O mito de Narciso em resumo
De entre os muitos que nos chegaram da Antiguidade e da Mitologia Grega, o mito de Narciso, de que aqui falamos hoje, é ainda um dos mais famosos dos nossos dias de hoje. De facto, ainda se fala bastante de "narcisismo" - aquela infame característica de alguém que gosta exageradamente da sua própria imagem física - por uma evidente relação com a agora-famosa história desta curiosa figura dos tempos da Antiguidade. Por isso, e para quem ainda não a conhecer, nada como recordar aqui esse famoso mito, de uma forma bastante resumida e muito fácil de ler:
Narciso é - ou melhor, era - um jovem de incrível beleza. Porém, por muitas que fossem as mulheres a se apaixonarem por ele, ele rapidamente se dizia incapaz de amar qualquer uma delas. Até que um dia, farta de todas essas rejeições contínuas, uma dada jovem - ou seria ela, na verdade, uma ninfa? - lhe desejou que este se viesse a apaixonar por si próprio. E, por intervenção divina, assim veio mesmo a acontecer - um dado dia, enquanto bebia água de um pequeno ribeiro, este herói olhou para a sua imagem refletida nas águas, estacou por um breve momento, e... vendo esse seu próprio reflexo, apaixonou-se. Não por outra mulher, ou por um simples homem, ou mesmo por uma deusa do Olimpo, mas somente pela figura de si próprio. Completamente apaixonado, este herói foi então incapaz de afastar o olhar dessa imagem por um só segundo que fosse, deixou-se ficar nesse local durante horas, dias, semanas... até falecer de fome e de cansaço, mas num "júbilo" constante de se amar a si próprio.
Este é o cerne de todo o mito. Se as diversas versões lhe adicionam um ou outro elemento - por exemplo, a das Metamorfoses de Ovídio, a mais famosa de todas elas, funde-o com o mito da ninfa Eco, e metamorfoseia-o numa nova flor após a morte - tende sempre a ser um aspecto comum que este herói seja levado à sua destruição pela sua húbris, pelo facto de se considerar inapaixonável, independentemente de quem se lhe cruze. E é esse amor desmesurado por si próprio, seja o deste Narciso ou o de cada um de nós, que o mito nos tenta instar a temer, numa espécie de moral da história.
Diga-se mais, até. No tempo de agora, das mais distintas redes sociais, de vários "likes" a cada nova imagem que se vai publicando, talvez seja sempre uma óptima ideia relembrar aquela grande lição que o jovem Narciso, cujas acção aqui resumimos, só aprendeu com a sua própria morte... gostarmos de nós mesmos não tem absolutamente nada de mal, até bem pelo contrário, mas o problema começa é quando essa paixão se torna tão grande que interfere na nossa relação com os outros, não vos parece? E é essa a grande lição que este mito nos tenta passar, hoje, tal como nos tempos da Antiguidade...