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Mitologia em Português

25 de Maio, 2020

Fenghuang, a Fénix Chinesa, e como se distingue da ocidental

Fenghuang, a Fénix Chinesa, tem nas obras de mitologia um papel parcialmente enganador, porque as referências a ela induzem um pouco o leitor ocidental em erro. Na verdade, há alguns dias, enquanto líamos um dado texto chinês, deparámo-nos com esse problema - o texto, lido em tradução inglesa, mencionava uma "fénix". Estranhámos a referência, porque isto poderia levar a uma (falsa) ideia de que diversas culturas por todo o mundo acreditavam numa mesma criatura com características análogas à da nossa Fénix. Mas, na verdade, o que o texto mencionava em chinês era uma criatura que hoje é conhecida como Fenghuang, e que pelas razões que mostraremos abaixo tende a ser traduzida entre os ocidentais como "fénix".

Será Fenghuang?!

Deixe-se muito claro que Fenghuang é uma criatura significativamente diferente da fénix ocidental. O seu nome nasceu da junção de uma espécie em que o elemento masculino era chamado Feng e o feminino Huang - juntando-se ambos num só corpo, assim nasceu esta Rainha dos Pássaros e símbolo chinês do nosso ponto cardeal sul. Este animal, também conhecido em Japonês como Ho-ho, é um dos quatro animais sagrados chineses e um símbolo da imperatriz (por analogia ao dragão Yinglong, símbolo do imperador), com cada uma das suas cores a ter uma simbologia muito específica.

 

Mas então, porque é o nome deste pássaro normalmente traduzido como "fénix"? Não tem qualquer relação simbólica com o fogo ou ressurreição, mas essa convenção poderá ter vindo do facto de só existir uma Fenghuang, tal como a Mitologia da Antiguidade nos diziam que só existia uma única fénix - ou seja, eram ambas criaturas únicas e do sexo feminino. No entanto, a relação entre estes dois pássaros parece terminar precisamente nessa coincidência, sendo esta portanto uma tradução muito imprecisa...

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25 de Maio, 2020

O "Cantar de Mio Cid" - e qual é o mais antigo poema épico português?

Cavaleiro

O Cantar de Mio Cid é o mais antigo poema épico espanhol (e ibérico). Conta-nos parte da história de um famoso herói espanhol, Rodrigo Díaz de Vivar, que viveu no século XI e ficou conhecido para a história como "El Cid" e "Campeador". A história começa com o exílio deste herói da corte de Afonso VI (de Castela, obviamente), e prossegue com várias aventuras até à morte do herói.

 

Claro que os combates abundam neste épico, mas o que é particularmente digno de nota é que este poema se inspira em múltiplos factos bem reais, salvo um ou outro elemento ficcional menor - por exemplo, nunca é mencionado que El Cid teve um filho, e a trama só lhe associa duas filhas, que são dadas em casamento a dois irmãos (ficcionais). Porém, e apesar desse grande carácter real, esta não é uma criação poética enfadonha, puramente histórica, mas uma que até dá algum prazer de leitura, mesmo na completa ausência daqueles elementos mágicos e fantasiosos que acabarão por caracterizar as aventuras de cavalaria mais recentes.

 

Após a leitura dos seus versos temos agora uma curiosidade para oferecer. Perto do final da trama deste Cantar de Mio Cid tem lugar um momento numa espécie de tribunal, em que é dado um papel de juiz a um membro da corte castelhana chamado "Henrique" - é provável que se trate de Henrique de Borgonha, pai do "nosso" Afonso Henriques, unindo de uma forma ténue este escrito de nuestros hermanos ao nosso país.

Mas, ao mesmo tempo, isto suscita-nos uma grande dúvida - se este é o mais antigo poema épico espanhol, qual foi o primeiro composto em Portugal? Já ouvimos vários especialistas teorizarem um possível épico sobre os grandes feitos de Afonso Henriques, que já não chegou aos nossos dias e que possivelmente até seria o primeiro da pátria portuguesa, mas então... qual é o mais antigo poema épico português que ainda podemos ler? Será que alguém sabe?

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