A lenda do Tanuki (e Bunbuku Chagama)
São, essencialmente, três as maiores figuras do folclore japonês. Já falámos do Kappa e da Kyubi no Kitsune, pelo que resta o Tanuki, que não é nada menos interessante que as anteriores. Pode, no entanto, é causar alguma estranheza numa audiência ocidental. Veja-se um exemplo:
À medida que este anúncio se aproxima do fim pode ser visto uma criatura com uns tomatinhos enormes, que até suscita um "Uau!" por parte da menina. Possivelmente, essa é a característica física mais notável do Tanuki, com uma das lendas que encontrámos a dizer que ele tem a capacidade de fazer crescer os seus tomatinhos até um total de doze (12) metros quadrados, e este seu estranho encanto a ser imortalizado em canções infantis do Japão:
Tan tan Tanuki no kintama wa
Kaze no nainoni, bura bura~~.
Porém, não é só isso que o caracteriza - também tem poderes mágicos, sendo capaz de se transformar e adoptar as mais diversas formas só para enganar as pessoas e causar repetidas confusões.
Agora, não existe uma só lenda do Tanuki, mas sim um conjunto muito variado de histórias em que ele intervém directamente. Contudo, neste caso em particular, existe é uma lenda específica que é a mais famosa de todas as que envolvem este estranho animal, a de Bunbuku Chagama. De facto, ainda hoje quem for ao templo de Morinji, na cidade japonesa de Tatebayashi, poderá encontrar lá algo muito especial:
Quem olhar para esta imagem com atenção poderá ver que, do lado esquerdo, a chaleira tem um rabo e uma pequena cara. Diz então a lenda que um Tanuki se transformou numa chaleira e viveu neste templo durante algum tempo, até que alguém a tentou meter ao lume - como se faria com qualquer outra chaleira, não é? - e queimou o pobre animal, irritando-o bastante. Pouco depois, mas não antes de muitas confusões, os monges lá decidiram vender a estranha chaleira, e este Bunbuku Chagama foi viver para um circo, onde as suas brincadeiras foram muito apreciadas pelos muitos visitantes!
Esta pequena lenda de um Tanuki, que ficou conhecido como Bunbuku Chagama, em função da principal forma que aqui adoptou, apresenta-nos um conjunto de características da mesma criatura - o facto de adoptar outras formas, de ser brincalhão, mas - talvez até mais que tudo? - de querer que lhe dêem bastante atenção. Não é, aqui como em muitos outros possíveis exemplos, uma criatura maldosa, mas sim uma que gosta de se divertir às custas dos seres humanos que se vão cruzando com ele, algo que continua a fazer até aos nossos dias.