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Mitologia em Português

04 de Abril, 2019

Algumas questões colocadas ao Oráculo de Dodona

Hoje, decidimos trazer uma publicação um pouco diferente do que é habitual, apresentando algumas questões colocadas ao Oráculo de Dodona. Este recinto religioso já era conhecido nos tempos homéricos, mas hoje em dia é considerado secundário face ao de Delfos; porém, a ideia essencial por detrás de ambos é semelhante, eram ambos locais em que os crentes podiam fazer perguntas aos deuses e obter respostas divinas. Se em Delfos o deus consultado era Apolo, já no Oráculo de Dodona o grande interveniente era o pai de todos os deuses, Zeus, que supostamente revelava o futuro através dos movimentos da sua árvore sagrada, o carvalho.

O Oráculo de Dodona

Mas agora, por um breve momento, ponha-se uma pequena questão aos leitores. Se tivessem essa possibilidade de saber o futuro, que questões colocariam vocês aos deuses? Será que as vossas perguntas seriam diferentes das que foram efectivamente colocadas a Zeus no Oráculo de Dodona? Agora, poderão ver aqui cinco pequenos exemplos, provindos de uma edição de Dittenberger disponível gratuitamente online:

 

 

O que estes exemplos nos permitem constatar é que a curiosidade relativa ao futuro, que a humanidade teve e continua a ter, se prende com elementos estáveis da sua existência - questões monetárias, incertezas amorosas, problemas de saúde e outras decisões que têm um grande impacto nas nossas vidas. Talvez não sejamos assim tão diferentes dos Antigos Gregos...

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02 de Abril, 2019

Qual a origem da palavra "Lusíadas"?

Quando ouvimos falar desta palavra todos nos recordamos da famosa obra de poesia épica composta por Luís de Vaz Camões. Mas, afinal de contas, qual é a verdadeira origem da palavra Lusíadas?

Origem da palavra lusíadas, ilustrada com uma esfera armilar

Na verdade, a palavra já antecede até o tempo de Camões. Foi André de Resende que, perto de finais do século XV, começou por utilizá-la, a mesma posteriormente reusada para título do famoso poema de Camões. Como esse primeiro nos explica numa das suas obras, "A Luso, unde Lusitania dicta est, Lusiadas adpellavimus". É, por isso, um apelativo, um nome comum que designa um elemento de uma classe ou categoria, que em última instância deriva de Luso, uma figura mitológica associada a Baco e um suposto fundador das terras da Lusitânia, a quem até é feita uma breve alusão no terceiro canto do poema que todos conhecemos, esses Lusíadas de que tanto ouvimos falar no contexto da literatura portuguesa.

 

Mas, como uma leitora posteriormente nos perguntou, quem foi esse tal Luso? Em teoria, ele seria uma figura de alguma forma relacionada com Baco, mas a sua (suposta) história não nos chegou atestada em nenhum mito da Antiguidade. Assim sendo, é muito mais provável que se trate não de um qualquer herói ou deus feito esquecer pelo peso dos tempos, mas de uma leitura incorrecta de um passo na História Natural de Plínio o Velho, em que Lusus foi lido como nome próprio, em vez de como referência a um jogo, ou jogos, rituais associados ao famoso deus do vinho e da vinha.

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01 de Abril, 2019

Cães e gatos - qual a origem de um conflito imortal?

gato e cão em pleno combate

Porque se odeiam cães e gatos? Qual é a verdadeira origem por detrás do seu conflito imortal? Será que há algum mito ou lenda por detrás disso? Essa questão foi-nos posta há já algumas semanas, e apesar de ter sido colocada numa evidente brincadeira achámos que até lhe poderíamos responder.

 

Muito de aquilo que pensamos dos animais, na tradição ocidental, provém das fábulas de Esopo. É graças a elas que pensamos no rei leão, na raposa matreira, na lebre rápida e na lenta tartaruga, no malvado lobo e no cordeiro gentil, e em outras tantas características humanas que tendemos a atribuir aos animais. Porém, inesperadamente, não há qualquer fábula esópica que explique porque se odeiam cães e gatos.

Existem, isso sim, é em alguns textos da Antiguidade referências muito oblíquas a um tempo de paz entre todos os animais, que terminou precisamente quando os gatos atraiçoaram os cães e os atacaram (nas diversas versões são sempre os gatos os culpados - atente-se nessa curiosa horizontalidade). Porém, mesmo aí nunca é mencionada a fonte original, como se se tratasse de uma história que já todos conheciam - seria ela uma fábula hoje perdida, como no caso da ascensão do leão ao trono do reino animal, cuja razão já só chegou em breves instantes de outras fábulas? É possível que sim, como este (falso) mito nos mostra.

Mas, de forma mais realista, é igualmente provável que toda a ideia se deva ao facto de se tratarem de animais domésticos. Destinados, demasiadas vezes, a ocuparem um só espaço, isso poderá ter fomentado naturais conflitos inter-espécies, levando à ideia (falsa) de que se tratavam de inimigos naturais. E, na verdade, essa resposta é tão boa como qualquer outra que aqui possamos vir a dar...

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