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Mitologia em Português

28 de Outubro, 2024

A origem da Sanduíche (ou Sandwich)

Abordar um tema como a origem da sanduíche (ou sandwich, se preferirem) passa, desde logo, por constatar algo em que raramente se pensa - na maior parte dos restaurantes, snack bars e cafés é adoptado o nome inglês para este prato, o que facilmente nos leva a perceber a sua claríssima origem anglófona. Não há qualquer dúvida sobre isso, mas tirada do caminho essa não-dificuldade, o que mais se sabe sobre a sua génese? Quem foi, pergunte-se, o primeiro a fazer uma sanduíche, tal como a conhecemos hoje em dia?

A origem da sanduiche ou sandwich

O nome de Sandwich, na sua forma inglesa, existe pelo menos desde meados do século IX da nossa era, em referência a uma povoação no distrito inglês de Dover. Não é um aglomerado populacional muito grande - tem actualmente cerca de cinco mil habitantes - mas existe um conde com o seu nome. O actual é um tal John Edward Hollister Montagu, nascido em 1943 e décimo-primeiro conde, mas entre os seus antecessores no século XVIII contou-se um outro John Montagu, falecido em 1792, e quarto conde deste nome. Sobre ele, diz-se ter sido um jogador inveterado, tão viciado nessa sua paixão que nem gostava de se levantar da mesa por um só segundo, talvez com medo que a sua sorte o abandonasse em alguns desses instantes. Assim, um dado dia pediu a um dos seus criados que lhe trouxesse alguma carne entre duas fatias de pão, naquilo que seria uma refeição simples, nutritiva, e sem a necessidade de usar quaisquer talheres... e depois esta espécie de primeira sanduíche foi-se popularizando, passando de ter sido inventada pelo "Conde de Sandwich" para adoptar o nome desse seu criador.

 

Mas agora... se esta mesma história da origem da Sanduíche (ou Sandwich) até aparece referida em muitos outros locais, será que ela é verdade? Ou será que, como num potencial caso da origem da pizza, o tema até tem muito mais que se discuta? O incomum nome do prato, na sua versão inglesa, está indisputavelmente ligado ao quarto conde, e um livro de título A tour to London, de M. Grosley e datado de 1772, informa-nos exactamente do seguinte:

A minister of State passed four and twenty hours at a public gaming-table, so absorpt in play that, during the whole time, he had no subsistence but a bit of beef, between two slices of toasted bread, which he eat without ever quitting the game. This new dish grew highly in vogue (...) and it was called by the name of the minister who invented it.

É provável que a ideia já existisse anteriormente, até por não se tratar de um prato culinário muito complexo, mas esta informação específica torna claro que a sanduíche, com o seu nome original inglês de "Sandwich", obteve o seu nome precisamente deste senhor, e foi ele o grande responsável pela sua popularização, mesmo que a ideia potencialmente até já existisse antes (o que é aqui irrelevante). Portanto, se hoje vemos este simples prato em muitos menus nacionais e internacionais, devemo-lo seguramente a este inglês do século XVIII!

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22 de Outubro, 2024

Dom Sebastião e a Pedra Bonita de Pernambuco

Quando em Portugal falamos de Dom Sebastião e do Sebastianismo, fazemo-lo hoje quase apenas como uma brincadeira de outros tempos. É uma coisa completamente inofensiva, aquela subtil ideia de que o antigo rei está na sua Ilha Encoberta ou Afortunada à espera da data do seu retorno. E se também já vimos exemplos semelhantes em terras do Brasil, presumíamos que também aí toda esta famosa lenda de Portugal era inofensiva, algo em que algumas pessoas acreditavam mas não chateavam ninguém com isso. Foi, portanto, com grande surpresa que encontrámos a história de que iremos falar hoje, de terras do Pernambuco, no Brasil, e que teve lugar entre os anos de 1836 e 1838.

