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Mitologia em Português

31 de Agosto, 2020

A origem de São Tomé e Príncipe

Continuando as origens dos nomes de países lusófonos, hoje falamos sobre a origem de São Tomé e Príncipe, um conjunto de duas ilhas - uma delas São Tomé, e a outra agora com o nome de Príncipe - localizadas no Golfo da Guiné. A que se devem estes seus nomes?

A Ilha de São Tomé

De uma forma que poderá parecer inesperada, são muito pequenas e rápidas as explicações por detrás de cada um dos dois nomes. Em relação à Ilha de São Tomé, o seu nome deve-se à data em que foi descoberta pelos Portugueses, 21 de Dezembro de 1470, num dia que estava associado a esse santo em particular, quase como também aconteceu no caso do Brasil. Na altura, a ilha estava vazia de qualquer ocupação humana, pelo que - para quem estiver curioso - nem faria sentido perguntar-se qual o seu nome entre os nativos.

A segunda ilha, bem mais pequena que a primeira, foi descoberta a 17 de janeiro de 1471, no dia de Santo Antão [do Deserto?]. Ou seja, aparentemente havia uma política portuguesa horizontal de dar ás ilhas recém-descobertas o nome do santo associado ao dia da sua descoberta. Mas, se assim o era, porque tem essa segunda ilha hoje um outro nome? Bem, diz-nos a história que algum tempo depois, quando o único herdeiro do Rei D. João II nasceu, este rei ficou tão feliz com a ocorrência que mudou o nome da Ilha de Santo Antão para o seu actual, dedicando-a assim ao seu amado filho e príncipe (que, infelizmente, viria a falecer pouco depois).

 

Assim se explica a origem do nome de São Tomé e Príncipe, uma origem com poucos mitos ou lendas mas fundada, essencialmente, em elementos histórias de alguma importância, e que ainda nos preservam parte de uma cultura nacional de outros tempos.

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31 de Agosto, 2020

A previsão pelos sonhos no Livro de São Cipriano

Já cá falámos dos seus diversos feitiços, mas hoje queríamos falar da previsão do futuro pelos sonhos no Livro de São Cipriano. Se essa obra contém diversos rituais mágicos, também apresenta, aqui a ali, alguns estratagemas para a previsão do futuro, e um dos mais dignos de nota é o mecanismo de prever o que nos irá acontecer através do conteúdo dos nossos sonhos. A ideia não é nova (na verdade, até já cá falámos antes de uma obra de interpretação de sonhos muito mais interessante), mas neste livro a esta suposta arte é dado um carácter muito redutor, traduzindo quase todo o tipo de sonhos em previsões relativas a relações, dinheiro ou saúde.

Um rectângulo para ritual

Agora, seria difícil resumirmos por cá as várias páginas de indicações sobre os sonhos, pelo que indicamos apenas, e a simples título de exemplo, um elemento para cada letra do alfabeto:

[Sonhar com...] Abraços - traição, mau proceder, prazeres ilícitos.
Bandidos - fortuna adquirida em pouco tempo.
Cadáver - alegria e boa saúde, amizade.
Dançar - bom sucesso, ganho certo.
Eleição - a política nunca dá proveito (coff coff).
Faca - desunião, inimizade; duas em cruz, briga, morte.
Gago - um filho que será grande orador.
Harpa - felicidade destruída pela inveja.
Ignorância - estudar muito faz mal à saúde (coff coff).
Jardim - prosperidade próxima.
Lã - união de família, trabalho proveitoso.
Macaco - infidelidade, malícia.
Nabos - cura de doença, lucro em negócios.
Oculista - cegueira na escolha de afeições.
Padre - protectores interesseiros.
Quadro - amor pelas artes.
Rato - inimigo oculto.
Sangue - dores de cabeça, fortuna abundante.
Taberna - alteração na paz doméstica.
Uvas - lágrimas, má sorte.
Vinho - riqueza, saúde.
Xarope - saúde perfeita.
Zangão - amor sincero, casamento próximo.

