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Mitologia em Português

07 de Maio, 2020

Livros de (e para) uma pandemia

Decameron

Há já alguns dias vieram-nos pedir sugestões de leitura para estes estranhos tempos de uma pandemia em que agora vivemos. A pessoa estava fechada em casa e queria algo de inesperado, de novo, para ler. Muitas poderiam ser as sugestões de leitura, mas recordámo-nos que essa precisamente a trama do Decameron de Boccaccio (ou "Decamerão", se preferirem).

Nessa obra, e como já mencionámos em 2018, tem lugar uma trama que nos poderia parecer, à partida, muito pouco verosímil - "com a intenção de escapar a uma praga, 10 pessoas reúnem-se durante duas semanas e partilham uma centena de histórias". Infelizmente não encontrámos qualquer tradução portuguesa da obra que esteja em domínio público, mas ela pode ser encontrada gratuitamente em Espanhol, Francês, Inglês ou Italiano, entre outras línguas.

 

Para quem até já a tiver lido, pode encontrar muitos outros livros totalmente grátis em Francês, em Inglês e em Português em três sites que sempre nos pareceram interessantes.

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07 de Maio, 2020

Os números e a lenda da morte de Hípaso de Metaponto

Matemáticas

De uma forma muito simplista, os números podem ser divididos em naturais, racionais e irracionais. Os primeiros são "naturais" porque ocorrem na natureza - temos na mão duas maçãs, um bordão, um livro, dez pequenas pedras, etc. Os segundos são "racionais" porque nascem de uma aplicação da razão humana aos primeiros, i.e. se quisermos dividir duas maçãs por cinco amigos temos de recorrer a eles. Já os terceiros são "irracionais" porque na aplicação desses dois grupos podem surgir números que não são completamente exprimíveis pela razão humana, e.g. a constante necessária para calcular a área de um círculo. Agora, se os dois primeiros são de tempos imemoriais, aos terceiros já podemos associar uma pequena lenda do tempo da Grécia Antiga.

 

Esta diz-nos que o terceiro grupo foi descoberto pelos Pitagóricos, colectivamente, ou apenas por Hípaso de Metaponto, um dos seus membros. Quando é atribuído apenas a esta segunda figura, é-nos apontado que quando meditava nos possíveis resultados da aplicação da fórmula do chamado "Triângulo de Pitágoras" se deparou com um enorme problema - se um triângulo tiver dois lados iguais de comprimento 1, qual será o tamanho da sua hipotenusa? Como exprimir esse número, que não era natural nem racional?

Ao considerar questões matemáticas como estas e muitas outras, Hípaso interrogou-se e divulgou aquilo que eram considerados segredos exclusivos dos deuses omnipotentes. E então, segundo a lenda, a húbris das suas acções conduziu-o à sua morte, afogando-se como punição dos deuses ou dos homens seus companheiros.

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07 de Maio, 2020

A lenda da Mina de Ouro Perdida de Dutchman

A lenda da Mina de Ouro Perdida de Dutchman é, segundo sempre nos foi dito, talvez uma das mais famosas dos Estados Unidos da América. É relativamente recente - data de meados do século XIX - mas nem por isso menos interessante, até porque nos apresenta uma história muitíssimo simples, mas com um apelo enormíssimo para o público em geral, até dado o que promete a todos aqueles que conseguirem acreditar nela.

A lenda da Mina de Ouro Perdida de Dutchman

Esta lenda da Mina de Ouro Perdida de Dutchman conta-nos então que Jacob Waltz, um imigrante alemão nascido em 1810, se fixou no estado ao Arizona e encontrou na zona das chamadas Montanhas Supersticiosas uma mina com uma quantidade de ouro quase infindável. Agora, se essa parte de toda a história parece estar bem atestada nas fontes da época, o grande problema é que ele acabou por falecer em 1891 sem nunca ter divulgado a absolutamente ninguém a localização da sua mina. E então as pessoas começaram a procurá-la... e foram procurando por ela até aos nossos dias de hoje!

 

É, pura e simplesmente, esta a história associada a Jacob Waltz e à Mina de Ouro Perdida de Dutchman, mas ela levanta diversas questões:

Afinal, quem era o "Dutchman" que deu nome a toda a lenda? Esse era, na verdade, o nome dado na altura aos imigrantes europeus que vinham da zona da Alemanha, como era o caso de este Jacob Waltz. Porém, que a lenda esteja associada à sua nacionalidade, mais do que à sua pessoa em concreto, leva a crer numa potencial fusão de histórias, e sabe-se que existia, na verdade, uma anterior a esta, de um outro "Dutchman", já esse sem nome, que faleceu num deserto da região e foi encontrado com muito ouro em sua posse.

Depois, porque têm estas montanhas o nome de "Supersticiosas"? Essencialmente porque ao longo do tempo parecem ter existido diversas lendas associadas às diversas montanhas existentes na região, de entre as quais a mais recente é aquela de que cá falamos hoje. Visto que os habitantes locais tinham um medo muito significativo de toda a zona - ou talvez lhe possamos chamar respeito? - elas ficaram conhecidas como as "Montanhas da Superstição", por se encontrarem ligadas a todo um conjunto de situações que, para quem não era nativo da região, provavelmente soavam a meras fantasias dos seus habitantes.

Jacob Waltz, o Dutchman

E, ainda... será toda esta história verdade? Será que Jacob Waltz existiu, e encontrou verdadeiramente as grandes minas de ouro que estão hoje associadas ao seu nome? A resposta é claramente positiva em relação ao primeiro ponto (acima até pode ser vista uma fotografia que se pensa ser dele), mas já em relação ao segundo as coisas não são tão simples. Existem diversas versões de toda esta história, como é comum em lendas que foram sendo repassadas de uma forma oral, mas algo em que todas elas insistem é que este homem tinha muito ouro e ninguém parecia saber de onde ele vinha. Se encontrou tanto ouro como a lenda dizia, se encontrou uma soma mais pequena, ou se o obteve de alguma outra forma, só o próprio o soube, e parece nunca o ter dito a ninguém de uma forma completamente convincente.

 

Para terminar, será então esta lenda da Mina de Ouro Perdida de Dutchman verdade? Ou, fazendo uma questão bem mais precisa, será que temos alguma prova real da existência de uma mina nas chamadas Montanhas Supersticiosas cujas muitas riquezas ainda estão por descobrir? Na verdade... não, não temos qualquer prova disso mesmo, mas apenas diversas versões de um evento que se presume, sem certezas, ter sido real. E, por isso, procurar por esta mina nos EUA é como tentar encontrar a Ilha Encoberta do tempo dos nossos avós...

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