O Sebastianismo e a Pedra Bonita do Pernambuco

Segundo relatos da época, conta-se então que um tal João Antônio, brasileiro, com recurso a um panfleto de origem e conteúdos desconhecidos, formulou a ideia de que nestas duas pedras pernambucanas estava escondida uma entrada para o reino secreto de Dom Sebastião. O padre local, de nome Francisco Correia, lá o convenceu a desistir da estranha crença, mas este primeiro crente foi-se embora e deixou o seu "reino" a um cunhado, um tal João Ferreira, que depois levantou uma sugestão perigosa - que o encantamento que impedia o rei de voltar só podia ser quebrado com o sacrifício de sangue humano. E então, os crentes de toda esta estranha e nova religião sacrificaram cerca de 80 pessoas durante alguns dias... e isto chegou ao absurdo de até sacrificarem o próprio João Ferreira porque um seu outro cunhado, Pedro Antônio (irmão do criador da seita), veio a dizer que o rei lhe apareceu em sonhos e revelou que o feitiço seria finalmente quebrado com o sangue dessa figura!

Talvez tudo isto tivesse continuado por muito mais tempo, até que a 18 de Maio de 1838 um major local, com as suas tropas, interveio e acabou com toda esta loucura... e dois meses depois, o padre Francisco Correia lá voltou a este local, onde enterrou os sacrificados e desenhou a bela gravura vista acima, onde não só pode ser vista a Pedra Bonita (ou Pedra do Reino, como ficou conhecida na sequência destes eventos), mas também alguns dos episódios mais significativos de toda a história. Veja-se, por exemplo, do lado direito das pedras centrais, uma pessoa prestes a atirar-se de uma rocha...

 

Toda esta história chegou-nos pelas mãos de um Antonio Attico de Souza Leite, que a conta na obra Fanatismo religioso : memoria sobre o reino encantado na comarca de Villa Bella. Nem ele, nem o seu pai foram crentes desta estranha religião, mas na escrita da obra foram tomados em conta os testemunhos de algumas pessoas que tinham conhecido estas crenças em primeira mão. Infelizmente, ninguém parece ter sabido de onde nasceu a ideia, com os diversos relatos que encontrámos a dizerem apenas que João Antônio formulou estas suas crenças com recurso a um panfleto que tinha em sua posse, mas cujo conteúdo ninguém se parece ter interessado em apurar. O que poderia ter sido interessante, dadas algumas semelhanças com o caso nacional do Cisma da Granja do Tedo, também ele aparentemente derivado de alguns livros misteriosos que a matriarca tinha recebido de Lisboa por volta da mesma altura...

 

Hoje, esta Pedra do Reino, ou Pedra Bonita, continua no local em que sempre esteve, na Serra do Catolé, em São José do Belmonte, Pernambuco, Brasil. Apurámos que existem lá algumas estátuas com motivos religiosos, mas (aparentemente) já nada que a ligue às crenças desta estranha, e infelizmente violenta, forma do Sebastianismo. Se existiram casos semelhantes em terras de Portugal, à presente data ainda não os encontrámos.

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19 de Outubro, 2024

O filme em que Jesus é homossexual?

Hoje falamos de um tema pouco conhecido em Portugal, o de um suposto filme sério no qual Jesus é representado como homossexual. Será verdade? Será mentira? Será tudo uma brincadeira para tentar ofender a religião católica e assim ter bastante publicidade grátis? Se até ouvimos falar de um filme brasileiro, de título A Primeira Tentação de Cristo, em que (supostamente) Jesus até é representado como "gay" - e não o fomos ver, mas o respectivo trailer parece, no mínimo, sugerir uma potencial relação com um "amigo" do mesmo sexo - esse trata-se apenas de uma sátira... e a espécie de lenda a que aludimos hoje antecede essa criação audiovisual em pelo menos várias décadas. Será, portanto, possível que um filme mais sério com este mesmo conteúdo até exista? E, se sim, qual é a trama do mesmo?

O filme em que Jesus é homossexual?

