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Mitologia em Português

11 de Setembro, 2023

A Lenda de Loreley

É difícil falar-se de uma verdadeira lenda de Loreley - ou Lorelei - porque, contrariamente ao que é habitual, neste caso específico sabemos a sua origem. Parte dela foi escrita em 1801, por um tal Clemens Brentano, enquanto que outra parte originou em 1824 por Heinrich Heine. Poderia achar-se, assim, que uma delas, ou ambas, se basearam numa lenda pré-existente, potencialmente oral, mas dado que as duas "versões" são significativamente diferentes, isso parece demonstrar que não existia qualquer lenda na sua origem, mas apenas e somente uma espécie de história muitíssimo geral que ambos os autores utilizaram para os seus próprios propósitos.

A lenda de Loreley

Na história de Clemens Brentano, datada de 1801, esta Loreley era apenas uma mulher que foi traída pelo seu apaixonado e acusada de feitiçaria. Como era comum na época - e já aqui explicámos porque eram essas supostas "bruxas" acusadas - isso deveria levá-la à sua morte, mas o bispo local preferiu apenas condená-la a viver num mosteiro para o resto dos seus dias. Depois, quando se encontrava a ser transportada para esse local, ela passou no local da rocha visível acima e pensou ver, muito à distância, o seu amado a retornar, preparado para a salvar do temível destino. Subiu à rocha para o ver melhor, mas acabou por cair da mesma, tornando-se uma espécie de figura tutelar do local.

 

Agora, na história de Heinrich Heine, esta datada de 1824, Loreley já é uma espécie de sereia local, que, sentada no topo destas rochas, atraía todos os navegadores para a sua destruição. Um dia levou à morte do filho de um nobre local, que se tinha apaixonado por ela, como já tinha acontecido a tantos outros anteriormente. Quando soube o que se tinha passado, esse nobre lá enviou o seu exército para o local, procurando matar o "monstro", mas esta figura simplesmente se afundou nas águas e foi para o seu palácio secreto... e não mais voltou a ser vista, mas os seus gritos continuam a poder ser ouvidos nas noites de lua cheia, como é comum em histórias como estas.

 

Nunca ouvimos a Loreley na primeira pessoa, convém frisar isso. Porém, é bastante claro que, dado o facto de todo este local estar associado a diversos acidentes aquáticos, alguém decidiu começar a contar uma espécie de história que pudesse ajudar a explicá-los. Contudo, a natureza destas duas primeiras histórias é muito diferente, não tem um verdadeiro tronco comum excepto ao nível do nome da personagem principal (que já era o de um rochedo local...), deixando perceber que mais do que existir uma lenda da Loreley em que se inspiraram, existia era um nome e um conjunto de incidentes que necessitavam de explicação, algo que Brentano e Heine tentaram colmatar à sua maneira. E, por isso, mais do que uma lenda, estas são duas breves histórias de um local que, com o passar do tempo e uma fama crescente, se tornaram uma espécie de pseudo-lenda alemã...

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