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Mitologia em Português

25 de Outubro, 2018

"Hércules", com Dwayne 'The Rock' Johnson

O filme Hércules, com Dwayne 'The Rock' Johnson, passou recentemente na televisão portuguesa. É uma espécie de sequela aos eventos mais famosos da vida do herói, os seus famosos Trabalhos, aos quais existem diversas alusões no decorrer da trama. Mas, tanto ou mais interessante, é a forma como este filme representa as aventuras do herói, nunca deixando totalmente claro se existe algum elemento mais lendário na sua vida ou não. Se em filmes como Tróia existe uma completa negação dos aspectos místicos, já aqui nunca existem evidências totalmente claras para afirmar (ou negar) esses mesmos aspectos. Existem circunstâncias de grande cepticismo, como quando uma das personagens parece ver centauros e diz algo como "Eles existem mesmo!", bem como momentos em que aos aspectos mitológicos são dadas explicações mais realistas. Não duvidamos que quem escreveu a trama conheça as obras de Palaefato ou de autores semelhantes. É, em suma, um filme que se vê, mas que também dá que pensar um pouco na intersecção entre o mito e a história.

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18 de Outubro, 2018

"Mégara", de autoria desconhecida

Mégara no filme da Disney

Mégara é um pequeno poema de autoria desconhecida, mas que alguns estudiosos parecem atribuir a Teócrito. Nele, a esposa de Hércules e a respectiva mãe partilham as dores que sentem na ausência do herói. A primeira, Mégara, fá-lo por este ter morto os próprios filhos, enquanto que a segunda, Alcmena, lamenta os temores do passado e as muitas tribulações pelas quais o filho agora passa. É uma pequena construção poética, de pouco mais de uma centena de versos, com um certo charme.

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12 de Outubro, 2018

"Fenómenos" de Arato

Constelações no céu

A obra Fenómenos de Arato conta-se provavelmente como uma das mais famosas que nos chegaram sobre os céus nocturnos - a sua popularidade pode até ser facilmente vista se tomarmos em conta que autores como Cícero ou Ovídio a traduziram para Latim! Porém, apesar de referir muitas figuras mitológicas que deram os nomes às diversas constelações, só muito raramente conta as respectivas histórias, limitando-se a aludir-lhes de uma forma que muito pouco nos informa. Ademais, o autor dá algumas informações incorrectas e trata de forma demasiado breve alguns pontos que nos poderão parecer importantes. Por isso, mais do que um livro com algum interesse real para o estudo dos mitos dos gregos e dos latinos, esta é uma obra cuja importância real se parece ter perdido ao longo dos séculos.

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10 de Outubro, 2018

Alguém sabe para onde vão as cegonhas no inverno?

Alguém sabe para onde vão as cegonhas no inverno? A pergunta pode até parecer estranha, não é? Qualquer pessoa "sabe", nos nossos dias de hoje, responder a ela, dizendo que as cegonhas (entre outros pássaros) emigram para sul nos meses frios. Mas isso também nos leva a uma questão mais complexa - como foi isso descoberto? Existiam várias teorias desde os tempos da Antiguidade, até nos textos de Aristóteles, mas... eram teorias, somente isso. Depois, perto do final do primeiro quarto do século XIX, algo de muito pouco vulgar foi encontrado na Alemanha.

Cegonha com lança

Perto da cidade de Klutz foi encontrada esta cegonha, que tinha uma lança parcialmente enfiada no seu pescoço. Dada a origem africana do instrumento guerreiro, foi então - finalmente! - possível perceber que estes animais emigravam para sul, para terras de África, assim evitando os nossos tempos frios europeus. Quanto à singular cegonha que levou a esta descoberta, ainda hoje está alojada na Universidade de Rostock, na Alemanha.

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05 de Outubro, 2018

"As Núpcias de Filologia e Mercúrio", de Marciano Capela

Também conhecida como Casamento de Filologia e Mercúrio, esta é uma daquelas obras que dá o proverbial "pano para mangas". É particularmente famosa por ter popularizado a ideia das sete artes liberais na Idade Média, ideia esta que já vinha de Marco Varrão, mas poucos parecem ser aqueles que nos nossos dias realmente a lêem. Contudo, essa ausência de leitura é aqui bem justificada... passamos a explicar!

As núpcias de Filologia e Mercúrio, de Marciano Capela

As núpcias de Filologia e Mercúrio podem ser divididas em duas partes. A primeira delas, comportando os dois primeiros livros, apresenta o tema como se de um novo mito se tratasse; inspirado pelos casamentos de outros tantos deuses do Olimpo, Mercúrio decide também ele casar, pelo que parte em busca de uma companheira disponível para tal. Falha por três vezes, mas acaba por encontrá-la com a ajuda de Apolo, sendo essa busca, o subsequente casamento e a imortalização de Filologia então descritas, terminando com o momento em que Mercúrio oferece sete servas à sua esposa, i.e. as sete artes liberais. São essas mesmas sete artes as descritas de forma alongada nos restantes livros.

 

Como este breve resumo da obra nos permite antever, existem incontáveis alegorias envolvidas nos nove livros da obra. Se isso não for suficientemente desencorajador para o leitor comum, cada um dos livros encontra-se igualmente repleto de sequências de enorme complexidade; na edição a que tivemos acesso cada um dos livros tem pelo menos uma centena de anotações, sem o auxílio das quais seriam de compreensão quase impossível. Para dar um breve exemplo, numa dada altura é dito que a soma de um dos nomes de Mercúrio tinha um dado valor simbólico; só Hugo Grócio, quase um milénio depois, soube dizer que se tratava de "Thoth" quando escrito em língua grega.

 

Se, por um lado, As núpcias de Filologia e Mercúrio não deixam de ser uma obra importante no desenvolvimento do cânone das sete artes liberais, por outro é igualmente uma que só deve ser lida por aqueles que, por razões que temos dificuldade em compreender, queiram ter contacto com algo realmente desafiante. Não é uma leitura aprazível, mas uma que, frequentemente, fará o leitor sentir-se muito pouco culto, por mais que domine os temas da Antiguidade. Por isso, deve ser completamente evitada pelos leitores comuns, fica o nosso aviso!

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