Se toda esta história até nem é muito conhecida em Portugal, ela foi sendo ouvida em diversos países ao longo dos anos desde 1973. Em suma, ela é transmitida por cartas (e, mais tarde, por  e-mails), e diz que está para estrear um filme em que Jesus Cristo é representado como abertamente homossexual. O leitor é então convidado a boicotar esse filme, a impedir potenciais visualizações do mesmo na sua área, mas não deixa de ser curioso o facto do respectivo título nunca ser dito. Ou seja, os leitores dessa informação, passada repetidamente de mão em mão, são instados a boicotar um filme em relação ao qual quase nada sabem e cujo título desconhecem, o que é uma ideia muito estranha e pode rapidamente sugerir uma enorme falsidade por detrás de tudo isto. Mas será mesmo mentira, como parece? Veja-se um exemplo do tipo de e-mail que, na América do Norte, apregoa a existência deste suposto filme:

Modern People News has revealed plans for the filming of a movie based on the SEX LIFE OF JESUS in which Jesus is portrayed as a swinging HOMOSEXUAL. This film will be shot in the U.S.A. this year unless the public outcry is great. Already a French Prostitute has been named to play the part of Mary Magdalene, with who Christ has a blatant affair. We CANNOT AFFORD to standby and DO NOTHING about this disgrace. We must not allow this perverted world to drag our Lord through the dirt. PLEASE HELP us to get this film banned from the U.S.A. as it has been in Europe. Let us show how we feel.

 

E a surpreendente verdade é... de facto, toda esta ideia não é verdade nem mentira, mas sim um misto estranho de ambas as coisas. Em 1973 o director dinamarquês Jens Jørgen Thorsen anunciou que ia fazer um filme no qual, além de outras coisas (negativas, que das positivas ninguém se queixaria!), Jesus Cristo era representado como homossexual. De título original The Many Faces of Jesus, The Sex Life of Jesus ou The Love Affairs of Jesus, ele acabou por nunca ser produzido, devido a toda a controvérsia que a ideia levantou, chegando até o Papa Paulo VI a criticar toda a estranha ideia...

Assim, por toda essa controvérsia, a produção do filme ficou pelo caminho, mas segundo foi possível apurar a história que iria ter lugar no mesmo foi publicada em dinamarquês e com o título Thorsens Jesusfilm: en uforkortet overættelse til dansk ved forfatteren, que é como quem diz "O Filme Jesus de Thorsen: uma tradução integral para o dinamarquês pelo próprio autor". Tem ISBN 8741835247, se alguém ainda quiser tentar comprar e ler a obra.

 

Agora, se o filme de Thorsen com um Jesus homossexual nunca foi verdadeiramente feito, a enorme polémica suscitada pela ideia parece ter inspirado o mito de um filme sério no qual Jesus ia, pela primeira vez, ser representado não só como um homossexual mas, parece, também como um criminoso da pior espécie. Assim se explica o primeiro e mais famoso dos seus títulos, The Many Faces of Jesus, suscitando a ideia de um fundador do Cristianismo não só com uma parte boa, aquela que já bem conhecemos na cultura ocidental, mas também com múltiplas outras faces, essa menos conhecidas, das quais a homossexualidade se apresentava como a mais chocante nessa época. Nessa sequência, e em função da enorme polémica, poderá e deverá ter sido isso a inspirar o puro mito que o inventor desta história utilizou para a sua carta em cadeia, mas a ideia não parece ter sido recriada em nenhum filme sério até aos nossos dias...

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14 de Outubro, 2024

Cinco perguntas a... #2- "Comic Tropes"

Depois de entrevistarmos uma lutadora de luta livre americana, este mês entrevistamos o Chris, criador do canal do Youtube Comic Tropes, que se foca essencialmente em comics norte-americanos, com alguns episódios ocasionais ligados a histórias de banda desenhada de outros locais. O que tem ele para nos dizer? Deixemos a entrevista falar por si; ela foi conduzida em Inglês, mas é apresentada aqui em tradução portuguesa para benefício dos leitores:

Entrevista com Comic Tropes

1- Um dos nossos membros é fã do teu canal no YouTube, Comic Tropes. O que mais o cativou foi a forma como tentas apresentar os comics a uma audiência que nem sempre está totalmente familiarizada com eles. O que te levou a criar o teu canal?

