A lenda do Castelo de Faria
A lenda do Castelo de Faria, uma antiga localidade de Portugal hoje no concelho de Barcelos, é relativamente simples, mas mostra-nos, como muitas outras - relembrem-se até casos como o de Monsanto ou da Padeira de Aljubarrota - a antiga paixão dos Portugueses face à defesa do país contra os muitos invasores que se nos aproximaram ao longo dos séculos.
Primeiro, alguma história bem real. No tempo do rei Dom Fernando I, na segunda metade do século XIV, Castela tentou invadir Portugal. Foram conquistando terreno pelo norte do país, até que se depararam com o (pequeno) castelo de Faria, que já então tinha esse nome. Contudo, se até aqui os eventos parecem ser completamente factuais, o que se passou nessa altura já é composto por um misto de lenda e história, sendo difícil saber-se os limites reais de cada um desses dois polos.
Diz o povo que nessa altura Nuno Gonçalves de Faria, alcaide do castelo local, pegou no seu pequeno exército e tentou parar a invasão castelhana. Falhou a missão a que se propunha, sendo até nessa altura capturado pelos invasores. E então, de uma forma que só poderá ter sido muito inesperada, pediu aos seus captores que o levassem até às portas do castelo de que era alcaide, dizendo-lhes que pretendia aconselhar a rendição do local. Mas depois, escudado por esse subterfúgio, pediu foi ao seu próprio filho, Gonçalo Nunes de Faria, que jamais rendesse o local, devendo defendê-lo até à última gota do seu sangue - por essa imprudência foi logo morto no local, mas inspirado pela coragem deste seu pai, o filho defendeu o castelo com todas as suas forças, e este até jamais foi conquistado pelos invasores.
Hoje já quase nada resta do castelo de Faria medieval, aquele de que nos fala toda esta lenda e que pode ser visto na imagem ali em cima, mas os actos destes dois homens, pai e filho, ainda perduram na imaginação popular, ao ponto de ter sido colocada no local, em 1959, uma pequena placa a homenagear as acções honradas do alcaide, que muito contribuíram para a defesa nacional.