A lenda do Castelo do Ovo (em Nápoles)
Esta lenda do Castelo do Ovo, em Nápoles (Itália), não surge aqui por puro acaso, mas fruto de uma pequena conversa tida há alguns dias. A equipa de futebol local ganhou o campeonato italiano, levando a que nos perguntassem se conhecíamos algumas lendas locais. Naturalmente que sim, mas a questão suscitou igualmente uma outra - que famosas lendas de outros tempos ainda conheciam, agora, os habitantes desta cidade italiana?
Por exemplo, um suposto túmulo de Virgílio, o autor da Eneida, ainda hoje pode ser encontrado neste local, e em outros tempos abundavam na mesma cidade as lendas que o associavam aos poderes mágicos (os tais que poderão ter contribuído para ele ser o guia na Divina Comédia), mas será que alguém ainda as conhecia? Na dúvida, inquirimos sobre o tema entre diversos habitantes locais... e curiosamente, deparámo-nos com o facto de todos eles ainda parecerem conhecer a lenda local do Castelo do Ovo, levando-nos agora a escrever sobre ela, nas linhas seguintes:
Esta é uma lenda muito simples. Ela diz que em dada altura da sua vida Virgílio viveu na cidade de Nápoles, na qual colocou diversos amuletos protectores, e um deles foi um ovo mágico que, segundo toda esta história, foi colocado debaixo do castelo local e protegia-o de todos os ataques e catástrofes naturais. Isto funcionou durante muito tempo, mas em meados do século XIV o castelo foi muito danificado, levando Joana I de Nápoles, segundo a história local (confesse-se, não fomos confirmar se é verdade, de um ponto de vista histórico), a ter de proclamar que um novo ovo foi colocado no mesmo local, seguindo aquele feitiço que outrora Virgílio também tinha aqui utilizado... e então, esta pequena lenda mantém-se até aos dias de hoje, dizendo-se que se o famoso ovo fosse retirado do local este Castelo do Ovo, bem como toda a cidade de Nápoles, caíria automaticamente na maior das desgraças.
Mas, se esta lenda do Castelo do Ovo de Nápoles ainda hoje é famosa, já muitas outras da mesma cidade se foram perdendo ao longo dos séculos. Todas elas funcionam mais ou menos de forma semelhante - Virgílio tinha colocado um amuleto na forma de "X", "Y" aconteceu, e depois cada uma dessas importantes protecções foram retiradas do local. Desde uma mosca de bronze, "do tamanho de um sapo", que fazia com que as moscas não aparecessem na cidade; até umas letras misteriosas nas termas locais, tornando-as capazes de curar todas as pessoas que aí se banhassem; muitas outras lendas associavam a cidade do seu túmulo ao poeta latino, mas essas já parecem estar quase todas elas esquecidas nos dias de hoje... e, portanto, fica aqui aquela ainda bem relembrada, bem como ténues referências às restantes (a que poderemos voltar outro dia, se alguém mais assim o desejar).