Decidi criar o meu canal no YouTube, Comic Tropes, quando fui despedido de um emprego e sabia que provavelmente teria algum tempo livre até ao próximo. Gosto de estar ocupado, por isso pensei no que me daria mais prazer falar, e a resposta foi fácil: comics. Sempre foi o meu meio artístico favorito e sabia que nunca me faltariam ideias para tópicos. E, 8 anos depois, ainda não me faltam!

 

2- Um aspeto curioso dos teus vídeos é que alguns começam de forma muito semelhante - "Oh, hi! You caught me [a fazer algo]". Alguns desses são claramente fictícios, outros estão ligados à tua vida real. Como surgiu essa ideia, como evoluiu ao longo do tempo, e há alguma sequência inicial que pensaste em usar, mas que, no final, nunca foi filmada ou foi filmada mas nunca usada?

Sempre tentei fazer o meu programa evoluir para que nunca fosse completamente previsível ou estagnado. Quando comecei, fazia muitas brincadeiras tontas, como comer comidas estranhas enquanto lia comics. Mais tarde, evoluí para uma análise mais histórica ou artística e quis cativar o público rapidamente com um toque de humor. Muitos desses inícios que mencionaste foram inspirados na forma como as sitcoms e programas de variedades [americanos] dos anos 70 e 80 mostravam uma personagem ou ator a ser interrompido a fazer algo mundano, e eles olhavam e sorriam para a câmara. Adorava especialmente o programa Yacht Rock [nota: tanto quanto foi possível apurar, nunca foi exibido na televisão em Portugal ou no Brasil], que parodiava isso, e tentei fazer uma homenagem a esse estilo. Hoje em dia tento fazer algo diferente, mas apenas quando tenho uma boa ideia.

 

3- A ideia de "isto inicialmente parecia uma boa ideia, mas no final não funcionou" parece ser um elemento comum em muitos comics. Já falaste de alguns desses no passado - em vídeos como "Stan Lee's Worst Ideas", "Is Doctor Hormone the Strangest Superhero Ever?" ou "The Time Aquaman Comics Went Too Far" - mas certamente existem muitos mais que merecem ser falados. Podes indicar-nos três outras ideias de comics que encaixem nesse molde, e três ideias que te pareceram absolutamente loucas, mas que acabaram por ser surpreendentes?

A história dos comics está cheia de ideias loucas que funcionam bem. A energia excêntrica e exagerada de "Do a Powerbomb!" de Daniel Warren Johnson surpreende o leitor com o coração e as histórias credíveis no núcleo da narrativa. O contraste surpreendente da arte adorável e animada de Trish Forstner em "Stray Dogs" combina com a história de Tony Fleecs sobre um serial killer e os cães que tentam resolver o crime, limitados pela sua memória de curto prazo. Um terceiro grande exemplo de uma ideia selvagem que funciona bem é o manga "Bakuman", escrito por Tsugumi Ohba e desenhado por Takeshi Obata. Não parece muito interessante ver dois adolescentes fictícios decidirem que querem ser criadores de manga, mas é uma bela história de pessoas a descobrirem quem são e quem querem ser, e a trabalhar arduamente para alcançar os seus sonhos. Muitas das ideias que não funcionam são criadas por razões puramente financeiras, em vez de criativas. Super-heróis da era dourada, como "Dynamite Thor", "The Puppeteer" e "Dart & Ace", foram todos criados sem uma motivação clara para o herói ou elencos de apoio interessantes. Apresentavam equipas criativas rotativas, por isso não havia consistência. Nenhum deles durou muito tempo.

 

4- Como sabes, o foco principal do nosso site é a Mitologia, e há alguns comics americanos relacionados com este tema, como "The Trojan War" da Marvel. Na tua opinião, quais são os melhores, e os menos bons, comics relacionados com mitos e lendas antigas e medievais?

Há imensos comics sobre mitologia ou histórias pouco conhecidas que contam histórias fantásticas. "Age of Bronze" de Eric Shanower é uma visão maravilhosa da Guerra de Troia. "The Ring of the Nibelung" de P. Craig Russell é belo e intricado. Robert Crumb, famoso pelos comics underground, tem uma abordagem selvagem do Livro do Génesis. E "Wonder Woman Historia: The Amazons", da escritora Kelly Sue DeConnick e vários outros artistas, é uma visão incrível de como remixar a mitologia grega para se encaixar na mitologia moderna dos super-heróis.

