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Mitologia em Português

25 de Abril, 2024

O mito do Nurikabe

O Nurikabe conta-se entre um conjunto de criaturas mitológicas do Japão que, colectivamente, são conhecidas por yokai. Já cá falámos de algumas delas antes, como o Amabie (que protege contra o Covid-19), a famosa Kitsune, ou os Tsukumogami, mas também existem muitas mais, ao ponto de ser difícil detalhar todas elas apenas num breve punhado de linhas. Ainda assim, os tais yokai podem ser divididos em duas grandes categorias - na primeira seriam colocadas as criaturas para as quais existem verdadeiras lendas, muitas vezes em número considerável; enquanto que na segunda se poderiam apresentar aquelas cuja existência apenas pode ser inferida de manuscritos ilustrados nipónicos, talvez por se tratarem de figuras que apenas existiam na imaginação popular, como a nossa Cuca ou Coca portuguesa. A criatura a que dedicamos as linhas de hoje teria, necessariamente, de cair nessa segunda categoria.

Assim, o Nurikabe não é nem mais nem menos que uma espécie de parede personificada. Não conseguimos encontrar nenhuma história em que esta criatura tenha uma intervenção real, directa, ou em que fale com alguém, mas é frequentemente representada como invisível - ou, pelo menos, com uma forma em que a sua presença nunca é detectada - e capaz de impedir o progresso físico de alguém que se desloca para algum lado. Ou seja, se estiverem a passear em algum lado e, de repente, seja por meios físicos ou psicológicos, sentirem que não é uma boa ideia continuar por esse caminho, na cultura tradicional japonesa existiam algumas pessoas que atribuíam esse curioso sentimento a uma criatura, aquela a que dedicamos as linhas de hoje.

Infelizmente, pouco ou nada mais alguma vez nos é dito sobre ela. Existem pelo menos duas representações significativamente distintas para a sua figura - aquela que apresentámos ali em cima, e uma em que se assemelha ao cão-dragão de The Neverending Story - mas com excepção de toda a ideia por detrás desta criatura bloquear os caminhos dos viajantes, as fontes consultadas mais nada alguma vez nos dizem sobre ela... e não é, aparentemente, por falta de interesse dos autores desses manuscritos, mas apenas e somente porque nas épocas em que estes "bichos" começaram a ser representados, a história por detrás de cada criatura era demasiado secundária face à sua própria ilustração. E isso levou a todo um conjunto de seres que não podem deixar de nos intrigar (fica prometido que voltaremos a esse tema um outro dia), mas sobre os quais, pela própria natureza das fontes em que constam, os próprios mistérios são apenas naturais.

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