A Criptozoologia e a lenda do Mokele-mbembe
Para aqui falarmos de uma possível lenda do Mokele-mbembe temos obrigatoriamente de falar de Criptozoologia. A palavra não é muito conhecida ou utilizada no nosso país, mas refere-se a um ramo científico que supostamente estuda, ou procura tentar estudar, os animais que ainda não são conhecidos entre nós. Alguns, como o (peixe) Celacanto, acabaram por provar-se completamente reais; outros, como o Bigfoot ou o Kelpie, ainda hoje se procuram; e num terceiro grupo poderiam colocar-se aqueles supostos animais que a Ciência já parece ter provado não existirem, criaturas como a Mantícora ou o Hipogrifo.
Muito poderíamos aqui escrever sobre cada um desses grupos, as suas origens e outras coisas que tais, mas para o tema de hoje é particularmente relevante falar-se do Mokele-mbembe, uma suposta criatura que se pensa viver nas terras do Congo e que é normalmente representada como um dinossauro de pescoço comprido, como o visto ali na fotografia acima. O que ele tem de especial, de particularmente digno de nota, é ser frequentemente utilizado em debates na Criptozoologia para se argumentar que criaturas dinossáuricas podem ter chegado aos dias de hoje. Há alguma prova? Absolutamente nenhuma, nem alguma vez esta criatura foi vista na primeira pessoa por algum ocidental, mas existem é muitas tradições e lendas locais que referem a existência, seja actual ou passada, de uma criatura com estas características.
Qual é, então, essa lenda do Mokele-mbembe? Claro que valeria muito a pena contá-la aqui, mas o grande problema é que não existe uma versão "oficial" de toda a sua história. Pelo contrário, existem é diversos relatos que referem a criatura, lhe dão características físicas muito semelhantes (aquele enorme pescoço é sempre constante), mas divergem na sua origem e acções - recordamos, a título de exemplo, que numa dada versão ele é um espírito que pune aqueles que pescavam no rio local sem antes terem realizados um conjunto de rituais de carácter religioso.
Por isso, será que o Mokele-mbembe existe mesmo? A melhor forma de responder a essa questão passa por dizer que ele provavelmente existe tanto como o Monstro de Loch Ness. Existem poucas ligações entre ambos, com a exclusão da forma dinossáurica, mas se um deles verdadeiramente existir, torna-se repentinamente muito mais fácil acreditar na existência do outro; ao mesmo tempo, se de alguma forma se conseguir provar a inexistência do primeiro ou do segundo (o que é difícil...), isso em absolutamente nada afecta a crença no outro.
Para terminar, talvez valha a pena descrever a Criptozoologia como uma ciência do possível mas incerto. Isto porque é certamente possível que criaturas como aquela a que dedicamos as linhas de hoje existam, mas ainda não foram encontradas excepto nos resquícios de fósseis de outros tempos. Essa incapacidade de os encontrar não vale a favor da sua inexistência, mas levanta é a possibilidade de que um dia possam efectivamente ser encontrados, como aconteceu ao Celacanto, que muitos designam hoje como um fóssil vivo...