A lenda de Rauðskinna
Rauðskinna não é uma palavra fácil de dizer na nossa língua portuguesa, mas pode ser traduzida do islandês apenas como "pele vermelha". É provável que o nome se tenha devido à cor da sua capa - ou, pelo menos, sempre assim o ouvimos e lemos - mas esta história de hoje, antes de mais, tem de vir com uma espécie de prefácio fulcral. Quase todos os livros de que falamos por cá foram lidos por nós, ou não os conseguiríamos apresentar devidamente. Mas, no caso específico de hoje, se até teríamos todo o gosto em ler a obra, não foi possível fazê-lo. Porquê? Porque ou nunca existiu - e já lá iremos... - ou mesmo que tenha existido, nunca foi editada e tornada pública.
Nasceu, na Islândia do século XV, um homem que depois se tornou bispo e ficou conhecido pelo nome de Gottskálk grimmi Nikulásson. Diz-se que ele realizou muitos feitos significativos na sua vida, mas que o maior de todos eles foi a composição de um livro de magia com o título de Rauðskinna, uma obra com um carácter tão poderoso que até tornava possível conquistar o próprio Satanás. Depois, os anos foram passado e o famoso bispo faleceu, sendo ele supostamente sepultado com este livro em sua posse, aparentemente por se tratar da mais importante de todas as suas posses físicas.
Toda a história de Rauðskinna ficaria por aqui, não fosse o facto da obra, e os seus supostos poderes mágicos, terem atraído o fascínio das gerações posteriores, gerando diversas lendas. Provavelmente a mais basilar diz que em dada altura Gottskálk grimmi Nikulásson voltou à vida, tais eram os seus poderes místicos, e partiu para local incerto, numa altura em que este seu texto se desfez em pó. Outras, bem mais comuns, falam das mais diversas pessoas que foram tentando obter este texto para si, mas que falharam sempre nesse seu propósito, sofrendo consequências letais.
Se o Rauðskinna existe verdadeiramente, teríamos todo o gosto e interesse em ler essa obra, mas como frisado inicialmente isso não foi possível, nem o é actualmente. Sobre ela, restam apenas lendas e mais lendas, de quem também outrora partilhou do mesmo desejo, fazendo-nos crer que a própria existência das linhas que se atribuem a um antigo bispo das ilhas da Islândia são, também elas, a mais pura lenda e absolutamente nada mais. Mas, se estivermos enganados, se alguém até tiver uma cópia (verdadeira) da obra, teremos sempre todo o gosto em lê-la...