Terminados estes pequenos exemplos, é possível ver, aqui e ali, alguma relação entre o próprio sonho e a realidade em que, supostamente, se nos deveria aproximar, mas tudo se prende, como já foi dito acima, em previsões relativas a relações, dinheiro ou saúde, que são normalmente as grandes áreas em que as pessoas tendem a recorrer às magias populares. E isso faz sentido - se as pessoas procuram por X, certamente que uma bruxa de sucesso lhes terá de o dar, sob pena de não ter muito sucesso...

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29 de Agosto, 2020

A lenda da Batalha de Valverde

Se já cá falámos antes sobre Nuno Álvares Pereira, o Condestável, seja através da sua importância na cultura portuguesa, em algumas lendas nacionais, ou em ligação com Aljubarrota, a lenda da Batalha de Valverde mostra-nos igualmente bem o seu carácter. É uma história bastante pequenina, mas nem por isso menos digna de nota, razão pela qual decidimos recordá-la aqui hoje.

A lenda da Batalha de Valverde

Conta-se então que a 14 de Outubro de 1385 Nuno Álvares Pereira e o seu exército se encontraram envolvidos em mais uma batalha contra os Castelhanos. Nesta, que ficou conhecida sob o nome geral de Batalha de Valverde (uma localidade perto de Mérida, em Espanha), em dado momento o Condestável decidiu retirar-se do combate e rezar a Deus. Várias vezes lhe pediram que voltasse, limitando-se ele a pedir mais um instante, a dizer que apenas queria acabar de rezar, que ainda havia tempo para o que fazia. Depois, quando terminou, notou que os Castelhanos já não tinham mais setas - terá sido milagre divino? As versões que lemos não o deixam claro - e facilmente os conseguiu derrotar, numa espécie de sequela de Aljubarrota.

 

A cena de Nuno Álvares Pereira a rezar durante a Batalha de Valverde parece ter sido, há cerca de um século, relativamente popular na cultura portuguesa e no contexto do Estado Novo, com a imagem do azulejo acima a ter sido retirada do chamado "Forte de Salazar", mas hoje encontra-se muito esquecida, talvez pela rejeição tácita de algumas lendas nacionais na sequência do 25 de Abril. E, pelo menos neste caso em particular, essa rejeição parece ser indevida, já que esta breve lenda nada tem de muito errado, limitando-se a manter a ideia de um Portugal apoiado por Deus ao longo dos vários séculos, que já vinha de tempos da lenda da famosa Batalha de Ourique.

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28 de Agosto, 2020

A lenda das Amendoeiras em Flor

A Lenda das Amendoeiras em Flor tem grande fama em Portugal, sendo particularmente associada à região do Algarve. No entanto, são muitas as versões da lenda que podem ser lidas nos dias de hoje, razão pela qual optamos por contar aqui o seu cerne comum.

Lenda das Amendoeiras em Flor

Esta lenda fala-nos então de um rei árabe que vivia perto do local que se tornou Silves, no sul de Portugal. Ele amava muito uma mulher, uma belíssima princesa que tinha vindo do norte de Europa, mas por muito que lhe demonstrasse esse seu sentimento encontrava-a sempre muito triste. Uma e outra vez foi incapaz de compreender o que se passava, até que um dado dia isso lhe foi revelado - a princesa, que agora era a rainha do seu coração, sentia infindáveis saudades da neve do seu país natal.

Infelizmente, por muito que amasse esta mulher, o rei árabe era incapaz de transgredir as leis da natureza. Ele não podia fazer com que nevasse no Algarve, uma terra tão caracterizada pelo calor e pelas suas praias. Procurou uma solução durante dias, semanas, meses, até que lhe foi dada a sugestão de plantar amendoeiras na região. Primeiro, esta pareceu-lhe uma sugestão estranha, mas depois, com o passar dos meses, tanto o rei como a sua amada aperceberam-se de um milagre - um dia, ao acordarem, olharam pelas janelas do palácio e viram as árvores recém-plantadas cobertas de farrapos de neve, como na imagem acima, e a princesa, que agora já era rainha, não pôde senão sorrir bastante e alegrar-se com esse tão grande fruto do amor do seu marido!

