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Mitologia em Português

30 de Novembro, 2018

Como foi a divisão do mundo pelos deuses do Olimpo?

Por vezes gostamos de explorar um pouco as questões e pesquisas que as pessoas fazem neste espaço. Nesse sentido, há uns dias alguém procurou por cá a pergunta que dá o título a esta entrada. Correndo o risco de estar a fazer o trabalho de casa de algum aluno, achámos que poderíamos escrever um pouco sobre ela.

 

Existem várias alusões na literatura da Antiguidade a uma primordial divisão do mundo em três partes. Segundo um dos livros da Ilíada (apenas para mencionar uma das fontes mais óbvias), numa dada altura foram tiradas sortes e, por mero acaso, foi então decidido que os céus ficariam para Zeus, os mares para Poseidon e o submundo para Hades. Não verificámos os comentadores a essa passagem, mas é provável que essa divisão já fosse até conhecida no tempo dos poemas de Homero; outros autores também a ela fazem alusão, não parecendo existir qualquer versão alternativa do episódio em que, por exemplo, Zeus seja o senhor dos oceanos ou do submundo; existem, porém, versões satíricas em que esse cânone primordial é, de alguma forma, remexido ou parcialmente alterado.

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23 de Novembro, 2018

"Questões Homéricas", de Porfírio de Tiro

Imagem de Porfírio

Cremos que todos temos alguns amigos que são muito "chatinhos" em relação aos detalhes de séries de televisão, livros e outras coisas que tais. O que Porfírio tenta fazer nesta obra é responder a todos aqueles que se interrogavam em relação a questões como essas, mas nos poemas atribuídos a Homero. Alguns exemplos de perguntas:

 

  • Porque diz Príamo que não tinha coragem para ver Alexandre e Menelau a lutarem um com o outro, mas não tem qualquer problema em ver o combate de Aquiles com Heitor, quando até amava ainda mais esse outro filho?
  • Porque havia no escudo de Aquiles uma camada de ouro?
  • Que espécie de águia foi enviada por Zeus num dado momento?
  • Como tinham os heróis tempo para conversar uns com os outros durante o combate?
  • Num dado momento, é dito que foi Apolo a dar o arco a Pândaro, enquanto que num outro é dito que este último o fez com o corno de uma cabra selvagem. Como são ambas as coisas possíveis?

 

Apenas para dar um exemplo de resposta, em relação a esta última pergunta Porfírio diz-nos que se tratava de uma metáfora; Apolo, enquanto criador original do arco, "dava-o" a todos aqueles que usavam esse instrumento bélico, enquanto que o arco específico de Pândaro tinha, efectivamente, sido criado por esse herói. É decididamente uma boa resposta, como muitas outras que ocupam o mesmo livro!

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21 de Novembro, 2018

Actualização

Foram hoje feitas algumas pequenas modificações neste espaço. A maior parte delas foram de ordem cosmética e técnica, mas agora também já é possível ler os nossos artigos noutras línguas, através de uma tradução automatizada (e, infelizmente, muitas vezes até bastante imperfeita). Para tal bastará usar a nova barra de selecção de idioma.

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20 de Novembro, 2018

"A Viagem a Itália"

Neste invulgar filme são visitados diversos lugares em Itália, entre eles parte de Pompeia (ou Herculano?) e outros locais bastante bonitos. Contudo, a sua trama também pouco interessará à maior parte dos espectadores; por isso, se o apanharem na televisão e tiverem a possibilidade de passar à frente esses momentos mais monótonos, focando a atenção nas paisagens e locais que vão sendo mostrados, poderá ser de algum interesse.

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13 de Novembro, 2018

O "Popol Vuh" e os mitos da civilização maia

A história do Popol Vuh, por si só, daria tema suficiente para uma dezena de entradas por cá, mas decidimos cingir-nos somente aos elementos mais cruciais. Sabemos então que, na esperança de eliminar as antigas crenças dos Maias, os conquistadores vindos de Espanha decidiram, numa dada altura, queimar todos aqueles livros que foram encontrando na cultura maia, como ilustrado nesta belíssima imagem.

Destruição dos livros dos Maias

Um dos livros destruídos era um Popol Vuh. Contudo, para que a antiga cultura não se perdesse, alguém escreveu um outro livro, hoje conhecido (também) por Popol Vuh, mas com um conteúdo bastante diferente. Como chegou até aos nossos dias terá de ser uma história que fica para outra altura.

 

O que contém, então, o Popol Vuh a que hoje ainda temos acesso? Trata-se de uma espécie de teogonia, desde a criação de tudo aquilo que existe até aos próprios dias dos seus autores e da presença espanhola no seu território. Apresenta algumas sequências verdadeiramente fascinantes, com eventos que pouco ou nada ficam a dever a romances medievais e a poemas como os de Hesíodo; entre eles contam-se até uma possível origem dos jogos da bola, então jogados com um crânio humano, e uma criação sequencial da humanidade que não pode deixar de nos fazer pensar no "Mito das Idades".

 

O Popol Vuh é, por isso, uma obra crucial para quem estiver interessado nos antigos mitos da América do Sul, mas cujos vários paralelismos com os mitos europeus também nos podem dar muito que pensar...

