A lenda(?) de Beatriz Burgos
Lemos esta lenda(?) de Beatriz Burgos num qualquer livro há muito, muito tempo. Recordar-nos onde foi parece-nos agora difícil, mas há um elemento curioso - a escritora do livro assegurava o leitor, uma e outra vez, de que esta era uma história bem real, de um homem de quem ela tinha ouvido falar, mas que tinha falecido uns anos antes.
Pedro Pinto tinha dois filhos. Um deles, o mais velho, apaixonou-se por Beatriz Burgos, mas o seu pai disse-lhe que jamais permitira esse casamento, porque a amada nada tinha para oferecer excepto a sua beleza física. Desiludido, esse filho chorou durante dias e dias, mas depois lá aceitou a derrota.
Beatriz apaixonou-se, depois, por outro homem. Um homem que era, nem mais nem menos, o filho mais novo de Pedro. Pensava amá-lo mais que tudo neste mundo. E então, um dia, acabou por dizer ao irmão deste que estava loucamente apaixonada, e que a não ser que algo acontecesse ao seu amado, jamais poderia vir a amar outro homem neste mundo.
Então, louco de raiva e de ciume, o filho mais velho de Pedro Pinto foi a casa e matou o irmão mais novo com um punhal, pensando que assim Beatriz o voltaria a amar a ele, e somente a ele. Mas esta, quando soube o que aconteceu, suicidou-se, e o seu corpo deu à costa em Oeiras. Já o homicida, esse, juntou-se a um mosteiro, onde viria a falecer em inícios do século XIX.
Terá isto sido mesmo verdade? Nunca conseguimos descobri-lo; se tem um conjunto de elementos muito comuns nas tragédias de amores, existem igualmente histórias semelhantes mesmo nos nossos dias. É uma história tristemente verosímil, mas as nossas buscas pelo nome de Beatriz Burgos não nos levaram a nenhuma conclusão muito palpável.