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Mitologia em Português

03 de Maio, 2020

A lenda da Cuca, Coca e Coco

A figura conhecida em Portugal e no Brasil como Cuca, Coca ou Coco é tudo menos simples. Na verdade, há meses e meses que pretendemos falar da sua lenda, mas deparámo-nos repetidamente com um problema, que é o facto de existirem diversas criaturas com este nome, que nem sempre são fáceis de sintetizar ou interligar. Por isso, já que agora estamos a falar de alguns temas da Mitologia do Brasil, achámos que esta figura seria perfeita para uma breve referência ao tema. Pergunte-se então - quem é a figura conhecida sob estes vários nomes?

Uma Cuca, Coca ou Coco

Uma primeira versão da lenda da Cuca, ou Coca, faz dela uma mulher misteriosa com que os pais assustavam os filhos, uma espécie de "papão". E, como este, também não parece ter qualquer lenda associada, sendo uma figura quase fantasmagórica, sobre a qual absolutamente nada se sabe. Porém, podemos deixar uma curiosidade - quando usamos a expressão "estar à coca", essa é uma referência ao acto principal desta figura, que se escondia e espreitava pelas crianças, aguardando que estas adormecessem.

A segunda Cuca é uma espécie de dragão associada ao norte de Portugal e de Espanha, que segundo a lenda foi derrotada pelo próprio São Jorge ou pelos populares de uma qualquer vila nortenha. Esta versão está hoje imortalizada, por exemplo, na festa portuguesa de Monção que pode ser vista no vídeo acima.

Uma Cuca, Coca ou Coco

A terceira lenda da Coca, ou Cuca, é a de uma figura brasileira que nos chegou especialmente atrás da obra de Monteiro Lobato, uma espécie de feiticeira nocturna que tem cara de jacaré e rapta crianças, bem conhecida dos leitores ou espectadores do Sítio do Picapau Amarelo.

 

Os mais atentos poderão ver na terceira figura uma espécie de fusão das duas anteriores, mas poderá tratar-se de uma mera coincidência. Que a figura brasileira deriva de alguma antiga lenda portuguesa é claro, mas infelizmente já pouco se sabe sobre os limites das outras duas para que se possa concluir algo de muito fiável - seriam elas originalmente uma só? Será que o dragão resulta de uma conflação de vários mitos anteriores, de uma possível tentativa de associar uma nova lenda a uma figura que ainda não tinha nenhuma? Será que eram, originalmente, figuras completamente distintas, que se foram fundindo em virtude da evidente semelhança dos seus nomes?

Não sabemos, sendo até possível que tenham existido outras figuras que partilhem este nome (ou algum outro semelhante a ele), e que entretanto foram sendo sendo esquecidas pelas pessoas - de facto, aquando da escrita destas linhas confrontámos várias pessoas em Portugal com o nome da Cuca (ou Coca, ou Coco), e nenhuma delas parecia saber do que falavamos...

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03 de Maio, 2020

O outro castelo de Sintra

Hoje, quando pensamos num castelo de Sintra, a nossa mente é imeditamente levada àquele que é chamado o "Castelo dos Mouros". Mas, ainda assim, talvez sejam já poucos aqueles que sabem que em outros tempos existia um segundo castelo, ou uma espécie de fortaleza, associada à mesma vila. Infelizmente, são já poucos os vestígios palpáveis desse segundo recinto, mas o Livro das Fortalezas, de Duarte de Armas, datado de inícios do século XVI e que pode ser consultado aqui, preserva-nos duas imagens muito interessantes.

O Castelo de Sintra

Aqui, o Castelo dos Mouros pode ser visto no topo da montanha, circundado a vermelho, enquanto que algumas muralhas, num estado de destruição já muito notório, estão assinaladas a verde. É certamente possível que estas segundas se tenham tratado, em tempos agora já demasiado esquecidos, de uma primeira cerca de protecção em redor da vila.

O Castelo de Sintra

Nesta segunda imagem, desenhada do lado oposto, estão o famoso castelo a azul (no topo da montanha) e a Igreja Paroquial de São Martinho de Sintra, a vermelho, que ainda existe e cuja entraa continua a ser muito semelhante à mostrada aqui. Mas, a verde, pode ser vista uma espécie de muralha, que ainda existe (mas talvez não totalmente igual?), e que trai a função defensiva original de todo o complexo a que hoje se chama o Palácio Nacional de Sintra.

 

Os mais puristas poderão dizer que estas imagens, do século XVI, não mostram verdadeiramente um segundo castelo de Sintra. E isso é verdade, não conseguimos encontrar imagens reais em que essa fortificação ainda se encontrasse completa - o que provavelmente ainda acontecia no século XII, quando o local foi conquistado pelos Cristãos - mas dão-nos é a entender que existiu um período em que existia uma muralha defensiva em redor de toda a vila, um espécie de outro castelo de Sintra, com os seus contornos hoje perdidos em função do peso dos séculos. Já pouco sabemos sobre ele, mas pelo menos estes desenhos de Duarte de Armas permitem-nos ter consciência, de uma forma muito vaga, dos contornos que Sintra tinha em outros tempos...

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