A "Ilíada", de Homero
Há uma razão para eu nunca me ter focado na Ilíada, de Homero, neste espaço, e ela passa pelo facto de ser bastante difícil resumi-la. Não irei, obviamente, aqui empreender essa tarefa, até para não poupar trabalho a muitos estudantes, mas achei que já era tempo de dedicar algumas linhas a esta obra, que uma colega gosta de apelidar "a segunda mais estudada de sempre".
Muitas poderiam ser as formas de definir esta Ilíada de Homero, mas o autor o pôs de uma forma curiosíssima quando, logo nas primeiras linhas do texto, a definiu como uma obra da "cólera de Aquiles". É esse o epicentro de toda a trama, essa emoção do herói, e a forma como as suas subfaces vão influenciando os eventos da própria guerra. Tanto aqui como, parece-me, no resto do conflicto, Aquiles é uma figura bastante ausente em carne mas muito presente em espírito, e é apenas depois de passar pela suma perda que acaba por retornar ao combate. Esse é, para mim, um momento de especial valor, mas existem muitos mais, em toda a obra, que importa descobrir a partir da exploração da própria obra.
Mais do que dar um pequeno resumo da obra (para isso, podem ler aqui dois resumos vindos da Antiguidade), como fiz para tantas outras, parece-me é aqui importante deixar a importância de leitura da obra. Não digo que ela deva ser lida de forma repetida e até à exaustão, mas ela não deixa de ser, em muitos aspectos, uma obra que tem uma infinidade de pontos a descobrir. Posso, entre incontáveis outros e por mero exemplo, mencionar o catálogo dos navios, que se torna bem mais interessante quando posto ao lado de uma boa explicação; a lira que Aquiles toca no livro IX, e que une múltiplos pontos da trama; a dualidade da história contada na embaixada a Aquiles; a figura de Antíloco, que até teria especial importância em episódios que a obra já não cobre; a morte de uma dada personagem enquanto substituta da morte de Aquiles, aqui ausente... quantas outras coisas poderia eu contar? Cabe ao leitor descobrir, neste caso único!