 

O que podemos dizer sobre esta Lenda das Amendoeiras em Flor? É uma história que pretende justificar a presença de muitas Amendoeiras no Algarve, mas também o facto de estas árvores parecerem estar cobertas de neve. Tem uma trama muito simples, como aqui pôde ser visto, mas as diversas versões adicionam-lhe outros elementos, nomeadamente ao nível de como o rei descobriu a razão da tristeza da rainha, e de como obteve uma forma de lhe trazer a felicidade. No entanto, todas essas versões terminam sempre da mesma forma - a rainha, feliz, viu nestas amendoeiras em flor a neve do seu país natal, e recordando-se da terra em que nasceu, agradeceu enormemente o terno presente do seu amado... e hoje as Amendoeiras lá continuam, no seu lugar de outros tempos, relembrando esta bela história dia após dia.

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25 de Agosto, 2020

Porque são as vacas sagradas para os Indianos?

O facto de as vacas serem sagradas entre os Indianos é uma daquelas ideias que não suscitam quaisquer dúvidas, porque toda a gente parece saber isso. No entanto, o que poucos parecem saber, na nossa cultura ocidental, é o porquê das vacas serem consideradas como sagradas na cultura indiana. Podemos explicá-lo hoje.

Uma vaca na Índia

De uma forma simplificada, na Índia a vaca é vista como um animal sagrado em virtude do facto de se considerar que ela nos dá muito mais a nós do que nós lhe damos a ela em troca. Nesse contexto, magoar - ou até comer - uma vaca parece representar algo de completamente absurdo, porque seria o mesmo que ter em casa uma proverbial "galinha dos ovos de ouro" e, em detrimento de cuidar bem dela, comê-la ou tratá-la mal. Tenha-se em conta que as vacas não são veneradas na Índia como se de deusas se tratassem, essa é uma ideia incorrecta, são é muito respeitadas por esses seus dons que fornecem a toda a humanidade, e que são muito frequentemente reaproveitados na cultura indiana. Esta ideia é até particularmente clara numa obra de histórias indianas chamada Baital Pachisi, i.e. Vinte Cinco [Histórias] de Baital. Numa dessas tais 25 histórias (quase sempre amorosas) contidas na obra, um rajá, um monarca local, deixa de respeitar os deuses e é-lhe então dito o seguinte:

(...) [Os deuses] desceram à terra de várias formas; mas uma vaca é superior a todos eles, pois não sente raiva, nem inimizade; não fica bêbada; não sente fúria, avareza ou afecto excessivo; dá protecção a todos; e tanto ela como os seus filhos reagem de forma bondosa para com todos os animais da terra; e, por isso, tanto os deuses como os sábios vêem a vaca como digna de respeito.

 

Respondendo então, de uma forma muito sucinta, à pergunta que dá título a esta publicação, as vacas são sagradas na Índia essencialmente porque são vistas nelas um conjunto de características que seriam prolíficas a todos os seres humanos, não só pela sua mansidão mas também porque nos dão - mesmo na cultura ocidental - um conjunto de produtos sem os quais a vida humana dificilmente seria a mesma. Brincando até um pouco com a questão, sem a ajuda preciosa das vacas de onde viria o nosso queijo, ou o leite para os flocos do nosso pequeno almoço? Nunca pensaram nisso?

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25 de Agosto, 2020

A origem dos nomes do Brasil

Sobre a origem dos nomes do Brasil, já cá contámos anteriormente como o país foi, inicialmente, chamado pelos Portugueses Terra de Vera (ou Santa) Cruz. Porém, ao mesmo tempo isso poderá também suscitar duas questões adicionais - qual era o nome desse país antes dos Portugueses lá chegarem? E, posteriormente, porque foi o seu nome alterado para aquele que ainda tem nos dias de hoje, o de Brasil?

 

Em relação à primeira questão, segundo fomos lendo o nome nativo para a terra que hoje é o Brasil era Pindorama, que se acredita ter significado algo como "terra das palmeiras". Mas, se isto facilmente resolveria a questão, o grande problema é que, aparentemente, ninguém sabe muito bem de onde vem essa informação. Mesmo hoje, com tanta tecnologia à nossa disposição, é relativamente fácil encontrar este pedaço de informação individual, mas nunca parece ser dito quem verdadeiramente o relatou, ou até como esse dado chegou aos nossos dias de hoje. Sim, ainda existe um local chamado Pindorama no Brasil, um município no estado de São Paulo, e rapidamente somos informados que esse era o nome tupi para as terras brasileiras, mas... desconhecemos as vias pelas quais essa informação chegou até aos nossos dias. Oops!

