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Mitologia em Português

13 de Julho, 2024

Livro "O 12º Planeta", de Zecharia Sitchin

O livro evocado nas linhas de hoje, O 12º Planeta de Zecharia Sitchin, sem qualquer dúvida que é interessante. Apresenta uma história muito boa - já lá iremos - e em diversas alturas até levanta questões verdadeiramente importantes. Seria muito recomendado aos leitores, não fosse pelo facto de ao longo do texto ir apresentando algumas falhas de conhecimento e diversas tentativas, aparentemente deliberadas, de deturpar a realidade para esta bater certo com a tese que o autor pretendia defender. E qual é ela? É, de facto e como veremos em seguida, mesmo muito interessante!

Livro O 12º Planeta, de Zecharia Sitchin

Este O 12º Planeta começa com uma história da humanidade até aos primeiros tempos da escrita. Como foi possível aos seres humanos, descendendo dos macacos, um dia começarem a criar as primeiras cidades, estabelecerem a Agricultura e domesticarem animais? Segundo a tese aqui apresentada por Zecharia Sitchin, esse salto de conhecimento só foi possível pela intervenção de seres de outros planetas na história humana, um conjunto de figuras extraterrestres que depois foram vistas como deuses ou figuras divinas, e.g. os Nefilins, pelos habitantes locais.

Para defender essa estranha ideia, o autor vai mostrando, aqui e ali, diversos paralelismos curiosos em diversos sistemas mitológicos, como a existência constante de 12 figuras principais. E se, até essa altura, o autor até vai fazendo sentido e colocando questões muito dignas de discussão - afinal de contas, como é que a humanidade descobriu a Agricultura? - depois as coisas vão-se tornando um pouco mais estranhas, relembrando mesmo um episódio de Ancient Aliens e as actuais ideias das teorias dos Astronautas Antigos. Talvez o grande momento de charneira possa ser considerado aquele em que o autor pega no Enuma Elish, um épico babilónio, e tenta defender que ele preserva uma espécie de relato da viagem destes seres, os Anunnaki, do seu planeta original para o nosso - o suposto 12º do nosso sistema solar, a que também chamam Nibiru ou Planeta X - e as suas aventuras por aqui.

 

Pode parecer, ao leitor comum, uma ideia bastante estranha, mas pelo caminho, entre esse pólo da indisputada realidade e da aparente ficção, Zecharia Sitchin vai apresentando um conjunto de ideias que são pouco conhecidas à maioria das pessoas e que explicam, por exemplo, algumas curiosas falhas da trama bíblica. Por exemplo, pensando na famosa história do dilúvio universal, com a presença apenas de Deus ela faz pouco sentido, mas se pensarmos nela como ocorria nas fontes mais antigas - e.g. a Epopeia de Gilgamesh - ela incluía a presença de duas figuras divinas, Enki e Enlil, que eram essencialmente opostas, e enquanto uma delas tenta destruir a humanidade, já a outra tenta salvá-la. E, repita-se até mais uma vez, isso é muito interessante, como não poderia deixar de ser.

 

Infelizmente, ao mesmo tempo este O 12º Planeta tem o problema de Zecharia Sitchin nem sempre parecer muito honesto nas suas interpretações. Na altura em que primeiro publicou esta sua obra - o ano era 1976 - ainda existiam muito poucas ou nenhumas traduções dos textos em que se apoia para a sua tese essencial, mas agora, muito mais bem preparados para os julgar, já conseguimos ver que o lido por este autor e o escrito no original nem sempre correspondem... o que é um problema muito notável, por esta ser uma obra que se apoia tanto nos mais antigos textos acessíveis à humanidade!

 

Sendo assim, este O 12º Planeta, de Zecharia Sitchin, pode ser lido por quem tem interesse pelo início da história dos seres humanos ou pelas pessoas que gostam de Mitologia ou Religião, mas em todos esses casos é importante ter-se em conta que os momentos em que o autor se apoia em textos antigos nem sempre são fiáveis. Ou as suas leituras da iconografia antiga que nos chegou. Mas, ainda assim, se o livro for lido como se de uma obra puramente ficcional se tratasse, sem qualquer dúvida que dá muito que pensar, e até merece ser debatido em grupo, por levantar questões históricas que raramente contemplamos...!

 

 

P.S.- Também existe uma alternativa muito significativa à leitura deste livro. Após a morte do autor, a sua sobrinha Janet publicou uma espécie de resumo do pensamento do tio. Com título The Anunnaki Chronicles: A Zecharia Sitchin Reader, esse outro livro não só recapitula as teorias apresentadas em diversas obras deste autor, como também alguns documentos adicionais que não tinham sido publicados até então.

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