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Mitologia em Português

08 de Junho, 2023

A lenda de Fortunato

A lenda de Fortunato, relatada nas linhas de hoje, teve a sua origem na Alemanha, aparentemente nos primeiros anos do século XVI. Agora, até pode ser encontrada em alguns livros de contos de fadas do centro da Europa, mas originalmente não era uma história para crianças, como um breve resumo da sua trama permitirá perceber.

A lenda de Fortunato

Fortunato era um homem como qualquer outro. Um dia, enquanto passeava numa qualquer floresta do local em que vivia, encontrou a deusa romana Fortuna (ainda hoje famosa pela sua presença numa expressão que ainda utilizamos), que lhe ofereceu um dom - ele podia escolher sabedoria, força, beleza, saúde sem fim, uma longa vida, ou até as maiores riquezas do mundo. Imprudentemente, ele acabou por escolher esta última, e então a deusa deu-lhe uma pequena bolsa que produzia todas as moedas de ouro que ele pudesse vir a querer. Com esta carteira encantada em sua posse, este homem tornou-se muito rico e foi viajando por tudo quanto é sítio, até que um dia se encontrou no Cairo, onde um sultão local lhe mostrou um chapéu mágico, capaz de transportar o seu portador para qualquer local que ele desejasse. Roubando-o para si mesmo, escapou logo do local e voltou para casa, onde ainda teve mais algumas aventuras, acabando eventualmente por falecer.

 

Claro que este não seria um final lá muito interessante para esta lenda de Fortunato, e por isso as coisas ainda não ficam por aqui. Como podem ter reparado ali na imagem, ele teve dois filhos, com os estranhos nomes de "Ampedo" e "Andolosia". Quando faleceu, deixou a um deles a bolsa e ao outro o chapéu. Incapazes de trabalhar em conjunto, foram sucessivamente levados por diversas dificuldades e acabaram por perder não só tudo aquilo que tinham conquistado, mas também o que poderiam ter vindo a ganhar com ambos os ítens mágicos em sua posse comum. E a deusa Fortuna, essa, num misto de sorriso amarelo e de malícia, acabou até por levar a sua bolsa de volta para o local de onde a trouxe, demonstrando a completa imprudência dos homens na altura da escolha do que querem para as suas próprias vidas.

 

É esta, então, toda a lenda alemã de Fortunato? Nem por isso, mas o problema é que parecem existir diversas versões de todas estas aventuras, em que apenas alguns momentos chave se vão mantendo. Não existe, pelo menos pelo que foi possível apurar, qualquer versão em que toda a história termine bem, em que os dons providenciados pela Fortuna - ou o tal chapéu mágico - tenham trazido completa felicidade a quem os possuiu. E, portanto, talvez mais que tudo, seja essa a lição a reter de toda esta história - que as pessoas, e o uso que fazem daquilo que vão conquistando, são mais importantes do que toda a magia do mundo. Que vos parece...?

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