A antiga Ilha do Brasil

Agora, em relação ao segundo ponto, porque razão foi o nome dessa nova terra alterado para Brasil? Existia, já no século XIV, uma ilha lendária com um nome muito parecido com este, que se pensava estar colocada algures a oeste da Irlanda, como a imagem acima mostra. Ela nunca foi verdadeiramente encontrada, até porque estava supostamente repleta de elementos mágicos e lendários, mas é possível que o seu nome possa, de alguma forma até inconsciente, ter influenciado os navegadores portugueses.

A essa possibilidade podemos ainda acrescentar o facto desta palavra na altura já existir em Português - era usada para designar uma planta que dava madeira vermelha, como as que existiam bastante na terra recém-encontrada, ficando elas conheciadas como o pau-brasil, ou seja, o pau avermelhado, que posteriormente poderia vir a ser o pau vindo desse país, que lhe foi tomando o nome.

Qual destas duas hipóteses é a correcta, para a associação do nome ao território brasileiro? Não podemos ter uma certeza absoluta, mas é certamente provável que estes dois factores - entre outros entretanto esquecidos - tenham de alguma forma contribuído para a origem do mais famoso de todos os nomes do Brasil.

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24 de Agosto, 2020

A lenda do Lagarto da Penha de França

Contar a lenda do Lagarto da Penha de França transporta-nos para um local muito singular da capital de Portugal. De entre as muitas freguesias lisboetas conta-se uma com este nome, que obteve o seu nome da respectiva padroeira, a (espanhola) Nossa Senhora da Penha de França. Agora, quem for ao local, muito próximo da igreja que tomou esse mesmo nome poderá encontrar nas paredes a referência a uma breve lenda:

Pode então aqui ser visto um enorme lagarto, o chamado "Lagarto da Penha de França", e por baixo dele, a contornar toda a curva, está um resumo da respectiva história, numa curiosa iniciativa que seria certamente interessante repetir em muitos outros locais de Lisboa:

Reza a lenda que um devoto adormeceu na colina. Nesse momento, ao ser atacado por uma cobra, eis que um lagarto surgiu em seu auxílio por intercessão de Nossa Senhora da Penha de França.
Já poucos o saberão, mas esta lenda, cumulativamente com uma cobra e um lagarto, não é a original e nasceu da fusão de dois episódios diferentes agora associados ao mesmo local... e é aqui que toda esta história se torna muito mais interessante.
 

A verdadeira lenda do Lagarto da Penha de França!

 

A primeira parte da lenda tomou lugar numa altura agora demasiado incerta, mas antes do ano de 1743 (em que este animal já era famoso na cidade). Segundo ela, em dada altura um peregrino estava a descansar debaixo de uma árvore e adormeceu. Quando um enorme lagarto se preparava para o atacar, ele foi acordado por Nossa Senhora, que o instigou contra o animal, levando a que o homem depressa o matasse com um punhal. Depois, o bicho foi levado para a igreja local, onde permaneceu durante pelo menos alguns anos e se tornou famoso, sendo até representado em ligação com o local no ano de 1756, como visto nesta imagem da época, que só nos chegou por intermédio de uma devota do local:

O Lagarto da Penha de França e sua lenda

Pode aqui ser visto o peregrino e um pequeno lagarto, mas é importante é notar a ausência de qualquer cobra. Isto, porque nessa altura ela ainda não fazia parte da mesma história, contrariamente ao que a lenda actual faz acreditar, mas já era este o então-famoso Lagarto da Penha de França.

 

E de onde veio então a cobra? Explique-se - por volta do ano de 1743 chegou a Lisboa uma nau "chamada S. Pedro e S. João da Companhia de Macau". Quando os navegadores estavam a descarregar o seu navio encontraram lá um viajante ilegal vindo de terras do Oriente, uma enorme cobra. Mataram-na, e depois, dada a fama do lagarto de que falámos acima, enviaram-no para a Igreja da Penha da França, para que este enorme animal fosse apresentado em conjunto com esse seu outro colega. E então, nesse ano eles eram exibidos como mostramos abaixo - com o lagarto e o peregrino no seu conjunto individual, mas com a cobra totalmente separada, porque não fazia (ainda) parte da mesma lenda.

