostra um pouco da vida diária de um soldado romano.

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15 de Junho, 2018

"Os melhores" dos mitos nórdicos

Na Edda Poética, de que aqui falámos há alguns dias, surgem os seguintes versos:

 

A árvore Yggdrasil

É a melhor das árvores.

Skithblathnir é o melhor navio,

Odin o melhor deus,

Sleipnir o melhor cavalo,

Bifrost a melhor ponte,

Bragi o melhor poeta,

Habrok o melhor falcão,

Garm o melhor cão.

 

A existência de uma lista desta natureza, de valor canónico, levanta questões. Se faz todo o sentido que a gigantesca árvore seja a melhor do seu reino, que um navio pertencente aos deuses seja fantástico, que um cavalo de oito patas tenha especial valor, ou que o deus da poesia seja o melhor na sua arte, como escolher o melhor deus, a melhor ponte, ou o melhor de dois outros animais? Que critérios terão existido? Serão eles objectivos ou, como no caso de Habrok (em relação ao qual quase nada sabemos), dever-se-ão somente a tradições já há muito esquecidas? Fica a questão - como definir "os melhores" em alguma coisa?

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12 de Junho, 2018

A "Edda poética"

A Edda poética, também conhecida por Edda em verso, esta colectânea é uma das duas fontes essenciais para o estudo dos mitos nórdicos. É composta por cerca de 30 poemas de autoria anónima, que podem ser divididos em dois grupos - construções poéticas sobre os deuses, e sobre os heróis. Se os primeiros até podem ser lidos de uma forma descontextualizada, já os segundos continuam uma história quase sequencial, sendo mais agradável e interessante lê-los nessa forma contínua.

 

Não há muito que se possa dizer aqui sobre cada um dos poemas que compõem esta Edda poética; contêm desde frases de sabedoria até breves episódios mitológicos, mas contrariamente ao que acontece com a outra Edda , não existe aqui nenhum poema muito específico que, na nossa opinião, seja de imenso valor individual para todos os leitores. É a própria compilação da Edda poética, no seu geral, que é importante para os interessados nos mitos nórdicos.

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12 de Junho, 2018

Anne Frank e a Mitologia

Fotografia de Anne Frank

O Diário de Anne Frank é possivelmente um dos mais famosos livros produzidos no contexto da Segunda Guerra Mundial. Quem tiver coragem de o ler tal como foi produzido - um simples diário de uma menina de 14 anos que, mesmo num período de guerra, tentou simplesmente continuar a viver a sua vida - acabará, se tiver no seu peito um mínimo de humanidade, por verter algumas lágrimas. É um livro que deveria ser lido por todos aqueles que pensam começar um guerra - certamente que cedo desistiriam da ideia!

 

Mas... o que poucos saberão, ainda assim, é que Anne Frank tinha interesse na Mitologia Grega e Latina. Salvo uma excepção relativa às lendas holandesas, ela nunca diz que obras tinha lido sobre o tema, mas sabemos que numa dada altura recebeu "um grande livro" sobre ele. Também se disse capaz de nomear as nove musas, os sete amores de Zeus e as esposas de Hércules. Numa dada altura estava a estudar os mitos e histórias de Teseu, Édipo, Peleu, Orfeu, Jasão, Hércules, Míron e Fídias.

Mas, curiosamente, também os adultos que a conheciam achavam estranho esse seu interesse, caracterizando-o como puramente "um interesse passageiro". Quantos de nós não ouvimos também essas mesmas palavras?!

 

Não podemos, enquanto membros de uma mesma humanidade, senão chorar a existência de pessoas como as que levaram Anne Frank à sua morte. Se, como dizia Cícero no seu livro Sobre a Velhice, existir um outro mundo depois deste, em que conhecemos todos aqueles que viveram antes de nós, esperamos um dia ter a oportunidade de falar com ela sobre temas como estes, por demasiado redutor que isso possa parecer ao leitor comum.

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10 de Junho, 2018

Isaac Newton e o problema das cronologias

Há umas semanas atrás celebrou-se mais um aniversário da chegada de Vasco da Gama à Índia. Mas, realisticamente, como podemos ter a certeza de que o navegador chegou mesmo a Calecute a 17 de Maio de 1498? Ou, de uma forma muito mais geral, como podemos nós ter a certeza de que qualquer cronologia do passado está mesmo correcta?

 

Muitos foram os autores que ao longo dos séculos se dedicaram a esse problema, chegando a opiniões mais ou menos lógicas. Existem, por exemplo, autores que argumentam que a Antiguidade nunca existiu, tendo sido "falsificada" durante a Idade Média; outros dizem que nada existiu antes do nosso nascimento, sendo todo o conhecimento uma espécie de ilusão. Seria interessante que fossemos escrever sobre isso, mas por agora foquemo-nos numa obra pouco conhecida, The Chronology of Ancient Kingdoms Amended, da autoria de Isaac Newton, a mesma figura muito mais conhecida pelas suas conquistas na área da Física.

