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Mitologia em Português

19 de Fevereiro, 2025

A lenda de Wu Sing e o Espelho

Esta lenda de Wu Sing e o Espelho parece fazer parte da tradição popular chinesa. Nada nela, nas diversas versões a que lhe tivémos acesso, indica um período de tempo muito específico, até porque no seu cerne é requerido apenas a existência de um menino e de um espelho. Porém, a sua moral tem um certo charme, sendo essa a razão pela qual decidimos que tínhamos de recontar toda esta história por cá. Vamos a isso?

 

Num tempo já esquecido pela memória dos homens, viveu um pai que, por razões que a história não nos conta, teve de se ausentar de casa por algumas semanas. A sua ausência prolongada deixou a mulher e o filho, um rapaz chamado Wu Sing, sozinhos. Contudo, ao regressar, o pai não voltou de mãos vazias. Trazia consigo um objeto raro e extraordinário para aquela sua possivelmente antiga época - um espelho.

Este espelho, cuidadosamente transportado, foi colocado num canto da casa, onde poderia ser admirado mas, ao mesmo tempo, mantido seguro. O pequeno Wu Sing, como qualquer criança curiosa, não tardou a deparar-se com o estranho objeto. O brilho da superfície e a nitidez do reflexo captaram imediatamente a sua atenção. E foi aí que o menino teve a sua primeira surpresa: dentro daquele espelho parecia haver outro como ele!

Encantado com a descoberta, Wu Sing começou a brincar com o "novo amigo". Este outro menino parecia imitá-lo em tudo, um comportamento que, no início, divertiu o pequeno Wu Sing. Se ele levantava um braço, o outro fazia o mesmo; se ele sorria, o menino do espelho sorria também. Contudo, com o passar do tempo, a diversão deu lugar à frustração. Wu Sing começou a sentir-se incomodado pelo facto de o seu "companheiro" não fazer nada de original, limitando-se a repetir todas as suas ações.

Certo dia, cansado e irritado, Wu Sing perdeu a paciência. Num gesto de frustração, cerrou o punho e deu um murro no espelho. O impacto foi forte, mas o espelho não se partiu. Em vez disso, o pequeno Wu Sing apenas conseguiu ferir a sua própria mão. Chorando de dor e confuso com o que acabara de acontecer, correu até ao pai, que o observava com calma.

O pai, com a paciência e sabedoria de quem entende o mundo melhor do que uma criança, explicou-lhe como funcionava o espelho. “Vês, Wu Sing,” disse o pai, “o menino que tu vias era apenas o teu reflexo. Tudo o que fazias, ele fazia também. Mas a verdadeira lição aqui não é sobre o espelho, mas sobre a vida: quando atacas alguém sem motivo, quem mais sofre és tu próprio.”

 

Assim, a lenda de Wu Sing e o Espelho atravessou gerações, não só como uma história simples e encantadora, que se poderia repetir mesmo hoje em nossas casas, mas também como uma lição valiosa. É uma narrativa universal que ensina que, muitas vezes, os nossos actos refletem-se de volta em nós, tal como a superfície de um espelho. E esta moral, apesar de simples, continua a ser tão verdadeira hoje como há muitos anos...

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