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Mitologia em Português

23 de Julho, 2021

A lenda de Yoichi

É provável que a lenda de Yoichi se conte entre as mais famosas do Japão, quanto mais não seja pelo facto de esta figura, através do seu arco, ser aludida em diversos jogos de inspiração nipónica disponíveis no ocidente. Na verdade, ele até é um dos opositores no Google Doodle de hoje, juntamente com um Tanuki, um Tengu, dois Oni, Otohime, Fukuro e os Kijimuna, numa aventura em que também aparecem os famosos Kappa, entre várias outras criaturas do país do sol nascente. Mas então, quem foi o herói a que dedicamos as breves linhas de hoje?

A lenda de Yoichi

Naso no Yoichi era um arqueiro exímio, mas a grande obra Heike Monogatari apresenta-o como uma figura muito humilde e pia, capaz de feitos verdadeiramente impressionantes mas sem que esse poder lhe suba à cabeça. Assim, a mais famosa de todas as suas façanhas passou por derrubar, com uma das suas flechas, um pequeno leque que estava no topo do mastro de um navio, a extensas centenas de metros. Isto até pode soar "fácil", mas as diversas versões da história adicionam-lhe alguns elementos - numa delas o herói fê-lo porque o inimigo o desafiou a tal, procurando testar as suas capacidades, enquanto que noutra teve de o fazer porque esse leque era parte de um subterfúgio, um chamariz, já que abaixo desse mastro estava uma mulher linda a dançar e quando alguém tentava olhar para ela, com evidente curiosidade, os adversários usavam essa oportunidade para o atingir com flechas.

 

Se o mesmo herói também teve outros feitos na mesma guerra do século XII, são secundários face a este episódio em específico. Mas o que lhe aconteceu depois? Segundo aquela que parece ser a versão mais comum da sua lenda, mais tarde ele acabou por se tornar monge e viveu no templo de Sokujo-in Temple, em Kyoto, até ao dia da sua morte. Um túmulo de Yoichi pode ser visto no local, pelo que se um dia estiverem nessa cidade e não tiverem certeza do que visitar, podem sempre ir ao local e recordar esta pequena história...

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23 de Julho, 2021

17 anos que este espaço começou!

Faz hoje 17 anos que este espaço começou, ele está quase na maioridade. Mas então, sobre o que podemos escrever este ano? Não tínhamos muitas ideias, até que há alguns dias recebemos um e-mail de um leitor em relação ao Livro do Infante D. Pedro de Portugal:

Li e apreciei o seu texto sobre a História do Infante D. Pedro.
Esse folheto por difícil que pareça teve mais de 150 edições, entre espanholas e portuguesas, das quais possuo mais de 20 diferentes na minha coleção.
Todas elas são difíceis de encontrar, por esse motivo dou-lhe os meus parabéns pelo seu achado.

Esta mensagem, que agradecemos, poderia levar a uma grande questão - na verdade, como é que conhecemos esse livro? Ou, até de um modo muito mais geral, como é que encontrámos muitas das obras literárias de que cá fomos falando ao longo dos anos? Se não nos é possível detalhar como foi encontrada cada uma delas (já são agora mais de 300...), podemos dar cinco grandes exemplos:

1- Intertextualidades - sempre que encontrámos uma referência notável a uma obra que ainda não conhecíamos fizemos pesquisa em relação a ela, acabando em muitos casos até por lê-la.
2- Textos relacionados - sempre que encontrámos algum texto interessante também pesquisámos por outros que lhe estejam associados de alguma forma, i.e. que são do mesmo autor, que foram publicados pela mesma editora/impressora, etc. De facto, até foi assim que encontrámos a obra mencionada no e-mail acima.
3- Publicações culturalmente significativas - muitas das obras de que cá fomos falando são obras que, de um ponto de vista cultural, são significativas, mesmo que não sejam muito conhecidas hoje em dia ou no nosso país. Vejam-se, por exemplo, os casos da Kalevala e do Kebra Nagast.
4- Temas/obras que foram sugeridos - Como no caso recente da Quinta do Anjo, alguns textos - e temas - são abordados por cá porque alguém os sugeriu e eles pareceram suficientemente interessantes. Se não aceitamos todas as obras - lembre-se, por exemplo, o absurdo de um determinado texto sobre Lilith que um dia nos foi sugerido - qualquer uma que possamos considerar interessante acaba por aparecer por cá.
5- Aleatórias - Por vezes, pelo mais completo acaso encontramos obras literárias que são suficientemente interessantes para aparecerem por cá, e.g. o caso de Lisboa Destruída.

Porém, pelo caminho vão ficando também textos que, pelas mais diversas razões, talvez não sejam assim tão interessantes para o leitor comum. A mais significativa de todas essas obras literárias é provavelmente a Suma Teológica de Tomás de Aquino, não só pela sua extensão, mas também pela forma demasiado complexa como aborda muitos dos seus temas. O tempo e o esforço que tomaria lê-la na sua totalidade jamais compensaria o que poderíamos vir a apresentar aqui sobre ela.

Bolo de Aniversário

O que mais podemos dizer, neste 17º aniversário? Como em todos os anos anteriores, queremos agradecer bastante a quem nos vai lendo. Para nós isto nunca teve a ver com o número de seguidores ou de likes, mas sim com uma tentativa contínua de partilha do conhecimento, para que quando alguém quer aprender a origem da expressão X, conhecer rapidamente o conteúdo do mito Y, ou até saber de que fala a obra Z, o consiga fazer de uma forma simples, rápida e sucinta. Em alguns casos atingimos esse objectivo, em outros nem tanto, mas tendemos a pensar que se as linhas que vamos escrevendo agradaram a uma única pessoa que fosse, já valeu a pena reunirmo-nos todos em redor desta fogueira virtual. Obrigado a todos os que nos lêem, hoje e como sempre, e em troca apenas pedimos que partilhem conhecimento com outras pessoas!

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