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Mitologia em Português

11 de Maio, 2020

Os mitos do nascimento de Atena e de Hefesto

Se existem dois mitos gregos que podem e devem ser contados quase lado a lado são os do nascimento da deusa Atena e do deus Hefesto. Comece-se pelo primeiro e depressa se entenderá essa relação muito natural com o segundo.

O nascimento de Atena

Numa das suas muitas escapadelas sexuais Zeus envolveu-se com a deusa Métis, apesar de já lhe ter sido repetidamente profetizado que algum descendente que nascesse dela viria a destronar o seu próprio pai. Consumado o seu desejo, e relembrando-se depois das profecias que tinha ouvido, o deus rapidamente se arrependeu das suas acções. Então, sabendo que Métis estava grávida, decidiu engoli-la, seguindo um precedente estabelecido pelo seu próprio pai.

Tudo poderia ter ficado por aqui, mas passados alguns dias Zeus começou a sofrer de uma dor de cabeça muito persistente. A dor, com o passar do tempo, acabou por se tornar tão grande que, em grande desespero, o deus pediu a um companheiro que lhe batesse com com um machado na cabeça, de forma a aliviar a dor. E, quando isto teve lugar, o golpe foi tão profundo que lhe rachou a cabeça, fazendo sair desse local a deusa Atena, recém-nascida mas já completamente equipada para a batalha.

 

O tempo foi passando, até que a deusa Hera começou a sentir mais e mais inveja pelo acto invulgar do seu marido. Assim, de uma forma que não é totalmente clara nos mitos, decidiu também ela gerar um rebento sozinha, imitando o seu companheiro. E até conseguiu fazê-lo, mas Hefesto nasceu com um pequeno defeito de nascença; tão triste quanto horrorizada, Hera atirou-o então dos píncaros do Olimpo, desfigurando-o ainda mais.

Assim, se Atena nasceu de Zeus e sempre foi bem amada, Hefesto era corcunda, com uma forma grotesca, possivelmente por ter sido fruto do desejo incompleto de sua mãe.

 

Claro que ao longo dos séculos existiram várias versões destes dois mitos - em algumas delas até é o próprio Hefesto que abre com um golpe a cabeça de Zeus, levando ao nascimento de Atena - mas a opinião geral é que tanto Zeus como Hera deram à luz estes seus filhos de uma forma anómala e sem uma intervenção directa de alguém do sexo oposto. Mesmo nos mitos gregos, esta é uma situação muito incomum, que apenas encontra um caso semelhante no nascimento de Dioniso, de que falaremos um outro dia...

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11 de Maio, 2020

A estranha metamorfose de Francisco e Jacinta, pastorinhos de Fátima

O Milagre de Fátima - Parte II

Francisco e Jacinta

Como ontem foi dito, quando Lúcia escreveu as suas memórias os seus companheiros Francisco e Jacinta já há muito que tinham falecido, e só eles poderiam atestar muitas das informações que ela nos deixou por escrito. Nesse sentido, o livro das Memórias da Irmã Lúcia dedica uma parte significativa das suas linhas ao carácter e eventos que tiveram lugar com estes dois irmãos. Os meninos são descritos de uma dada forma, depois surge um momento de charneira, e depois passam a ser descritos de forma significativamente diferente.

 

Que momento foi esse? Estranhamente, não foi a aparição de Nossa Senhora, mas um conjunto de aparições anteriores a essas. Lúcia foi vendo um anjo; depois, numa manhã de chuva, ela, acompanhada por Francisco e Jacinta, viram e falaram com o Anjo da Paz (ou Anjo de Portugal). Por três vezes o fizeram, e no final dessa terceira aparição surgiu-lhes um prodígio, em que o mesmo anjo lhes apresentou uma hóstia e um cálice com sangue; Lúcia come a primeira (porque já tinha feito a simbólica primeira comunhão), enquanto que os dois irmãos bebem do cálice.

Jacinta, antes uma rapariga invejosa e que não sabia perder aos jogos, parece depois mostrar-se preocupada com quem sofre. Francisco, antes um menino indeciso, mostra-se posteriormente uma figura muito contemplativa. De um ponto de vista da Psicologia, a ter verdadeiramente lugar uma tal metamorfose, "algo" se terá passado com eles, algo que para eles foi muito significativo.

 

O caso de Francisco é particularmente intrigante. De uma forma muito secundária é-nos dito que ele presenciava as várias aparições, mas não conseguia ouvir nada do que era dito (e Jacinta ouvia-as com alguma dificuldade...), restando ás duas meninas contarem-lhe posteriormente essa informação. Até ouvimos diversas teorias sobre o porquê de isto acontecer, mas a verdade é que o livro nunca o explica! Talvez assim se compreenda ele ter "chumbado" no exame da catequese - aparentemente, nem a cunha de ter visto a Mãe de Deus com os seus próprios olhos conta perante a Igreja dos nossos dias...

Num outro momento, enquanto deambulam por alguns barrancos, Francisco põe-se a gritar. As meninas encontram-no, pouco depois, "a tremer de medo, ainda de joelhos, que, aflito, nem arte tinha para se pôr de pé". Porquê? Responde-lhes com as seguintes palavras - "Era um daqueles bichos grandes, que estavam no Inferno, que estava aqui a deitar lume." Seria uma brincadeira de criança, uma fantasia infantil como tantas dos nossos dias? Já não temos forma de o saber, e com uma única fonte para todo esse evento torna-se difícil conseguir sintetizar onde termina a sua realidade e começa a ficção. Como tal, para amanhã considere-se um outro caso, até de grande importância para todo este tema.

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