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Mitologia em Português

15 de Julho, 2020

As Musas da Mitologia Grega (e o seu número)

Se o nome de musa é hoje associado quase exclusivamente a uma figura inspiradora das artes, a designação de Μοῦσαι vem das musas da Mitologia Grega. No seu geral, referia-se a um conjunto de irmãs divinas que eram uma espécie de padroeiras das artes, cada uma com um seu domínio individual. Mas quantas eram as musas gregas, qual era o seu número?

As Nove Musas Gregas

Por esta altura há sempre uma espertalhão que gostaria de poder gritar "nove, NOVE!", mas essa ideia vem essencialmente de Homero e de Hesíodo, que pelo facto de se tratarem daqueles dois poetas mais eminentes acabaram por ter um enorme impacto nos autores que se lhes foram seguindo. Porém, existiam também duas outras grandes opiniões, com alguns autores a dizerem que elas eram apenas três, enquanto que outros afirmavam que o seu número era sete. Tenha-se em atenção que em qualquer um dos casos tratam-se de números puramente simbólicos, sendo muito provável que a sua quantidade tenha nascido antes dos seus nomes e identidades individuais.

 

Deixando de parte essa ressalva, dada a fama dos dois grandes poetas épicos gregos o número das musas, como já foi dado a entender acima, tende normalmente a ser considerado como nove, com as seguintes identidades, que ao longo dos séculos se foram tornando mais ou menos estáveis:

  • Calíope tinha o controlo da Poesia Épica.
  • Clio, a da História.
  • Erato era associada à Poesia Lírica.
  • Euterpe era a patrona da Música.
  • Melpomene estava ligada à Tragédia.
  • Polímnia era a figura associada aos Hinos (i.e. a música para os deuses).
  • Tália, a que estava por detrás da Comédia.
  • Terpsícore associava-se à Dança.
  • Urânia, finalmente, era a regente da Astronomia.

 

Agora, certamente que seria muitíssimo interessante deixar aqui alguns mitos associados a cada uma dessas figuras, mas raramente os há. Na verdade, salvo uma ou outra excepção menor (por exemplo, segundo uma versão do mito foram elas que julgaram um concurso musical entre Apolo e Marsias), as referências a elas provêm normalmente ou de evocações (e.g. "Canta, ó Musa, a cólera de Aquiles..."), ou de referências genealógicas (e.g. Orfeu era tão bom na sua arte que só podia ser filho de Calíope). Nesse sentido, podemos dizer que as Musas Gregas, mais do que figuras meramente mitológicas - em número de 3, 7 ou 9 - são, talvez mais que tudo, figuras simbólicas, como o Caos ou aqueles famosos 10000 deuses dos Romanos.

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15 de Julho, 2020

"Em Busca do Sobrenatural", de Gan Bao

Um animal estranho

Gan Bao foi um autor chinês do século IV da nossa era. O que o torna digno de nota para estas linhas é uma obra que compilou e cujo título original pode ser traduzido como Em Busca do Sobrenatural, em que reporta muitos dos eventos ditos sobrenaturais que foram tomando lugar em terras da China ao longo dos anos. Agora, se essa ideia até nos poderá parecer interessante, a forma muito sucinta como o autor vai relatando a maior parte das ocorrências - mas frise-se que existem excepções, momentos em que ele até conta pequenas histórias com princípio, meio e fim - torna toda a obra muito maçuda. Por isso, nada como ver três pequenos exemplos do conteúdo da obra:

Além dos Mares do Sul existem sereios, que vivem na água e parecem peixes, mas eles sabem coser e tecer, e quando choram as suas lágrimas transformam-se em pérolas.

 

Uma dama que pertencia a Fu Han deu à luz um dragão, uma menina e uma pomba. O Comentário às Mudanças de Ching Fang diz "Quando alguém dá à luz alguma coisa nunca antes vista pelo Homem irão existir disputas no império."

 

Yu Tang foi caçar à noite, encontrou um enorme veado e acertou-lhe com uma flecha. O veado falou com voz humana, dizendo "Yu Tang, tu mataste-me!" Quando o próximo dia nasceu ele encontrou o veado e levou-o para casa. Quando chegou, Tang morreu imediatamente.

 

Pequenas sequências como estas até nos permitem saber mais sobre a cultura chinesa da época, e sem dúvida que nos deixam muitíssimas perguntas engraçadas/estranhas por responder, mas... será que os leitores dos nossos dias acham piada a ler "curiosidades" desta natureza durante mais de 200 páginas? Normalmente a resposta tende a ser negativa, acabando esta Em Busca do Sobrenatural, de Gan Bao, por ser uma obra melhor consumida em quantidades moderadas e por uma audiência muito específica.

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