A estranha história de Júlia Pastrana
Júlia Pastrana, mexicana, podia ter sido uma mulher como tantas outras, mas recordamos a sua história por cá em virtude do facto de poder convidar a múltiplas reflexões. Repita-se - Júlia Pastrana, mexicana, podia ter sido uma mulher como tantas outras, não fosse o facto de ter um aspecto físico muito singular, que em dada altura lhe valeu o título informal de "mulher mais feia do mundo":
Júlia Pastrana nasceu no México, viveu nesse país durante alguns anos, até que foi levada para os Estados Unidos da América, e exibida em circos, como se de um verdadeiro animal se tratasse. Às tantas fugiu com um homem, casaram, e ela continuou a ser exibida pelo mundo fora. Entretanto lá engravidou e deu à luz um filho com o mesmo problema genético, que acabaria por falecer apenas uns dias depois. Júlia, essa, seja por complicações pós-parto, ou de coração partido, acabou também ela por falecer rapidamente.
Normalmente toda esta história ficaria por aqui, até porque já tinha muito digno de crítica, mas neste caso específico a proverbial procissão ainda ia no adro. Quando faleceu o respectivo marido mandou empalhá-la, e ao próprio filho de ambos, e continuou a exibir o cadáver de ambos, até que acabou por casar com uma outra mulher, que também ela tinha a mesma doença genética que a anterior. Reza a história que, mais tarde, acabou louco e internado num hospício.
O corpo de Júlia Pastrana, esse, continuou a ser exibido pelo mundo fora, pertença de sabe-se lá quem, até que foi parar a terras da Suécia. Esteve interdito durante alguns anos, até que em 2013 foi devolvido ao México, teve o seu devido funeral e foi enterrada próxima da terra que a viu nascer. Para quem tiver alguma curiosidade, pode ver este pequeno vídeo, em língua espanhola, relativo a toda a história:
Certamente que os tempos mudaram, desde os meados de século XIX em que os episódios mais centrais de toda esta história tiveram lugar, mas não pode deixar de suscitar as mais diversas questões. Talvez a maior de todas elas seja... onde está a dignidade humana, quando nem após a morte uma pessoa pode descansar em paz? Felizmente, coisas como estas já pouco acontecem nos nossos dias...