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Mitologia em Português

03 de Julho, 2025

A estranha lenda da não-morte de Elvis

Existem, nos Estados Unidos da América, um conjunto de mitos e lendas que, a nós, fora desse país, podem parecer um pouco estranhas. Já aqui falámos anteriormente, por exemplo, do mito da Chegada do Homem à Lua, ou do Gigante de Kandahar, mas é provável que poucas dessas histórias sejam tão famosas como a da não-morte de Elvis.

Ou seja, trata-se de uma breve história que sugere que Elvis Presley não morreu no ano de 1977, como anunciado oficialmente, mas que terá fingido a sua morte por diversas razões — entre elas, o cansaço da fama, o desejo de viver uma vida anónima, ou até mesmo para escapar de problemas com o governo ou com o crime organizado. Será mentira? Terá sido verdade? O que é aqui particularmente relevante é que, tenha ou não sido verdade, ao longo das décadas foram surgindo testemunhos de várias pessoas que afirmavam ter visto Elvis vivo, em locais tão díspares como supermercados, motéis ou aeroportos. Muitas dessas pessoas diziam-no com total convicção, garantindo que punham a sua honra em jogo. Portanto, de onde vem toda essa estranha ideia?

A estranha lenda da não-morte de Elvis

A ideia de que Elvis foi um cantor americano de imenso sucesso não irá surpreender nenhum leitor, mesmo aqueles que estão em Portugal ou no Brasil. O que talvez não saibamos tão bem como os Americanos é que, aquando da sua morte, a notícia foi recebida com enorme choque — um verdadeiro trauma coletivo americano. Era difícil aceitar que alguém com tanto talento, carisma e presença pudesse simplesmente desaparecer. E onde há choque, muitas vezes nasce a negação.

Rapidamente começaram a circular rumores de que a morte teria sido encenada. O corpo, diziam alguns, não parecia exatamente com o de Elvis. Outros notaram inconsistências no atestado de óbito ou nas fotografias do funeral. Teorias multiplicaram-se: estaria vivo num retiro espiritual? Escondido no Alasca? A viver em Graceland, mas em segredo?

 

Ainda hoje podemos ver, em séries de televisão e filmes, os típicos imitadores de Elvis em Las Vegas. Mas entre todos os que surgiram ao longo dos anos, talvez o mais curioso tenha sido um tal "Orion", nome artístico de James Hodges Ellis, nascido em 1945 — recorde-se que Elvis nascera em 1935. Este cantor não só tinha uma voz extraordinariamente parecida com a de Elvis, como actuava com uma pequena máscara, alimentando a dúvida: seria mesmo e apenas um imitador?

Muitos fãs acreditavam que Orion era, na verdade, o próprio Elvis, regressado a público sob uma identidade falsa. A escolha da máscara, os tiques vocais, a aparência física e o mistério à volta da sua identidade só ajudavam a alimentar a especulação. Orion viria a falecer em 1998, mas até lá não faltaram aqueles que o consideravam "o verdadeiro" disfarçado.

 

Face a "provas" como estas, ao longo dos anos foi-se enraizando a ideia entre os americanos de que Elvis não tinha morrido. O fenómeno ganhou tanta força que gerou documentários, livros, sites, fóruns e até conferências dedicadas ao tema. Alguns chegaram a afirmar que o próprio FBI o teria ajudado a desaparecer, porque teria colaborado como informador contra o crime organizado. Outros juram tê-lo visto a conduzir um táxi em Nova Iorque ou a viver tranquilamente nas Bahamas.

Os tais imitadores, como Orion, e o culto em torno da sua figura também não ajudaram ao caso — e, sejamos honestos, muitos deles souberam explorar muito bem essa dúvida.

 

Mas, hoje, é raro encontrar alguém que leve a sério a teoria de que Elvis continua vivo. A maioria aceita que morreu em 1977, vítima de problemas cardíacos agravados por anos de abuso de medicamentos. Ainda assim, a ideia de que "Elvis não morreu" permanece viva no imaginário popular. Não apenas como uma crença literal, mas como símbolo: o rei do rock nunca desapareceu verdadeiramente, porque continua presente na cultura, na música e na memória coletiva. E talvez seja essa a força real do mito — a necessidade de manter viva uma figura que marcou uma era, como se a sua morte fosse simplesmente... impossível.

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