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Mitologia em Português

26 de Agosto, 2024

Kitty Genovese e o nascimento dos números telefónicos de emergência

É provável que em Portugal e no Brasil o nome de Kitty Genovese seja muito pouco conhecido, mas mesmo assim ela teve um papel importante na história mundial. Mas já lá iremos, por agora bastará dizer que esta senhora nasceu Catherine Susan Genovese em 1935, em 1961 foi presa pela sua participação em uma esquema de apostas desportivas ilegais, e na madrugada de 13 de Março de 1964 saiu do seu local de trabalho, para ir para casa, quando lhe aconteceu algo bastante grave...

Kitty Genovese e o nascimento dos números telefónicos de emergência

Em suma, e poupando os leitores aos pormenores mais chocantes, nessa noite, por volta das 2h ou 3h da manhã, Kitty Genovese estava a voltar para casa depois do seu trabalho nocturno num bar quando foi esfaqueada por um ladrão, um tal Winston Moseley. Se, primeiro, esse bandido até foi afugentado por uma pessoa que presenciou a cena, depois ele voltou para acabar o seu trabalho, não só matando esta senhora mas também lhe roubando o pouco que ela tinha consigo. Agora, claro que isto é triste, mas este ainda é um espaço sobre mitos e lendas, pelo que o aqui particularmente relevante é o que aconteceu a seguir.

 

Kitty Genovese, como ela ainda é conhecida hoje, faleceu nessa madrugada de 13 de Março de 1964, e no dia 27 de Março do mesmo ano o jornal The New York Times publicou uma notícia inquietante, na qual revelou que existiram 37 testemunhas diferentes desse crime, mas nenhuma delas interviu para salvar esta senhora, ou sequer telefonou para a polícia. Posteriormente, veio a apurar-se que as coisas não tinham sido bem assim, como este jornal tinha apregoado, que os números reais eram significativamente diferentes, mas este fenómeno, que é bem real, ficou então conhecido como "Efeito de Espectador" ou "Síndrome de Genovese" - ele diz, essencialmente, que quando muitas pessoas presenciam algo de significativo (como um crime), tendem a pensar que outra pessoa irá reportar a ocorrência, e portanto não fazem nada.

 

Agora, tendo nós aqui falado recentemente de um falso crime, face ao suposto número de "37 testemunhas que não fizeram nada", é claro que isto gerou um certo pânico e muitos debates sobre o tema. Todas as pessoas como que foram inventando as suas desculpas para não terem agido da forma mais correcta (como também ainda é comum nos nossos dias), e algumas delas desculparam-se dizendo que até queriam chamar a polícia, mas não sabiam para que número de telefone ligar. E foi essa sequência de eventos que levou a uma necessidade crescente da instituição de números telefónicos de emergência.

Importa esclarecer que eles não nasceram, em específico, com este caso de Kitty Genovese (o número "999" já existia no Reino Unido desde 1937 para esta mesma tarefa), mas ele parece ter sido o mais importante de todos os casos que contribuíram a disseminação de todo o conceito - em Portugal viemos a ter o "115" pelo menos desde Novembro de 1965, que hoje já é "112", o número comum europeu para este tipo de chamadas. Desconhecemos se existiu algum caso semelhante em Portugal, semelhante ao acima, que tenha contribuído para o estabelecimento deste número nas nossas terras nacionais, mas a mais relevante de todas as histórias que encontrámos em relação a este número é, sem qualquer dúvida, a que apresentámos acima.

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20 de Agosto, 2024

"Livro Da Seita Dos Indios Orientais", de Jacobo Fenicio

Enquanto ainda decorre o nosso concurso de poesia - e já temos várias dezenas de concorrentes! -  decidimos aqui abordar um tema que tinha ficado para trás desde há algumas semanas. Este Livro Da Seita Dos Indios Orientais, da autoria de Jacobo Fenicio, é um manuscrito que merece ser apresentado por cá pelo seu carácter muitíssimo único. De forma breve, podemos dizer que se trata de um dos primeiros livros ocidentais sobre as crenças, mitos e lendas do Hinduísmo, que o seu autor - também conhecido por Giacomo Fenicio ou Arthunkal Veluthachan - procurou apresentar aos Europeus. E essa é uma tentativa que tem pontos positivos e negativos, como iremos ver em seguida.

Livro Da Seita Dos Indios Orientais, de Jacobo Fenicio

Neste Livro Da Seita Dos Indios Orientais é sem qualquer dúvida notável que, por uma das primeiras vezes, um autor europeu tente sintetizar as crenças provindas de Índia. Ele conta, de uma forma mais ou menos detalhada, diversas histórias significativas, em alguns casos referindo até várias versões regionais das mesmas. Entre elas, dedica muitas páginas a toda a importante trama do Ramayana, enquanto que o Mahabharata já é resumido de uma forma muito breve, exaltando-se assim uma (aparente) importância cultural do primeiro face ao segundo.

