A lenda de Almofala
No município de Figueira de Castelo Rodrigo existe uma freguesia que tem o nome de Almofala. Hoje, e como informa uma espécie de site oficial, sabe-se que é provável que o seu nome tenha vindo do árabe almohala, i.e. "acampamento", mas em outros tempos as populações locais contavam uma lenda para tentar explicar o nome da sua povoação. E é dela que aqui falamos hoje!
Numa data que o tempo já há muito fez esquecer parece ter ocorrido um homicídio nesta povoação, então com um nome agora desconhecido. Procurou-se o culpado, voltou-se a procurar, mas acabou por ser julgado - e condenado - pelo crime um homem que se dizia inocente. Muito protestou a sua inocência, mas o juíz local declarou-o culpado e condendou-o à morte na forca. Uns dias depois, quando estava a ser levado para cumprir a pena capital, começou a ouvir-se uma estranha voz a afirmar a inocência do homem. Procurou-se o responsável, apenas para todos os presentes se aperceberem que a voz vinha de uma árvore próxima do local - um álamo, choupo ou olmo. Totalmente incrédulo, o carrasco gritou "o Álamo fala!", assim dando nome à povoação e salvando miraculosamente o homem que tinha sido condenado por erro do juíz.
Não conseguimos descobrir o que aconteceu à árvore falante desta lenda de Almofala (terá sido destruída pelos Espanhóis em 1642, como pode fazer subentender o site oficial?), nem se o verdadeiro culpado do tal homicídio alguma vez foi apanhado, mas esta história - que até nos poderá recordar, em parte, uma muito mais famosa, a do Galo de Barcelos - foi muito naturalmente criada para tentar explicar o nome da povoação numa altura em que os habitantes locais já tinham esquecido o seu sentido original. É difícil que tenha algum fundo de verdade, até porque mesmo em relatos miraculosos do nosso país as árvores muito poucas vezes falam aos seres humanos, mas não deixa de ser um relato delicioso de uma história associável a uma pequena povoação nacional.