"Filosofia Botânica", de Lineu
A Filosofia Botânica de Lineu é uma obra que dificilmente interessará à grande generalidade dos leitores, porque se trata essencialmente de uma sobre a classificação das plantas. Não é propriamente algo que se possa (ou queira) ler na praia, mas um texto meramente indicado para quem tiver um interesse gigantesco na Botânica e quiser compreender melhor como a área foi evoluindo ao longo dos séculos. Porém, a obra tem um instante que nos pareceu digno de nota. Quando vai expondo os vários nomes que podiam ser dados às plantas, numa dada altura o autor refere os seguintes, que associa a algumas figuras mitológicas da Antiguidade:
Asclepias - deus dos médicos
Mercurialis - mensageiro dos deuses
Hymenaea - deus do casamento
Serapias - deus do Egipto
Satryrium - demónios do desejo
Satureja - um sátiro
Sterculea - deus do esterco
Tagetes - neto de Júpiter
Musa - deusa(s) das ciências
Numphaea - deusa(s) das águas
Najas - deusa(s) das fontes
Nyssa - uma ninfa
Melissa - deusa do mel
Dryas - deusa(s) dos carvalhos
Atropa - a última das Fúrias
Napaea - deusa(s) dos bosques
Herminium - [Hermes?]
Telephium - Télefo da Mísia
Teucrium - Teucro de Tróia
Helenia - esposa de Menelau
Não é claro, ou mesmo explicado, o porquê de terem sido escolhidos estes nomes específicos para determinadas plantas, mas eles não deixam de relembrar a importância que a literatura da Antiguidade, tal como as suas muitas figuras, foram tendo nos mais diversos domínios científicos ao longo dos séculos. Portanto, se dificilmente recomendaríamos esta Filosofia Botânica à generalidade dos leitores, há que reafirmá-la como um produto do seu século, com tudo o que isso tem de bom e de mau...