 

(P.S.- Este pequeno artigo é dedicado a uma jovem de Porto Rico a quem tínhamos prometido que, um dia, também abordaríamos por cá alguns mitos sul-americanos)

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08 de Novembro, 2018

Os Power Rangers e a Mitologia Grega

Para recordar outros tempos, hoje contamos uma pequena curiosidade sobre os Power Rangers que, muito provavelmente, poucos saberão. Na primeira temporada desta série, que estreou originalmente em Portugal há mais de 20 anos, os monstros adversários eram frequentemente baseados na Mitologia Grega. Isso é evidente em alguns casos, como o abaixo, que mostra claramente um Minotauro.

Porém, esta série era baseada num original nipónico, de nome Kyōryū Sentai Zyuranger, em que diversos episódios tinham uma ligação ainda maior aos antigos mitos da Grécia:

Nos dois episódios em que este segundo monstro aparece, ele coloca a diversas crianças, e até aos próprios heróis, um conjunto de enigmas que têm de decifrar. Entre eles conta-se um curiosamente inesperado - "Qual é o ser que de manhã tem quatro pernas, à tarde duas, e à noite três?". A criança a quem foi posto o enigma falha a resposta, e em seguida o monstro revela-lha, mostrando até um pequeno diagrama explicativo. Essa é, como sabemos, a mesma questão que a criatura mitológica tinha posto a Édipo no famoso mito.

 

Mas será que estas ligações mitológicas eram para ser reconhecidas pela audiência? Essa resposta é dada por uma outra personagem da série:

Ou seja, até a própria série, nessa sua versão original, admite que os monstros enviados pela antagonista ("Bandora" no original, mas "Rita Repulsa" na versão ocidental) eram por vezes baseados nos mitos da Antiguidade. Além do Minotauro e da Esfinge apresentados aqui, também na série surgiam Circe, Argos, Ladão, Narciso, Anteu, a Quimera e até um unicórnio, com os respectivos mitos a terem também alguma ênfase na trama de cada episódio. Infelizmente, quase todas essas menções foram alteradas na versão ocidental, com quase todos estes monstros a se tornarem, exclusivamente, meras criaturas anónimas que os heróis iam destruíndo semana após semana.

 

Apetece quase recordar também as famosas palavras de Fernando Pessa - "E esta, hem?!"

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07 de Novembro, 2018

Cantigas de Santa Maria - Cantiga X, traduzida

Esta é de louvor a Santa Maria, que é formosa, bondosa, e tem grande poder.

Rosa das rosas e Flor das flores,
Dona das donas, Senhora das senhoras.

Rosa da beldade e da aparência
E flor da alegria e do prazer,
Dona em sua piedade,
Senhora em tirar mágoas e dores.

Rosa das rosas e Flor das flores,
Dona das donas, Senhora das senhoras.

A tal Senhora deve o homem muito amar,
Que de todo o mal o pode salvar;
E lhe pode os pecados perdoar,
Que no mundo faz por maus desejos.

Rosa das rosas e Flor das flores,
Dona das donas, Senhora das senhoras.

Devemo-la muito amar e servir,
Que insiste em nos proteger de errar;
E dos erros nos faz arrepender,
Que nós fazemos como pecadores.

Rosa das rosas e Flor das flores,
Dona das donas, Senhora das senhoras.

Esta dona que tenho por Senhora
E de quem quero ser poeta,
Se eu pudesse ter o seu amor,
Daria ao Demónio os outros amores.

Rosa das rosas e Flor das flores,
Dona das donas, Senhora das senhoras.

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02 de Novembro, 2018

"Gigantomaquia" e "O Rapto de Proserpina", de Claudiano

Romano desconhecido

Chegaram-nos muitos outros trabalhos da autoria de Claudiano, mas no contexto deste espaço são especialmente relevantes dois deles, a Gigantomaquia e O Rapto de Proserpina. E agrupamo-los numa só menção por sofrerem de um problema essencial - apesar de ambos parecerem extremamente interessantes pelas linhas que nos chegaram também estão incompletos, possivelmente por morte do seu autor.

 

A Gigantomaquia, supostamente, iria falar da guerra em que os gigantes defrontaram os deuses. Em pouco mais de uma centena de versos chega-se ao momento em que Minerva derrota dois deles, surge um pedido de ajuda a Febo Apolo, mas o poema termina nessa altura.

O Rapto de Proserpina contém, de uma forma muito detalhada, as razões pelas quais o deus Plutão decidiu tomar para si uma esposa, e porque escolheu a filha de Ceres. O deus rapta-a, de uma forma belíssima, e leva-a de volta para o seu reino, onde a presença de uma nova rainha é extensamente celebrada. Ceres descobre, posteriormente, que a sua filha foi raptada, parte em busca dela, e... o poema termina, apesar da continuação do mito nos ser bem conhecida de outras fontes.

 

Se Claudiano até representou ambos os mitos de uma forma bela, o facto dos dois poemas se encontrarem incompletos é tão tantalizante como frustrante. Ainda assim, o poema do rapto da filha de Ceres merece ser lido, quanto mais não for pela forma detalhada como trata esse famoso episódio mitológico.

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