24 exemplos de piedade filial na China
O tema de hoje não foi planeado, mas sim algo com que nos deparámos pelo mais puro acidente. Assim, se já aqui falámos antes do respeito que os Chineses têm para com os seus antepassados, encontrámos recentemente algo a que eles parecem chamar os "24 exemplos de piedade filial". Contar a totalidade das histórias destas figuras seria muito difícil, pelo que reproduzimos aqui apenas as razões que tornaram famosas cada uma delas.
- Imperador Shun (século XXIII a.C.) - apesar de ser maltratado pelo pai, sempre lhe manteve o respeito devido.
- Min Sun (século VI a.C.) - quando o seu pai casou com uma madrasta que tratava este jovem muito mal, ele pediu ao próprio pai que não se divorciasse, para não fossem deixados dois jovens sem mãe.
- Chung Yu (século V a.C.) - transportava sacos de arroz às costas para poder ajudar os seus pais pobres.
- Tseng Shen (século IV a.C.?) - sabia sempre quando é que a sua mãe lhe queria falar.
- Yen Tzu (antes do século II a.C.) - quando os pais lhe pediram leite de corça, ele fez tudo o possível e imaginário para o conseguir.
- Imperador Wen (século II a.C.) - quando a sua mãe esteve doente durante três anos, ele nunca abandonou o quarto dela nem mudou de roupa.
- Tang Fu-jen (data desconhecida) - alimentou com o leite dos seus próprios seios uma sogra que não tinha dentes.
- Lao Lai-tsu (data desconhecida) - aos 70 anos de idade ainda se vestia como uma criança apenas porque isso fazia sorrir os seus pais.
- Huang Hsiang (data desconhecida) - quando perdeu a mãe enquanto criança, sofreu tanto que se tornou quase um esqueleto vivo, e depois dedicou toda a sua vida a cuidar do seu pai.
- Lu Hsu (século I d.C.) - quando era criança foi a casa de um vizinho rico e deram-lhe duas laranjas. Em vez de as comer, levou-as para casa e deu-as à mãe, que gostava muito desse fruto.
- Tai Shun (século I d.C.) - deu à sua mãe frutos maduros, comendo apenas os que estavam ainda verdes.
- Ting Lan (século I d.C.) - quando a sua mãe faleceu ele fez-lhe uma estátua de madeira, que continuou a tratar com todo o respeito devido à falecida.
- Tung Yung (século II d.C.) - vendeu-se a si próprio para ter dinheiro para enterrar os seus pais falecidos.
- Kuo Chu (século II d.C.) - quando descobriu que não tinha dinheiro suficiente para dar comida a toda a sua família, preferiu matar o seu próprio filho, justificando que podia vir a ter mais filhos mas nunca uma nova mãe.
- Wang Hsiang (século II-III d.C.) - quando uma madrasta lhe pediu peixe no Inverno, ele derreteu o gelo de um lago com o seu corpo nu até conseguir apanhar os peixes que lá estavam.
- Yang Hsiang (século III d.C.?) - salvou o pai do ataque de um tigre, assim perdendo a sua própria vida.
- Chiang Shih (século III d.C.?) - fazia tudo o que podia pela sua mãe idosa, ao ponto de ir buscar água a uma fonte, e peixe fresco de um rio, todos os dias.
- Wang Pou (século III d.C.) - quando o seu pai faleceu, ele sentou-se debaixo de uma árvore a chorar por tanto tempo que até esta acabou por apodrecer.
- Men Tsung (século III d.C.) - em pleno Inverno a sua mãe quis comer bambu estufado, um ingrediente que não era possível obter nessa altura do ano. Este filho andou tanto pela neve que acabou por encontrar o que procurava.
- Wu Meng (século V d.C.) - preferiu ser picado por insectos, que estavam no mesmo quarto em que dormia com os pais, em vez de os matar, por temer acordar os pais se o fizesse.
- Chiang Ko (século VI d.C.) - quando a sua mãe foi raptada, ele implorou ao chefe dos bandidos que a libertasse e depois transportou-a até casa às costas.
- Yu Chien-lou (século VI d.C.) - deixou o seu lugar num governo após apenas 10 dias para cuidar do pai que estava doente.
- Chu Shou-chang (século XI d.C.) - procurou a sua verdadeira mãe durante 50 anos, e quando a encontrou serviu-a o resto da sua vida.
- Huang Ting-chien (século XI d.C.) - cuidou da sua mãe doente.
Claro que algumas destas histórias nos podem parecer um pouco ridículas nesta sua forma demasiado resumida, mas recorde-se que a intenção por detrás destas linhas é apenas a de mostrar como a piedade filial é vista na China, através de aqueles que parecem ser os seus exemplos mais emblemáticos. E, nesse contexto, algumas das ideias até parecem encontrar eco na nossa cultura ocidental, e.g. também os Romanos tinham histórias em que uma filha vai visitar o pai à prisão e o alimenta com o leite produzido pelos seus seios!