A estranha trama de "Gladiador 2"
Faz já quase 22 anos que o filme Gladiador apareceu nos cinemas de todo o mundo. Dado o seu enorme sucesso, a ideia de uma sequela sempre foi demasiado tentadora, mas à presente data ainda não existe um Gladiador 2... mas até podia já ter existido (!), e é disso que aqui falamos hoje - como se faz uma sequela de um filme em que - spoilers, para quem nunca tenha visto o original - o herói morre no final?!
Na imagem acima pode ser visto um cartaz do filme original, seguido por uma versão (falsa, da autoria de Isabel Eeles) de um possível cartaz para Gladiador II. Tem, perto do canto superior esquerdo, um pequeno texto associado, "What we do in life... echoes in eternity", que é como quem diz, na língua de Camões, "o que fazemos na vida tem eco na eternidade", numa breve alusão a uma história outrora proposta para um novo filme, uma continuação do anterior. E qual era mesmo ela, então?
Simplificadamente, a trama de Gladiador 2 - na versão da história que nos chegou, que foi escrita por Nick Cave - contaria o que se passou depois da morte de Maximus Decimus Meridius. O herói, trazido de volta à vida por um misterioso Mordecai, encontra os deuses do Olimpo num templo misterioso. Estes, agora decrépitos, propõem-lhe uma curiosa troca - o assassinato de Hefesto, que de alguma forma que não é muito explícita traiu os outros deuses e começou a acreditar no Cristianismo, em troca da sua vida e do regresso da sua família.
A história deste Gladiador 2 continua, depois, com o herói trazido de volta à vida, a reencontrar o seu filho Marius, que o esqueceu, entre outras figuras do primeiro filme, entre os quais Lucius Verus, outrora um jovem que admirava o combatente da arena, mas agora o antagonista. Entre vários confrontos entre Cristãos e Romanos, chega-se ao final da história, em que o herói - naquela que é provavelmente a sequência mais estranha do guião - se vê nas mais diversas batalhas que foram tomando lugar ao longo da história mundial, desde as Cruzadas até à Guerra do Vietname. O filme termina com Maximus Decimus Meridius, condenado a uma grotesca imortalidade (o porquê não é claro), numa casa de banho do Pentágono, pouco antes de discutir a estratégia a adoptar numa qualquer guerra dos nossos dias.
Se grande parte do filme toma lugar ainda nos tempos da Antiguidade, é a introdução de elementos mitológicos, bem como de um estranhíssimo final, que mais surpreende em toda esta ideia para uma potencial trama de um Gladiador 2. O guião em questão é relativamente fácil de encontrar online - até pode ser lido aqui - mas há que deixar claro, na escrita e leitura destas linhas, que se há novas notícias, relativamente recentes, de que este segundo e novo filme ainda está planeado para o futuro, a trama será agora provavelmente muito diferente da apresentada acima. O que pode até ser bom, ou mau, dependendo do que depois aí vier...