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Mitologia em Português

11 de Março, 2021

A lenda de Beowulf

Para quem tem interesse nos mitos e lendas da Idade Média, a lenda de Beowulf é provavelmente uma das mais conhecidas. Só nos chegou num único manuscrito, do século XI da nossa era, mas a grande importância desta história na literatura europeia pode ser vista pelo facto de ter sido uma das inspirações mais significativas por detrás do Senhor dos Anéis, de Tolkien. Mas de que fala toda a história?

A lenda de Beowulf e o dragão

De forma sucinta, a lenda de Beowulf fala de um herói que se dirigiu a terras da Escandinávia para ajudar um rei, cuja corte e domínios andavam a ser atacados por Grendel, uma criatura gigante e monstruosa, "descendente de Caim [i.e. a figura bíblica, filho de Adão]". O herói derrota-o sem dificuldades de maior, mas é posteriormente atacado por um novo monstro, a própria mãe de Grendel - que nunca parece receber um nome verdadeiramente seu - que procurava vingar a morte do filho. Também ela é derrotada pelo herói, antes de este regressar a casa e se tornar rei.

Passam-se depois muitos anos. Talvez 50, talvez até um pouco mais, e um dos súbditos de Beowulf roubou um cálice do interior da caverna de um dragão. Esse novo monstro, evidentemente incomodado com o furto, começou a devastar as terras próximas, até que o monaca-herói interveio e passou pela mais difícil de todas as suas batalhas. Acabou, sim, por derrotar e matar o dragão, mas não sem que este lhe desse igualmente um golpe fatal. Ambos falecem, e o breve poema épico termina pouco depois, com o funeral do monarca. A história não nos preservou se o dragão tinha quaisquer descendentes.

 

Como é fácil compreender por esta breve sinopse, a lenda de Beowulf não é muito complicada - pode até ser resumida em três capítulos, cada qual com cerca de 1000 linhas - mas o poema épico que nos chegou associado ao seu nome não é tão simples como poderia parecer a uma primeira vista. Isto porque não sabemos se, originalmente, esta era uma história oral, com potencial origem no século VI, ou se apenas foi composta mais tarde e por um autor agora desconhecido. Ela tem alguns elementos evidentemente cristãos; será que já faziam parte da história original, ou foram adicionados apenas quando a história foi colocada num manuscrito?

Ainda hoje se debatem questões como estas, entre muitas outras, mas deixando de lado as controvérsias académicas, o facto de J. R. R. Tolkien ter traduzido esta obra e a considerar como uma das fontes mais importantes para as aventuras que escreveu deverá bastar para afiançar a sua qualidade. Por isso fica, como já é costume, um convite à sua leitura na primeira pessoa!

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