O mito de Melusina (ou Melusine)
O mito de Melusina (ou Melusine) é de origem medieval, com diversas versões em vários países europeus, que vão adicionando mais ou menos elementos a uma trama-base, que pode ser contada assim:
O mito de Melusina, também conhecida como Melusine, é o de uma mulher misteriosa, mas inesquecivelmente bela, que um dado cavaleiro veio a conhecer. Caído de amores por ela, prometeu-lhe que faria tudo o que pudesse para a obter para esposa; mas Melusina, essa, limitou-se a pedir-lhe algo de muito simples - que a deixasse completamente só numa determinada altura.
Inicialmente, o cavaleiro respeitou esse pedido e tudo corria bem. Pelas suas artes mágicas, Melusina deu-lhe até tudo aquilo que ele poderia desejar - amor, riquezas, filhos, um enorme castelo, entre muitas outras coisas. Mas depois, um dado dia, movido pela curiosidade e contrariando a sua promessa original, decidiu vê-la no banho e notou que a sua amada tinha uma forma monstruosa escondida abaixo da cintura. Já ela, mal se apercebeu do gesto do cavaleiro, desapareceu nesse preciso instante e nunca mais foi vista...
Nesta pequena história podem ser vistos um conjunto de elementos que aparecem em muitas outras lendas medievais, dos quais a promessa não-cumprida é um dos mais óbvios. As versões divergem em relação ao acto proibido por Melusina - o de ser vista a tomar banho, ou o de ser vista num dado dia da semana? - mas todas elas afirmam que o cavaleiro acabou por desrespeitar essa proibição e, como tal, acabou por perder não só o seu grande amor como todos os outros grandes dons que esta lhe tinha propiciado.
Poderia perguntar-se... porquê essa proibição? Dever-se-ia a um tabu relativo à nudez feminina, como no mito de Acteon? A razões religiosas, tratando-se o dia da semana de aquele consagrado ao Senhor Deus? A razões anteriores a esta trama, que até prefaciam outras versões? Não sabemos, mas proibições semelhantes aparecem em muitas outras histórias da Idade Média, acabando por ser desrepeitadas em todas elas e levando, quase sempre, aquele que as quebra ao mais completo desespero.