A "Ilíada" da Marvel
Faz já algumas semanas que aqui falámos da banda desenhada The Trojan War da Marvel. Na altura, mencionámos igualmente que a mesma editora já tinha publicado, anteriormente, uma versão da Ilíada em quadradinhos, mas o que podemos dizer dessa outra obra, publicada um ano antes?
Trata-se, única e exclusivamente, de uma opinião pessoal, que até foi muito debatida deste lado do ecrã, mas sentimos que é inferior à sua "sequela", na medida em que se foca mais nos diálogos do que em tentar relatar acções mais gerais. Isto nada teria de mal, naturalmente, não fosse o facto da conjugação entre as acções mostradas e os próprios diálogos parecerem frequentemente pouco condizentes. Veja-se, por exemplo, este momento de um diálogo entre Páris e Heitor:
Este deveria ser o momento em que Heitor, o bastião de Tróia, critica o seu irmão, mas Páris quase que parece gozá-lo, não nas suas palavras mas na forma como é aqui representado. Além disso, os diálogos pareceram-nos todos muito estáticos, como se se pretendesse reproduzir o épico não pela sua beleza poética, mas enchendo-os de palavras caras - e, na verdade, os próprios autores parecem ter reconhecido essa dificuldade, já que os (oito) volumes terminam com um glossário. Apesar destas fragilidades, há que admitir que as aventuras respeitam, quase sempre, o conteúdo do poema de Homero.
Se, anteriormente, até elogiámos a obra The Trojan War da Marvel, neste outro caso não nos parece justo fazê-lo. Se a ideia de transpor os Poemas Homéricos para banda desenhada é interessante e digna de nota, a forma como o próprio poema foi adaptado por Roy Thomas parece-nos muito menos positiva, dando lugar a um resultado um tanto ou quanto enfadonho, menos aprazível que a sua sequela.