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Mitologia em Português

02 de Setembro, 2024

Cinco perguntas a... #1- "Free-Range Kara"

Começamos hoje uma nova coluna que já vínhamos pensando há alguns meses, e que passa por colocar cinco perguntas a pessoas pelo mundo fora que fomos sentindo que têm uma boa história para contar - e pelo menos uma dessas cinco terá de nos levar aos mitos e lendas que a pessoa conhece, até pelo contexto de realização da entrevista. Nesse seguimento, para esta primeira edição entrevistamos então uma lutadora de Wrestling - ou "luta livre americana", como também se diz em Portugal - dos Estados Unidos da América, que é actualmente conhecida no ringue pelo nome de "Free-Range Kara". A entrevista foi conduzida em Inglês, mas é aqui apresentada em tradução portuguesa para que todos os leitores a possam ler sem quaisquer dificuldades:

Cinco perguntas a... #1- "Free-Range Kara"

1-- Se alguém se aproximasse de ti na rua e te perguntasse quem é a Kara, como te definirias e o que fazes na vida?

Descrever-me-ia como uma pessoa trabalhadora, que está sempre à procura de melhorar o mundo. Às vezes sou optimista em excesso e tento sempre ver o lado positivo das situações. Também sou uma grande brincalhona e adoro fazer as pessoas à minha volta rir.


2-- O Wrestling profissional não é muito popular em Portugal (pelo que sabemos, há apenas uma escola cá e eventos muito limitados). Como é que a jovem Kara um dia decidiu tornar-se lutadora profissional, acabando por se tornar "Flame Keeper" Kara Noia, depois "Free-Range Kara", e até obteve um finisher [i.e. uma espécie de golpe letal] chamado "Pele Kick" (que presumimos ter o nome inspirado no famoso jogador de futebol brasileiro)?

A minha decisão de me tornar lutadora profissional foi um caso de estar no lugar certo na altura certa. Foi no Verão do meu penúltimo ano na faculdade, e eu tinha dois dias entre o fim do meu primeiro estágio de Verão e o início do meu segundo estágio. A minha promoção local de wrestling favorita estava a oferecer um seminário por 20 dólares, e então decidi experimentar. Apaixonei-me instantaneamente por estar no ringue e, após mais alguns seminários na minha promoção local, decidi que iria começar a treinar oficialmente. Depois da faculdade, mudei-me para o Minnesota e comecei a treinar wrestling pouco depois.
"The Flame Keeper" Kara Noia foi a minha primeira personagem no wrestling. Escolhi o nome "Flame Keeper" porque era a única mulher na minha área, então estava sozinha, a manter o wrestling feminino vivo. Quando a COVID-19 atingiu, decidi que precisava de mudar o que estava a fazer e, ao olhar para os meus anos a crescer na quinta para me inspirar, "Free-Range Kara" foi o passo natural seguinte. O Pele Kick foi um movimento que fez a transição comigo. Foi um dos meus primeiros finishers, e ainda o uso regularmente para atordoar os meus oponentes.


3-- Em Portugal, se perguntares às pessoas sobre o Wrestling, muitas vezes dirão que "o Wrestling é falso". Argumentaríamos, em vez disso, que tem resultados predeterminados, mas o que acontece no ringue é real, numa espécie de peça física de teatro. Neste contexto, claro que um mágico não pode revelar os seus truques, mas se tivesses que enfrentar, por exemplo, John Cena num combate em que és obrigada a vencer, o que imaginarias que aconteceria?

Dizer que o Wrestling é falso é semelhante a dizer que os filmes e as séries de televisão são falsos. Todos eles são formas de entretenimento, mas o Wrestling é diferente no aspeto em que realmente colocamos os nossos corpos em risco para entreter o público. Enquanto os filmes e as séries têm duplos e repetições, os body slams doem e todas as nossas actuações são ao vivo e em pessoa. Embora as duas pessoas a lutar no combate possam nem se odiar na vida real, ainda assim estão determinadas a dar o melhor combate possível. Se eu tivesse que enfrentar o John Cena num combate em que tivesse que ganhar, imagino que basearíamos a maior parte do combate na vantagem de altura e peso do Cena, ao mesmo tempo que jogávamos com a dinâmica homem vs. mulher.


4-- Mas não és apenas uma lutadora, publicas muito conteúdo online, como pode ser visto no teu Linktr.ee. Ocasionalmente, contas histórias relacionadas com a tua vida, tanto dentro como fora do ringue. O que te inspira geralmente a contar uma história específica, em vez de uma outra?

Sim, adoro contar histórias! Mais frequentemente, as histórias que partilho estão relacionadas com o que está a acontecer na minha vida naquele momento. Outras vezes, estou a relembrar combates passados e quero partilhar os bastidores sobre o que estava realmente a acontecer entre as cordas.


5-- Então, podes contar-nos um mito ou lenda local do lugar onde cresceste, um que a maioria das pessoas fora da tua área certamente não conhece?

No Dakota do Norte [i.e. nos EUA], o maior corpo de água natural chama-se Devil's Lake. Diz-se que lá reside um monstro marinho semelhante ao Monstro de Loch Ness. É descrito como tendo 80 pés de comprimento, com uma mandíbula de crocodilo e olhos vermelhos brilhantes. Foi documentado pela primeira vez em 1894. Os relatos dos Nativos Americanos acreditam que o Monstro de Devil's Lake ficou preso no lago depois da última retirada dos glaciares, uma vez que Devil's Lake está desligado do oceano e não tem uma saída natural.

 

Muito obrigado à simpatiquíssima Kara por esta entrevista, que nos permitiu a todos não só compreender um pouco mais sobre o Wrestling na primeira pessoa, mas também ler uma lenda americana que provavelmente os leitores nem imaginavam existir. Obrigado a todos, e esperamos que os leitores venham a gostar das futuras entrevistas que venham a surgir nesta nova coluna!

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