 

Ao mesmo tempo, este mesmo Livro Da Seita Dos Indios Orientais também tem um elemento que poderá ser menos positivo para quem o pretender ler com a intenção de chegar aos mitos e lendas originais (como foi o nosso caso). Se o autor conta as histórias referidas acima, parece fazê-lo essencialmente para que as possa refutar (chega até a chamar-lhes "fábulas como as de Ovídio"), para mostrar o que ele considerava, à lua da teologia cristã, ser um certo absurdo pagão nas suas tramas. Assim, a obra contém igualmente comentários pessoais do seu autor, em que exalta as crenças cristãs e tenta diminuir as dos locais, o que é justificável, já que se trata de um padre e membro da Sociedade de Jesus. Alguns destes são breves e podem fazer sorrir o leitor, enquanto que outros abrangem capítulos inteiros e pouco acrescentam à representação das histórias originais.

 

Portanto, o Livro Da Seita Dos Indios Orientais, de Jacobo Fenicio, tem o seu interesse por nos preservar, naquela que parece ter sido uma das primeiras vezes, as histórias de um oriente hindu à vista nova de um intérprete ocidental. Merece ser lido em virtude de toda essa novidade, mas aos potenciais leitores também deve ser alertado o facto da obra conter várias sequências teológicas nas quais poderão não encontrar um interesse tão grande. Poderão passá-las à frente sem se perder muita informação real sobre as tais sequências mitológicas, mas elas estão na obra original.

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02 de Agosto, 2024

I Concurso de Poesia Mitologia.pt (e os nossos conteúdos em livro!)

Para quem sempre quis poder ler os nossos conteúdos em formato físico, eles estão agora publicados em livro ou e-livro, através de dois volumes com pouco mais de 600 páginas cada. De títulos 20 Anos de Mitologia em Português: Volume I (2004 - 2020) e 20 Anos de Mitologia em Português: Volume II (2021 - Julho 2024), eles podem agora ser encontrados na Amazon, em diversas outras lojas online, e em qualquer livraria física com recurso aos ISBN 979-8333961204 e 979-8333968067. Os livros contêm quase tudo o que foi sendo publicado por cá ao longo dos anos, com ligeiras alterações, e com excepção das imagens de cada artigo (por questões de direitos de imagem) ou algumas publicações de carácter pessoal.

Agora, para celebrar o nosso 20º aniversário e essa publicação dos livros, inciamos aqui também um primeiro concurso de poesia associado ao nosso espaço, e esperamos que gostem da ideia:

I Concurso de Poesia Mitologia.pt

I Concurso de Poesia Mitologia.pt

As regras para a participação neste concurso são muitíssimo simples:

1- Para participar basta escrever um poema em Português sobre um mito ou lenda que já tenha sido abordado por cá no passado - desde as histórias de Aquiles até Teresa Fidalgo ou aos Kappa, vale tudo. Qualquer tema relacionado com a mitologia ou lendas pode ser escolhido, desde que já cá tenha sido falado antes(!);

2- O poema deve ter no máximo 20 versos, ser da autoria de quem o envia, e não ter sido publicado em nenhum lado anteriormente;

3- Para participar basta enviar o poema por e-mail para [email protected] , em anexo, com o assunto "I Concurso de Poesia" e a seguinte informação no corpo do próprio e-mail;
- Primeiro e último nome do autor ou autora;
- Endereço de e-mail;
- Número de telefone;
- Referência à nossa página onde estiver o mito no qual se basearam (por exemplo, https://www.mitologia.pt/o-mito-de-orfeu-e-euridice-4247 se o tema for o mito de Orfeu);
Esses dados serão guardados apenas até à data de conclusão do concurso e selecção das melhores composições participantes, e depois serão completamente eliminados.


4- Os poemas serão avaliados com base em dois critérios, a originalidade do tema (de 1 a 5) e a qualidade poética (de 1 a 5).

5- Quanto a prémios, os três vencedores - ou vencedoras - receberão os nossos parabéns, as suas composições serão publicados por cá, e poderão escolher os destinatários do seguinte:
1º lugar - Uma doação de 30€ a uma instituição de caridade feita em seu nome;
2º lugar - Uma doação de 21€ a uma instituição de caridade feita em seu nome;
3º lugar - Uma doação de 12€ a uma instituição de caridade feita em seu nome.


6- O concurso terá lugar até dia 31 de Agosto, 23:59 GMT, com um mínimo de cinco participantes, e sem número máximo. Os resultados serão publicados na semana seguinte.


7- Pode participar qualquer pessoa, mas serão tomadas medidas internas para garantir que os avaliadores não sabem quem escreveu cada poema.


8- Quaisquer questões podem ser colocadas nos comentários abaixo.

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