26 de Novembro, 2018
Sonetos de Camões (X)
Seguia aquele fogo, que o guiava,
Leandro, contra o mar e contra o vento:
As forças lhe faltavam já e o alento;
Amor lhas refazia e renovava.
Depois que viu que a alma lhe faltava,
Não esmorece; mas, no pensamento,
— Que a língua já não pode – seu intento
Ao mar, que lho cumprisse, encomendava.
«Ó mar – dizia o moço só consigo —
Já te não peço a vida; só queria
Que a de Hero me salves; não me veja...
Este meu corpo morto, lá o desvia
Daquela torre. Sê-me nisto amigo,
Pois no meu maior bem me houveste inveja!»
(Soneto CLXXXV)
Este poema refere-se à bela história de Hero e Leandro.