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Mitologia em Português

13 de Dezembro, 2021

A lenda do Negrinho do Pastoreio

A lenda do Negrinho do Pastoreio é uma que parece ser muito famosa em terras do Brasil mas que em Portugal poucos conhecem. Como tal, achámos que poderíamos cá contar esta história de uma forma muito resumida.

A lenda do Negrinho do Pastoreio

Diz-se então que em outros tempos viveu no Brasil um homem que tinha muitos escravos e os tratava a todos muito mal. Batia-lhes com um chicote quase diariamente, à mais pequena provocação, sem qualquer dó nem piedade. Depois, um dia, mandou um dos seus escravos - que ainda tinha pouca idade, e que nos ficou conhecido apenas como "Negrinho do Pastoreio" - cuidar de alguns cavalos, entre eles um pelo qual o dono até tinha enorme estima. O menino tentou fazer essa tarefa o melhor que pôde, mas seja por fruto da sua tenra idade, ou porque adormeceu, acabou por perder um dos equídeos que guardava, e que alguns até dizem ter sido o favorito do patrão... e então, zangadíssimo, o seu "dono" - uma expressão que, hoje, nos parecerá abominável, mas que na altura era bem real - deu tantas, mas tantas, chicotadas ao menino que o deixou às portas da morte, antes de se afastar.

Esta lenda do Negrinho do Pastoreio não teria muito interesse se ficasse por aqui, não é?! No dia seguinte, quando este patrão se aproximou do local em que viu este menino pela última vez, encontrou-o sem uma única ferida, tão jovem como sempre, e até com um sorriso nos lábios. E, ainda menos expectável, viu junto a ele a Virgem Maria e o cavalo preferido, aquele que se tinha perdido. Milagre, milagre (!), um grande milagre que até levou a que este homem se arrependesse dos muitos males que tinha feito no passado!

 

Mas ainda não é tudo por hoje... em virtude de toda esta lenda, e em particular do facto de ter encontrado o cavalo perdido por milagre, o Negrinho do Pastoreio parece ter-se tornado, para alguns, uma espécie de santo popular, ligado à função de encontrar objectos perdidos, como na nossa oração portuguesa de Santo António. Existem até várias orações ligadas a ele e a essa função - que não reproduzimos aqui por se encontrarem em infindáveis versões diferentes, sendo difícil compreender qual é a original e quais são meras invenções dos nossos dias - mas um dos aspectos mais curiosos é mesmo o facto de, segundo algumas fontes que consultámos, esta figura só ajudar quem tem pele escura - será este um estranhíssimo racismo místico, ou será que o menino nunca aprendeu a perdoar, julgando todos os Brancos pelas acções do cruel patrão que um dia teve...?

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