O Lagarto e a Cobra de Penha de França

Portanto, durante pelo menos alguns anos estes dois animais foram apresentados em separado. Existia na mesma igreja o então famoso Lagarto da Penha de França, mas também uma grande cobra vinda de terras de Macau, sei que existisse uma verdadeira relação entre eles. Não sabemos quando é que os corpos dos dois animais desapareceram - talvez por volta do Terramoto de 1755? - mas depois foram substituídos por versões em madeira, potencialmente as mesmas que ainda hoje podem ser vistas - curiosamente separadas - no local religioso. Com a passagem do tempo, as suas histórias foram-se fundindo numa só, em que o vilão original passou a herói, provavelmente em virtude da sua grande fama... mas, necessitando-se de um novo vilão, ele nasceu da grande cobra também já presente no local. E isto levou à lenda tal como a temos hoje, como ela é apresentada naquela parede lisboeta, sem que alguma vez se explique o verdadeiro caminho que conduziu ao cruzamento destes dois animais... mas que esperamos que agora já possam conhecer por estas linhas de hoje!

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24 de Agosto, 2020

O mito de Babel (e a Torre de Babel)

O mito de Babel refere-se, essencialmente, a uma antiga cidade que se acredita que existiu no Crescente Fértil, ou seja, numa região que era irrigada pelos rios Jordão, Eufrates, Tigre e Nilo. Hoje não sabemos se essa antiga cidade verdadeiramente existiu, ou se se trata de um mero mito judaico (e, posteriormente, cristão), mas a grande razão da sua fama nos dias de hoje prende-se com a história de um edifício que se acredita que existiu nessa cidade, e que teve o nome de Torre de Babel.

O mito de Babel e da Torre de Babel, à esquerda

O mito de Babel, ou da Torre de Babel (possivelmente representada acima, na carta de tarot do lado esquerdo), conta-nos então que após o dilúvio universal (i.e. o famoso episódio da Arca de Noé), todas as pessoas vieram a falar uma mesma língua, que alguns crêem ter sido uma forma antiga do Hebraico. Unidas por esse pensamento e linguagem comuns, decidiram trabalhar juntos e construir uma enorme torre, pela qual esperavam conseguir tocar os próprios céus e Deus. Porém, esta divindade, por razões que não são totalmente claras no texto, decidiu destruir essa torre, antes de separar todas as pessoas em várias línguas distintas, para que jamais pudessem voltar a colaborar da mesma forma. Assim, jamais poderiam vir a construir uma nova torre, ou aspirar a tocar os céus como um dia o tinham feito.

 

O mito de Babel é, sem qualquer dúvida, o da Torre de Babel. Esse é um ponto assente, mas ele procura explicar o porquê de, se todos nascemos de um mesmo pai e mãe - Adão e Eva, segundo o pensamento alegórico judaico e cristão - como foi possível que nascessem várias línguas e as pessoas, supostamente irmãs, deixassem de conseguir comunicar entre elas.

 

Mas terá esta famosa torre existido? Será que o mito de Babel, ou uma possível lenda da Torre de Babel, têm um fundo de verdade? Já não sabemos onde terá sido essa cidade, de uma forma mais precisa, mas ao longo dos tempos criou-se a ideia de que este famoso edifício se poderá ter tratado de um zigurate na região da Mesopotâmia, uma espécie de pirâmide com várias plataformas, cujo tempo e diversos eventos históricos foram destruindo por completo; mais que isso já não nos é possível saber, neste momento...

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24 de Agosto, 2020

Três feitiços estranhos do Livro de São Cipriano

Para prosseguir este tema sequencial achámos que poderíamos deixar por cá três feitiços estranhos do Livro de São Cipriano. Como antes, cuidado, algumas das coisas mencionadas nestas linhas poderão ofender os mais sensíveis.

