A história de Lugalbanda, com 4100 anos
Falar da história de Lugalbanda tem um significado extra para nós, pelo facto de ser um dos mais antigos que já passou por este espaço. A versão a que tivemos acesso, apesar de fragmentária, tem cerca de 4100 anos e permite-nos conhecer parte da história de uma figura suméria chamada Lugalbanda. Vamos a isso?
Lugalbanda era um soldado do Rei Enmerkar. Adoecendo durante uma guerra, foi levado por alguns companheiros para uma caverna numa montanha, onde se esperava que vivesse ou morresse. Após rezar a três deuses recuperou a sua saúde. Alguns dias depois capturou três animais e, num sonho, foi-lhe comunicado que os sacrificasse aos deuses. O que acontecia em seguida está parcialmente perdido, mas a história do herói ainda não acabou para nós.
Algum tempo depois Lugalbanda ainda estava a viver nas montanhas. Num dado dia encontrou uma cria do Pássaro Anzu [uma criatura famosa dos mitos suméricos, uma grande águia com cabeça de leão, que pode ser vista na imagem anterior], que alimentou e de quem cuidou durante algum tempo. Quando o respectivo Pássaro Anzu voltou, ficou tão feliz com os actos do herói que decidiu recompensá-lo com um dom semelhante à super-velocidade, mas que ele não deveria divulgar a ninguém.
Voltando então à civilização, Lugalbanda reencontrou os seus companheiros do exército, que ainda estavam a tentar atacar a mesma cidade. Face à lentidão do confronto, o Rei Enmerkar decidiu procurar o auxílio da deusa Inana [i.e. Ishtar], enviando o herói em busca dela. A deusa respondeu-lhe com uma parábola, mas o resto da história está perdido.
Pouco mais sabemos sobre este Lugalbanda, com excepção de uma informação um tanto ou quanto curiosa - no Épico de Gilgamesh, o famoso herói refere-se a si mesmo como "filho de Lugalbanda" (e de uma deusa). É provável que esse matrimónio tomasse lugar depois dos episódios que nos chegaram nas fontes da Suméria, com mais de 4100 anos, mas é pouco mais do que uma suposição. Mas, pelo menos, este mito não foi totalmente perdido nas areias dos tempos...