 

Então, nesta obra o autor argumenta que existiu um erro nas cronologias da Antiguidade. Ao longo de vários capítulos percorre diversas civilizações e diz-nos, afinal de contas, como os eventos tomaram lugar, explicando, por exemplo, que terá existido um erro na contagem dos anos que cada reinado teve. Seguindo uma lógica que nem sempre é muito fiável, numa prosa enfadonha e que poucos terão interesse em ler, como que revela a verdade dos acontecimentos, humanizando a mitologia dos Gregos e dos Romanos. Claro que a ideia não era nova - já vinha até dos tempos da Antiguidade! - mas é curioso que um cientista tão eminente se tenha focado numa tarefa como esta, mesmo que a obra só tenha sido publicada após a sua morte.

 

É, então, a cronologia de Newton, que se propaga até à morte de Alexandre Magno, fiável? Certamente que não, não é sequer necessário grande conhecimento histórico para encontrar múltiplos problemas nas ideias aqui defendidas, mas pelo menos apresenta uma cronologia que faz algum sentido, do ponto de vista teórico. E, se não sabemos até que ponto Vasco da Gama terá mesmo chegado à Índia numa determinada data, pelo menos uma certeza podemos ter - foi após a sua partida de Lisboa, por muito que autores como Fomenko queiram tentar discordar!

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08 de Junho, 2018

O mito de Gleipnir

O Gleipnir do mito

Sucintamente, nos mitos nórdicos Gleipnir era uma espécie de trela que prendia o lobo Fenrir (visto acima já agrilhoado), até ao momento do fim dos tempos. É esse o significado da palavra Gleipnir, e isto absolutamente nada teria de especial, nem sequer seria mencionado por cá, não fossem os estranhos ingredientes com que ela foi construída:

 

  • O som da queda de um gato;
  • A barba de uma mulher;
  • As raízes de uma montanha;
  • Os nervos de um urso;
  • A respiração de um peixe;
  • O cuspo de uma ave.

 

A dificuldade de arranjar todos estes ingredientes até é parcialmente gozada no Gylfaginning, dando-nos a entender a falta de realismo de todos estes pedidos, mas acaba por ser mesmo esse aspecto invulgar que merece referência aqui. Se a barba de uma mulher, ou os nervos de um urso, nem são hoje assim tão difíceis de arranjar, fica aqui um pequeno convite aos leitores - como conseguiriam arranjar os restantes ingredientes? Alguma ideia?

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04 de Junho, 2018

Conselhos de um pai moribundo

Na sua história Dois Irmãos, Giambattista Basile apresenta-nos a figura de um pai moribundo que, escassos momentos antes da morte, deixa um conjunto de conselhos aos seus filhos. Não sabemos até que ponto estes ainda virão dos tempos da Antiguidade (várias das suas histórias têm, pelo menos, uma inspiração inegavelmente latina), mas pela sua simplicidade e eterna actualidade alguns deles merecem aqui ser relembrados:

 

  • "Primeiro, e acima de tudo, temam os céus, porque tudo vem de lá e se perderem o vosso caminho irão acabar mal";
  • "Poupem, quando têm algo para poupar, porque aquele que poupa ganha";
  • "Não falem demasiado, porque apesar da língua não ter ossos pode quebrar um par de costas";
  • "Contentem-se com pouco, porque feijões que duram são melhores do que bolos que rapidamente se esgotam";
  • "Associem-se àqueles que são melhores que vocês e ajudem-nos naquilo que possam - digam-me com quem andam e dir-vos-ei que tipo de pessoas vocês são";
  • "Pensem e depois ajam, porque é má ideia fechar o estábulo depois do gado ter saído";
  • "Fujam das disputas e das querelas, não pisem todas as pedras, porque aquele que salta demasiadas barreiras acaba por ficar com uma presa nas suas costas";
  • "Não tenham orgulho em demasia, porque precisam de mais do que de uma toalha branca para pôr uma mesa";
  • "Afastem-se do rico que se tornou pobre e do pobre que subiu na vida, do pobre desesperado, da mulher invejosa, daquele que adia tudo, [entre tantos outros]";
  • "Façam um esforço para perceber que aquele que tem um objectivo tem um lugar no mundo e aquele que tem senso na sua cabeça pode até sobreviver numa floresta".

 

Estes conselhos são hoje tão actuais como no tempo daquele que os pôs por escrito, mas a humanidade tende a esquecê-los, uma e outra vez. Demasiadas vezes achamos que sabemos melhor, que o nosso caso particular será bem diferente, que a sabedoria daqueles que vieram antes de nós já há muito que está ultrapassada. Mas, infelizmente, tendemos a olvidar que aquele que não aprende com os seus erros está condenado a repeti-los...

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