A lenda de Santa Eulália
Continuando o tema de há alguns dias, a lenda de Santa Eulália é a de uma figura que apesar de ser originária de Espanha, também é relativamente bem conhecida no nosso país - bastará recordar que até emprestou o seu nome a diversas aldeias e freguesias do nosso país e foi padroeira de diversas igrejas. Mas, afinal, quem foi Santa Eulália?
Existem duas figuras muito semelhantes e que partilham este mesmo nome. Uma delas nasceu em Barcelona, a outra em Mérida, mas é difícil perceber-se se, originalmente, elas eram uma só. Em qualquer dos casos, o nome referia-se a uma menina jovem, com cerca de 12-14 anos de idade, que no início do século IV como que desafiou os Romanos a matarem-na pela sua fé, que nunca demonstrou qualquer interesse em abandonar. O que é curioso no relato de Prudêncio é que os Romanos tentam verdadeiramente salvá-la, impedir essa sua morte, e a jovem só se torna mártir depois de muita insistência pessoal e de vários insultos aos deuses do Paganismo.
Nesse sentido, as torturas por que passou parecem divergir mediante a versão consultada (até porque, como já referimos, ela se poderá ter tratado de duas figuras independentes). Três elementos relativamente comuns são a possibilidade de lhe terem sido cortados os seios; de ela ter sido crucificada numa cruz em forma da letra "X"; e de, aquando da sua morte, a sua alma ter saído do corpo sob a forma de uma pomba branca, numa belíssima metáfora para a sua pureza virginal.
Não é fácil explicar o porquê de esta santa se ter tornado tão popular em Portugal, mas é provável que se tenha devido ao facto de ser uma das mais antigas santas da Península Ibérica, o que, aliado à sua notória juventude, enorme paixão pela mensagem cristã, e grande crueldade das torturas a que foi sujeita, a poderão ter popularizado significativamente entre as crentes do sexo feminino, que poderão ter visto nela um exemplo a seguir (com alguns limites, como é natural).