Rectângulo para ritual

Para obrigar as senhoras a dizerem o que fizeram ou o que irão fazer, o feitiço passaria então pelo seguinte - "Juntar o coração de um pombo com a cabeça de um sapo, secá-los e reduzi-los a pó. Colocar esse pó num saquinho, juntamente com um pouco de almíscar. Colocar esse saco debaixo da almofada da pessoa, e ela logo irá revelar o que se pretende saber. [Mas cuidado!,] Poucos minutos depois o saco deve ser removido, ou a pessoa poderá morrer com uma febre cerebral."

 

Como causar um aborto? Bem, quando faltar um período a uma mulher e ela achar que pode estar grávida, basta-lhe colocar os pés em água muito quente, "o mais que possa suportar", e supostamente o período depressa virá! Será que isto funciona? Não recomendamos o teste!

 

Para terminar estes temas, como se poderá saber se uma pessoa nos é fiel? É  bastante simples, basta realizar-se o seguinte ritual - "Faz-se na terra uma cova com a profundidade de dois pés. Deita-se no interior 30 libras de enxofre em pó, 30 de limalha de ferro, e água suficiente, todos muito bem misturados. Coloca-se sobre esta mistela o retrato da pessoa envolvido em couro, ou um papel com o nome dela. Cobre-se o buraco com a terra, devendo ser dito 'Cipriano, pelo teu saber de mágico e pela tua virtude de santo, faz com que eu saiba se [nome aqui] me é fiel.'" Mas ainda não acabou, as indicações continuam - "Passadas 15 horas essa terra começará a expelir labaredas e cinzas. Se o retrato for consumido, é porque a pessoa está apaixonada [por outra pessoa, supõe-se]; se ele for poupado, é porque a pessoa é fiel. Se o retrato ficar dentro da terra, é porque a pessoa tem simpatia por alguém; se for atirado a uma pequena distância, é porque está a tentar terminar uma relação; se for atirado para longe, é porque a pessoa vem de volta para quem a chama."

 

Como antes, deixamos a quem acreditar nestas coisas a tarefa de as testar, se assim o desejarem.

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23 de Agosto, 2020

A lenda do crocodilo Timor

A lenda do crocodilo Timor vem-nos, como não poderia deixar de ser, de uma terra distante, uma ilha que hoje é conhecida como Timor Leste. Quem olhar bem para ela poderá lembrar-se da história que une o nosso país ao deles, mas poderá igualmente aperceber-se de que esta tem uma forma muito singular. De onde vem ela?

Mapa de Timor Leste

Conta-nos a história que um dia existiu um pequeno crocodilo chamado Timor. E ele tinha um grande sonho - queria tornar-se grande, o maior de todos os da sua espécie, mas não sabia como o fazer. E assim foi vivendo, até que um dia, ao passar por uma praia, encontrou uma criança. Encetaram diálogo, e o menino depressa lhe confessou que também ele tinha um grande sonho - queria visitar muitas terras distantes e conhecer todo o mundo!

Face a esse pedido, o crocodilo depressa se apercebeu que até o podia ajudar, porque sabia nadar. Então, juntos, partiram à aventura e foram conhecer muitos locais distantes. A sua viagem continuou até que um dia, talvez demasiado cansado pelo peso dos anos, o crocodilo se apercebeu que não podia continuar a viagem por muito mais tempo. Informou o menino dessa sua dificuldade crescente, e contou-lhe como temia já não conseguir realizar o seu próprio sonho. A criança acalmou-o, mas à medida que se preparava para desfalecer, o crocodilo cresceu... e cresceu... e cresceu... e cresceu (!), acabando por se tornar numa enorme ilha!

 

Esta lenda tem o seu quê de charme, mas também uma certa tristeza. Sim, o crocodilo realizou o seu grande sonho, tornou-se no maior (e possivelmente até mais famoso?) da sua espécie, mas será que o preço que pagou para tal foi merecido? Essa resposta já fica para os leitores. Ainda assim, não deixa de ser uma bela lenda, criada para justificar o porquê da forma da ilha - que, como pode ser visto na imagem acima, se parece verdadeiramente com um crocodilo - e que o faz de uma forma digna de nota. E, nesse contexto lendário, não podemos deixar de acreditar que a ilha de Timor é, hoje e na verdade, mesmo a concretização do grande sonho do crocodilo Timor!

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