 

5- Na sua famosa obra "Seduction of the Innocent", Fredric Wertham argumentou que Batman e Robin eram um casal de homossexuais, enquanto documentários estranhos como "The Replacement Gods" falam de uma ligação demoníaca por trás dos comics americanos. Além destes, quais são os mitos mais loucos que já ouviste relacionados com comics?
Acho que o maior mito sobre comics é que são só para crianças. Comics são apenas um meio de contar histórias e são muito versáteis. Acredito que há histórias de comics para entreter e educar qualquer pessoa. E quase todos os países têm uma história e cultura única em relação aos comics. Fora da América do Norte, há uma história profunda como a bande dessinée [francesa], historietas, manga, e muito mais. Mais recentemente, países como a Coreia do Sul estão a inovar com novas formas de ler comics digitalmente, como os Webtoons. Cada cultura tem uma história de contar histórias sequenciais.

 

Muito obrigado ao Chris e ao canal Comic Tropes por esta breve entrevista!

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07 de Outubro, 2024

A lenda do Tesouro ou Ouro de Yamashita

A lenda de hoje, relativa ao tesouro ou ouro de Yamashita, provém das Filipinas. Foi-nos contada há já vários anos, quando perguntámos a uma jovem qual considerava ela ser a lenda mais famosa do seu país-natal. É uma lenda muito simples, mas com uma espécie de plot twist muitíssimo invulgar e cuja realidade vai muito além de uma história que, em circunstâncias semelhantes, se suporia apenas ficcional.

A lenda do Tesouro ou Ouro de Yamashita

O nome deste Tesouro ou Ouro de Yamashita provém de um homem chamado Tomoyuki Yamashita, que foi um general japonês durante a Segunda Guerra Mundial. Segundo se diz, algures durante esse conflito foram juntados todos os tesouros capturados pelos japoneses e este homem foi encarregado de, entre outras tarefas aqui menos importantes, os esconder num local seguro algures nas Filipinas. Depois, em 1945 a guerra terminou... mas começou a espalhar-se o rumor de que algures nestas ilhas estavam escondidos tesouros inimagináveis, desde importantes obras de arte até milhares e milhares de barras do mais puro ouro. Seria verdade? Mera lenda? Pura fantasia? Não sabemos, nem a jovem que nos contou esta história o sabia, pelo que em condições habituais o tema ficaria por aqui, mas neste caso até existe algo mais a adicionar.

 

Em 1971 um tal Rogelio Roxas, entretanto já falecido, disse ter encontrado uma caverna com imensos tesouros, entre eles muitas barras de ouro - e sabemos que essa parte é verdade, pelo facto de ele ter vendido algumas delas - e um estátua de Buda em puro ouro com mais de uma tonelada. Essa imponente estátua foi depois roubada por ordem de Ferdinand Marcos, na altura ditador local, e nunca mais foi vista... e se o derradeiro destino da estátua também tem algumas lendas associadas - nomeadamente, que a original foi substituída por uma réplica com muito menos valor, que posteriormente foi devolvida a este senhor - o que não é de todo disputável é o facto deste senhor ter encontrado alguma espécie de tesouro nas mesmas Filipinas em que nasceu, com algumas das informações que tinha a deixarem claro que datava dos tempos da Segunda Guerra Mundial.

 

Não sabemos de Rogelio Roxas encontrou o lendário(?) Tesouro ou Ouro de Yamashita, ou apenas alguns pequenos tesouros que alguém tinha guardado em alguma caverna na ilha, mas mesmo nos dias de hoje as lendas locais continuam a falar da possibilidade de se encontrar estes tesouros perdidos. Algumas pessoas ainda procuram por eles, nunca mais foi reencontrado nada de semelhante ao que Roxas diz ter visto na sua primeira pessoa, e daí se ter propagado ainda mais a lenda a que dedicamos as linhas de hoje. Se é verdade, ou mesmo pura lenda, é algo que caberá ao leitor decidir...

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