A lenda do Boitatá
A lenda do Boitatá ou Baetatá parece ser famosa no folclore brasileiro, juntamente com as de criaturas como o Saci e da Mula-sem-cabeça. Isto, ao ponto, tal como essas outras, também surgir nas mais diversas obras para crianças, de que a Turma da Mónica é um bom exemplo.
O que é, então, esta criatura conhecida como Boitatá, ou Baetatá, entre outros nomes semelhantes? É frequentemente uma serpente de fogo, que parece proteger a floresta de todos aqueles que a pretendam incendiar. Mas, se até parece existir uma certa ironia nessa história - uma serpente de fogo que protege contra incêndios?! Será dificíl que faça o seu trabalho muito bem... - esse problema pode ser explicado tendo em conta as linhas de Câmara Cascudo sobre esta criatura, em que parece admitir que há uma certa controvérsia em relação à origem desta criatura em terras do Brasil, podendo ter vindo de outras culturas ou nascido de um compreensão incorrecta de alguma outra história ou conceito original.
Nesse sentido, se por um lado seria interessante contarmos aqui uma qualquer história associada a uma potencial lenda do Boitatá, o problema é mesmo o facto de, a existirem (e frise-se que não encontrámos muitas...), serem pouco consistentes, não existindo uma lenda principal desta figura, mas sim várias regionais. Isso é notável, por exemplo, no dicionário português da Priberam, em que esta criatura é primeiro definida na forma que mencionámos acima, mas onde também é dito que no sul do Brasil - sem especificar mais informação - a mesma figura tem uma figura diferente, sendo um "touro furioso que deita fogo pelas ventas e queima tudo". Face a esse problema, como também admite Câmara Cascudo, esta criatura é essencialmente uma representação do fogo fátuo, uma forma de tentar explicar esse fenómeno na cultura brasileira. Assim se compreende a presença do fogo em todas as representações desta espécie de monstro, mesmo quando todos os outros elementos variam nesta lenda!