A lenda das Crianças Verdes de Woolpit
A lenda das Crianças Verdes de Woolpit vem de uma pequena aldeia inglesa, no condado de Suffolk, leste de Inglaterra. Diz-se que a sua história tomou lugar em finais do século XII, mas o curioso é que parecem existir provas de que ela poderá ter sido bem real. Mas, como já é costume, já lá iremos, por agora convém introduzir sucintamente toda a lenda.
Conta-se então que numa data agora desconhecida do século XII alguns habitantes da zona de Suffolk andavam a passear nas florestas locais quando aí encontraram duas crianças, as tais que ficariam conhecidas sob o nome de Crianças Verdes de Woolpit. Elas eram completamente iguais às humanas, excepto pelo facto de terem uma pele verde, de terem umas roupas que nunca ninguém tinha visto, e falarem uma língua completamente desconhecida. Mas, apesar de estas diferenças, ainda eram crianças e, por isso, os cidadãos locais decidiram recolhê-las e protegê-las. Se, inicialmente, elas nem comiam nada, às tantas lá se descobriu que gostavam de feijões verdes. Depois, foram crescendo (e perdendo a cor verde), até que uma delas - a do sexo masculino - faleceu por razões desconhecidas. A outra, que se supõe ter sido sua irmã, foi baptizada com o nome de "Agnes", aprendeu a língua inglesa e acabou por revelar que vinha de uma misteriosa "Terra de São Martinho" (seria o santo de Tours? Não é claro...), nos subterrâneos da terra. E, muito inesperadamente, diz-se até que ela casou e teve pelo menos um descendente...
Se este último elemento poderia atestar a veracidade de pelo menos uma parte da história das Crianças Verdes de Woolpit, há também que notar que histórias portuguesas da mesma época contêm elementos semelhantes. Tanto Dona Marinha como as Damas de Pés de Cabra tiveram descendentes, mas é seguro pensar que ninguém as considera como personagens históricas de existência bem real. Será, por isso, que estas crianças vieram do mesmo sítio que essas suas companheiras nacionais, de aquela eterna terra da imaginação humana? Talvez sim, talvez não, mas duas crónicas da época asseguram-nos da sua existência, ao ponto de ainda hoje, quase 800 anos depois, a vila inglesa de Woolpit ainda ter esta história como um dos seus elementos mais emblemáticos...